“Quanto mais diferente de mim alguém é, mais real me parece, porque menos depende da minha subjetividade.”
Fernando Pessoa
Marina da Silveira Rodrigues Almeida[1]
1. INTRODUÇÃO
Neste artigo iremos trazer reflexões sobre a integração da perspectiva de interseccionalidade, gênero, sexualidade e identidade, e como se tornou parte integrante das pautas de direitos humanos, ascensão e reconhecimento social.
A integração da perspectiva de gênero procura abordar as questões e necessidades de todos os gêneros, tanto a nível da organizacional social como das políticas públicas, que irão impactar as pessoas de forma diferente; a partir das normas sociais e culturais que impedem as pessoas de aceder e beneficiar-se de oportunidades de forma igualitária.
Sabemos que as barreiras da integração da perspectiva de gênero e interseccionalidade decorrem da disparidade global de gênero, ao patriarcado, ao neoliberalismo hegemônico, ao capitalismo perverso, a nacropolítica, ao racismo estrutural, ao marginalismo estrutural do feminismo, ao pós colonialismo, que por consequência impedem as condições de cidadania aos grupos vulneráveis que tenham acesso aos recursos socioeconômicos e aos direitos humanos (Assis, 2017).
A interseccionalidade fornece um quadro crítico para iniciativas de diversidade e inclusão, iluminando as necessidades únicas dos grupos mais marginalizados.
Uma perspectiva interseccional reconhece que fatores como raça, gênero e sexualidade não existem separadamente uns dos outros, mas interconectam-se em conjunto para moldar experiências de privilégio e opressão (Assis, 2017).
2. CONCEITO DE INTERSECCIONALIDADE
O conceito de interseccionalidade foi sistematizado pela feminista norte americana Kimberlé Crenshaw (1989), e inaugurado por ela em artigo publicado em 1989, “Desmarginalizando a intersecção de raça e sexo: uma crítica feminista negra da doutrina antidiscriminação, teoria feminista e políticas antirracistas”.
Em 1991, a autora reaplicou o conceito no texto “Mapeando as margens: interseccionalidade, políticas de identidade e violência contra mulheres de negra”, ao discutir e descrever sobre a localização interseccional das mulheres negras e sua marginalização estrutural. A autora propõe seu uso como uma metodologia a ser utilizada para enfrentar as causas e efeitos da violência contra a mulher nas comunidades negras. Este conceito nasce nas ciências jurídicas, área de formação de Crenshaw (1998) e ao analisar as origens da sistematização do conceito, descreve o seguinte:
(..) “desde então, o termo demarca o paradigma teórico e metodológico da tradição feminista negra, promovendo intervenções políticas e letramentos jurídicos sobre quais condições estruturais o racismo, o sexismo e violências correlatas se sobrepõem, discriminam e criam encargos singulares às mulheres negras”. (Crenshaw, 1998, p. 54)
De maneira assertiva, Crenshaw (2002) define a metodologia interseccional da seguinte maneira:
“A interseccionalidade é uma conceituação do problema que busca capturar as consequências estruturais e dinâmicas da interação entre dois ou mais eixos da subordinação. Ela trata especificamente da forma pela qual o racismo, o patriarcalismo, a opressão de classe e outros sistemas discriminatórios criam desigualdades básicas que estruturam as posições relativas de mulheres, raças, etnias, classes e outras. Além disso, a interseccionalidade trata da forma como ações e políticas específicas geram opressões que fluem ao longo de tais eixos, constituindo aspectos dinâmicos ou ativos do desempoderamento”. (Crenshaw, 2002, p.177)
A interseccionalidade tem como objetivo dar instrumentalidade teórico-metodológica à inseparabilidade estrutural do racismo, do capitalismo e do cisheteropatriarcado. Para Kimberlé Crenshaw (2002), “a interseccionalidade permite-nos enxergar a colisão das estruturas, a interação simultânea das avenidas identitárias, além do fracasso do feminismo em contemplar mulheres negras, já que reproduz o racismo”.
A interseccionalidade refere-se à natureza interconectada das categorizações e identidades sociais, como raça, classe e gênero. Este quadro propõe que estas identidades não existem de forma independente, mas são moldadas umas pelas outras para criar sistemas interdependentes e experiências de privilégio e opressão. Por exemplo, uma mulher negra com baixos rendimentos vivencia a opressão de forma diferente de uma mulher branca de classe média ou mesmo de um homem negro de baixos rendimentos. A sua posição específica na intersecção dos preconceitos raciais, de gênero e de classe sujeita-a a uma forma distinta de marginalização. O pensamento interseccional tenta capturar esta complexidade evitando binárismos simplistas como “questões femininas versus questões raciais”.
Para construir o conceito de interseccionalidade, Crenshaw (2002) mostra os perigos da invisibilidade interseccional, em situações que a perspectiva de gênero não permite olhar para outros marcadores sociais da desigualdade em que as mulheres se situam, e a leitura da raça somente também não visibiliza outras discriminações. Para isso, a autora utiliza dois conceitos: superinclusão e subinclusão, que pretendem dar conta dessas invisibilidades. Nesse sentido, a autora aponta que, frequentemente, as discriminações sofridas pelas mulheres eram vistas como um problema geral do grande grupo de “mulheres”, ou seja, um problema de gênero. Esse quadro a autora denomina como o “problema da superinclusão”, no qual o marcador de gênero é visto como o único possível para interpretar a condição das mulheres na sociedade. Contudo, a realidade objetiva das mulheres negras demonstra que apenas gênero é insuficiente para oferecer respostas a essas questões.
Correlato ao problema da superinclusão, a autora aponta que, por vezes, se configura um processo de subinclusão, que ocorre quando as questões de algumas mulheres não são vistas como problemas de gênero por não serem problemáticas relativas as mulheres do grupo hegemônico (Crenshaw, 2002). Partindo desse panorama, o que ela propõe, nesse caso, é uma metodologia de análise que leve em conta as interações entre os marcadores de gênero e raça, usando os resultados dessa interação para diagnosticar os fatos dela recorrentes, bem como pensar soluções a partir desse princípio. Segundo a autora:
“Meu objetivo é apresentar uma estrutura provisória que nos permita identificar a discriminação racial e a discriminação de gênero, de modo a compreender melhor como essas discriminações operam juntas, limitando as chances de sucesso das mulheres negras. O segundo objetivo é enfatizar a necessidade de empreendermos esforços abrangentes para eliminar essas barreiras”. (Crenshaw, 2002, p.103)
Nas abordagens subinclusivas da discriminação, a diferença torna invisível um conjunto de problemas; enquanto, em abordagens superinclusivas, a própria diferença é invisível (Crenshaw, 2002, p.176), a interseccionalidade é uma das inúmeras possibilidades de análise que levam em conta as interações entre os marcadores sociais. Isso nos leva a ao menos duas questões significativas: as abordagens fundamentadas em metodologias interseccionais não são homogêneas.
Uma das proposições sobre o assunto, que é aquela desenvolvida por Henning (2015). O estudioso apresenta uma observação proposta por outras pesquisadoras e trabalha com duas vertentes possíveis sobre a interseccionalidade. A primeira, chamada de sistêmica ou estrutural, se adequaria ao pensamento de Crenshaw (2002) e Collins (2018). Nessa perspectiva, as estruturas sociais são parte fundamental da produção de diferenças e, portanto, merecem atenção primordial na análise. Por outro lado, temos a abordagem construtivista, na qual as relações de poder fornecem aos indivíduos agência, o que nem sempre os coloca em lugares de opressão. Nessa vertente, há um enfraquecimento da lente aditiva sobre os marcadores das diferenças.
Uma crítica comum à interseccionalidade é que ela promove o essencialismo ao assumir que todas as pessoas dentro de um determinado grupo partilham as mesmas experiências e identidades. No entanto, a interseccionalidade reconhece a diversidade dentro dos grupos e reconhece que não existem experiências de duas pessoas exatamente iguais, mesmo que partilhem certas identidades. A interseccionalidade argumenta contra uma visão determinista da identidade e, em vez disso, reconhece a complexa interação entre diferentes aspectos da identidade e das experiências vividas. Em vez de reforçar o essencialismo, a interseccionalidade fornece um quadro para a compreensão de diferenças sutis em termos de privilégio e opressão, tanto dentro como entre grupos de identidade.
Destacamos os problemas de falar sobre categorias amplas como “mulheres” ou “pessoas negras” como se fossem grupos homogêneos. A interseccionalidade defende que, para abordar verdadeiramente as desigualdades, devemos considerar as diferenças intragrupo e as marginalizações complexas.
Hoje no Brasil é inegável que o uso do termo interseccionalidade ganhou popularidade nas discussões sobre gênero e raça e aponta para um alargamento de produções teóricas a respeito desse conceito nos próximos tempos. É possível também perceber que, numa avaliação empírica, nos diálogos no meio acadêmico raramente escutamos falar de uma pesquisa, sobretudo no campo de gênero, raça e sexualidade que não se auto de na como interseccional.
Soma-se a isso as análises possíveis dos discursos em redes sociais e/ou falas advindas dos movimentos sociais nas quais o conceito não apareça. Pensando no ambiente escolar, sem dúvida, a metodologia interseccional, se bem aplicada, pode ser útil tanto em identificar debilidades estruturais do campo educacional, bem como instrumentalizar possíveis ações para diminuição das desigualdades e respeito às diferenças.
Considerando, que vivemos em uma sociedade autointitulada democrática, todos/as temos garantido constitucionalmente o direito à liberdade de expressão, resguardado o respeito às escolhas individuais. Para entendermos tudo isso, o primeiro passo é pensar que tudo tem a ver com a construção dos discursos sociais. Uma mesma temática pode ser desenvolvida por indivíduos diferentes de acordo com a posição social em que eles se encontram.
Em Haraway (1995), o autor ao pensar o saber localizado como privilegiado por proporcionar a construção de novas epistemologias, e construir outras histórias a partir da localização do sujeito. Ou seja, o lugar de fala não deve ser um m em si mesmo e sim um meio pelo qual é possível construir pontes de diálogos com os/as outros/as.
Muito tem se discutido sobre como o uso acrítico do lugar de fala pode servir como armadilha para pensar estratégias de luta contra a opressão. Isso porque um dos maiores ganhos de se pensar a partir de lugares localizados é entender quais são os pontos em comum, partindo das diferenças que nos unem para a luta conjunta; no caso de utilizarmos os lugares de fala para o silenciamento do outro não criamos espaços dialógicos.
Em essência, a interseccionalidade afirma que múltiplas identidades se cruzam para criar modos únicos de discriminação. As soluções para a desigualdade social devem, portanto, abordar a intersecção e a interação de categorias como raça, gênero, sexualidade e classe, a fim de satisfazer as necessidades daqueles com identidades multiplamente marginalizadas.
3. BREVE HISTÓRIA DA INTERSECCIONALIDADE
O conceito de interseccionalidade originou-se nas décadas de 1970 e 1980 através do trabalho de feministas negras proeminentes como Kimberlé Crenshaw (2002), que notaram que o feminismo da época se concentrava em grande parte nas perspectivas das mulheres brancas de classe média. Isso excluiu as experiências de mulheres negras que enfrentaram múltiplas formas de opressão que se cruzam. Crenshaw (2002) introduziu o termo “interseccionalidade” num artigo de 1989 para descrever como as mulheres negras são marginalizadas tanto pela sua raça como pelo seu gênero.
Nas décadas seguintes, a interseccionalidade tornou-se um quadro mais amplo para a compreensão de como as pessoas com múltiplas identidades marginalizadas sofrem uma discriminação agravada. A interseccionalidade examina as intersecções entre raça, classe, identidade de gênero, orientação sexual, capacidade, origem nacional e outros marcadores de identidade para revelar as profundas complexidades do preconceito.
Destacamos também a produção da filósofa estadunidense negra Angela Davis, um dos nomes mais evocados no Brasil, autora de “Mulheres, raça e classe” (1981/2016) e demais títulos recém-lançados em português em torno da mesma temática.
Sabemos que no Brasil a violência é velada, negada e escamoteada, citamos alguns exemplos, criminalização e encarceramentos das pessoas negras, a violência contra a mulher, a morte de pessoas LGBTQIAP+, das pessoas negras e da população indígena, a indiferença as pessoas com deficiência (as pessoas autistas nem fazem parte de um censo demográfico – não sabemos quantas pessoas autistas tem no país), e recentemente foi criada a lei de criminalização do usuário por posse ou porte de drogas independentemente da quantidade.
Sendo assim, a interseccionalidade pode ser definida como uma teoria transdisciplinar que busca considerar a complexidade das identidades e das desigualdades sociais através de um enfoque integrado. Porém, apenas tratar as categorias por suas analogias não resolve a problemática, mas também fazer recair o foco nos múltiplos entrelaçamentos e combinações entre as diferentes categorias. Opera-se, assim, um deslizamento das categorias tomadas em si para as relações sociais ou mesmo para os entrelaçamentos entre as ditas categorias.
O objetivo em questão é problematizar a hierarquização dos grandes eixos da diferenciação social, quais sejam, as categorias de gênero, classe, raça, etnicidade, orientação sexual, idade.
A interseccionalidade remete, assim, a uma proposta de não hierarquização das formas de opressão, dentre as quais raça, gênero e classe social.
3.1. INTERSECCIONALIDADE E OS GRUPOS MARGINALIZADOS
A interseccionalidade fornece um quadro crítico para iniciativas de diversidade e inclusão, iluminando as necessidades únicas dos grupos mais marginalizados. Uma perspectiva interseccional reconhece que fatores como raça, gênero e sexualidade não existem separadamente uns dos outros, mas trabalham em conjunto para moldar experiências de privilégio e opressão. Por exemplo, as mulheres negras enfrentam barreiras distintas no local de trabalho que as mulheres brancas podem não enfrentar, como o sexismo racial. Da mesma forma, um homem negro gay enfrenta a discriminação de forma diferente de uma mulher lésbica branca. Ao considerar as intersecções entre estas identidades, podemos criar soluções mais direcionadas.
Os quadros interseccionais também transformaram os movimentos de justiça social e o ativismo. Eles destacaram as interconexões entre diferentes formas de opressão que os movimentos historicamente trataram como não relacionadas. Por exemplo, a interseccionalidade revelou ligações entre as lutas pela justiça racial, a equidade LGBTQQIAP+, os direitos laborais e a igualdade de gênero. Isto permitiu a construção de coligações e solidariedade entre diversos grupos marginalizados.
A interseccionalidade tem sido fundamental para tornar o ativismo e a mudança social mais inclusivos em geral.
Uma abordagem interseccional também evita o essencialismo nos esforços de diversidade. Isso nos leva a olhar além de categorias amplas como “mulheres” ou “pessoas negras, indígenas, trans” para atender às necessidades diferenciadas daqueles que enfrentam múltiplos preconceitos que se cruzam. Também é relevante considerar que todos possuem sua alteridade como pessoa humana, possuem voz, história situacional e estão inseridos num contexto sócio-histórico de opressão e marginalização social.
3.2. INTERSECCIONALIDADE E A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL (IA)
Embora a IA ofereça inúmeros benefícios, seu uso implica em graves inquietações acerca dos direitos humanos. Uma das principais apreensões decorrentes desse uso é o potencial dos sistemas de IA para perpetuar vieses e discriminações existentes, já que eles se baseiam em dados históricos que podem conter tendências inerentes. Isso pode levar a resultados discriminatórios nas esferas da contratação, da justiça criminal e do acesso a serviços essenciais. Além disso, há preocupações sobre a erosão dos direitos de privacidade, já que as tecnologias de IA podem coletar e analisar grandes quantidades de dados pessoais sem o consentimento ou consciência dos indivíduos. Com o advindo da IA, a privacidade e ética são as principais preocupações globais.
A capacidade da IA de coletar, analisar e armazenar grandes quantidades de dados gera preocupações sobre privacidade e vigilância social. Há suspeitas e receios de que governos e empresas usem IA para vigilância em massa, infringindo os direitos de privacidade das pessoas. Isso é especialmente problemático à medida que as tecnologias de IA avançam e podem identificar indivíduos por meio de reconhecimento facial e rastreamento de suas atividades online (Rodrigues, 2023).
A falta de transparência e responsabilidade nos algoritmos de IA aumenta as inquietações, pois os indivíduos podem desconhecer que seus dados estão sendo coletados e usados para vários fins (Rodrigues, 2023). Por exemplo, sistemas de vigilância alimentados por IA, como a tecnologia de reconhecimento facial, têm o potencial de rastrear e monitorar indivíduos sem seu consentimento ou conhecimento e criarem esteriotipos em relação a raça ou outra condição social. Por exemplo, árabes, mulçumanos, hispânicos e negros podem ser considerados equivocadamente como “suspeitos” ao serem detectados por controle facial em aeroportos ou em situações de imigração.
Como os movimentos e atividades das pessoas são constantemente monitorados e armazenados em bancos de dados, isso pode corroer significativamente os direitos de privacidade. Tais sistemas podem amplificar os preconceitos e a discriminação existentes, visando desproporcionalmente a dados demográficos específicos, identificando e traçando o perfil de comunidades marginalizadas.
A intersecção da geopolítica e dos direitos humanos tornar-se-á uma consideração cada vez mais importante à medida que a Inteligência Artificial (IA) continuar a avançar (ONU, 2023). Podemos aproveitar os benefícios da inteligência artificial enquanto mitigamos seus riscos, se reconhecermos e abordarmos suas interseções. Isso nos permitirá garantir que a IA atenda aos interesses da humanidade e contribua para um mundo melhor, mais equitativo e mais pacífico. Pois, por meio da promoção da colaboração e do diálogo internacional, governos, organizações e várias partes interessadas podem trabalhar juntos para estabelecerem diretrizes e regulamentos que incentivem e assegurem o uso ético e responsável da Inteligência Artificial, de maneira a respeitar os direitos humanos e evitar ou minimizar danos e prejuízos em larga escala.
3.3. INTERSECCIONALIDADE E A IGUALDADE DE GÊNERO
A interseccionalidade moldou profundamente os esforços globais de igualdade de gênero e de empoderamento das mulheres. Os ativistas e os políticos abordaram inicialmente a desigualdade de gênero como uma questão de eixo único que afeta todas as mulheres da mesma forma. A interseccionalidade revelou esta abordagem como incompleta, ao mostrar como fatores como raça, classe e orientação sexual se cruzam com o gênero para criar diversas manifestações de opressão patriarcal.
Uma perspectiva interseccional de gênero ajudou a reformar os movimentos e políticas feministas para serem mais inclusivos. Chamou a atenção para as necessidades das mulheres que enfrentam múltiplos preconceitos que se cruzam, desde mulheres indígenas até mulheres negras com deficiência.
A interseccionalidade tem sido crucial para criar uma igualdade de gênero mais equitativa e justa em todo o mundo, contudo há de se tomar cuidado com os reducionismos implícitos e explícitos que podem ocorrer.
3.4. INTERSECCIONALIDADE E O TRABALHO
Nas organizações trabalhistas, a interseccionalidade permite compreender como os funcionários com múltiplas identidades marginalizadas vivenciam o local de trabalho. Fatores como gênero, raça, classe e sexualidade não operam de forma independente. Por exemplo, as mulheres negras enfrentam barreiras distintas combinadas com o racismo e o sexismo.
Uma perspectiva interseccional ilumina dinâmicas organizacionais complexas. Revela variados modos de privilégio e desvantagem moldados pela intersecção de sistemas de poder e opressão. Isto permite adaptar iniciativas de inclusão para atender às necessidades específicas de todos os dados demográficos dos funcionários.
A interseccionalidade fornece uma estrutura poderosa para cultivar a diversidade, a equidade, a inclusão e o pertencimento dentro das organizações. Isso leva as organizações a olharem além dos binários e categorias simplistas para abordarem fontes interligadas de desigualdade.
A aplicação prática da interseccionalidade envolve ouvir ativamente os funcionários com identidades marginalizadas que se cruzam e elaborar iniciativas para desmantelar os preconceitos que eles enfrentam de forma única. Isto resulta em soluções mais diferenciadas e personalizadas para a construção de locais de trabalho verdadeiramente inclusivos.
No geral, a interseccionalidade permite que as organizações criem ambientes onde todos os funcionários, em toda a sua complexidade, se sintam valorizados, respeitados e capazes de prosperar.
Adotar uma abordagem interseccional à diversidade e inclusão resulta em funcionários mais engajados e com melhor desempenho. A interseccionalidade reconhece que os indivíduos têm identidades múltiplas e sobrepostas que moldam as suas experiências e perspectivas. Um programa de diversidade interseccional compreende como gênero, raça, idade, situação de deficiência e outros aspectos da identidade se cruzam para impactar as necessidades de alguém. Com essa compreensão diferenciada, as organizações podem apoiar melhor cada funcionário e fazer com que se sintam valorizados. Estudos mostram que quando os funcionários sentem que a sua organização está comprometida com a diversidade e a inclusão desta forma multifacetada, reportam maior satisfação, envolvimento e desempenho no trabalho. Por exemplo, opções de trabalho flexíveis, híbridos, home office, reconhecem como ser um pai ou mãe que trabalha se cruza com outras identidades. A formação anti-assédio que abrange gênero, raça e orientação sexual demonstra uma compreensão de como o assédio afeta as pessoas de forma diferente, dependendo das suas identidades.
Os serviços desenvolvidos pelas equipes considerando a deficiência e a idade são mais acessíveis aos diferentes públicos. As campanhas criadas por grupos conscientes das nuances culturais repercutem melhor nos grupos demográficos. A interseccionalidade traz perspectivas mais diversas para a inovação.
Empresas que apostam na interseccionalidade e políticas inclusivas como os Grupos de Recursos de Funcionários da Microsoft, as iniciativas de diversidade adotam uma abordagem interseccional. A Rede de Ancestrais Negros e Africanos explora as necessidades cruzadas desta comunidade em termos de gênero, orientação sexual, nacionalidade, estatuto de capacidade etc. Neste programa de contratação incluem pessoas neurodiversas, como por exemplo, pessoas autistas, disponibilizando os devidos suportes necessários para sua funcionalidade.
A Nike, tem uma política interseccional de não discriminação, proíbe expressamente o preconceito baseado na intersecção de identidades. Seus programas de benefícios atendem às necessidades intersetoriais em torno da paternidade, habilidade e saúde. A Nike faz parceria com organizações que atendem comunidades que enfrentam marginalização múltipla.
O Bank of América, treina líderes para mitigar preconceitos em interseções de identidade. O Programa de Liderança de Próximo Nível para Mulheres capacita círculos intersetoriais de coaching entre pares. A empresa coleta dados demográficos intersetoriais da força de trabalho para orientar a estratégia.
Reconhecer a interseccionalidade aumenta o atrito criativo – moldam novos insights. Estudos mostram consistentemente que equipes diversas que valorizam essas diferenças superam as homogêneas em métricas de inovação. Por exemplo, produtos desenvolvidos por equipes racialmente diversas têm maior probabilidade de atender às necessidades de usuários não-brancos.
3.5. INTERSECCIONALIDADE E O ESPORTE
A Copa do Mundo é o maior e mais conhecido evento de futebol atualmente; a cada edição, centenas de pessoas acompanham o torneio, para apoiar a sua nação em busca da tão sonhada taça. Apesar da importância que a Copa tradicional possui, existem outros torneios futebolísticos pelo mundo, e muitos deles buscam promover transformações sociais por meio do esporte através da interseccionalidade, como é o caso do Homeless Word Cup (Copa do Mundo dos Sem-teto).
O evento anual reúne diversas nações e os times são formados inteiramente por pessoas em situação de vulnerabilidade social, aí está o diferencial desta competição.
A Homeless World Cup Foundation está empenhada em reconhecer os direitos humanos descritos na Carta Internacional dos Direitos Humanos, bem como nos objetivos do acordo de Paris sobre Alterações Climáticas e, especificamente, no esboço da Ação Climática Global das Nações Unidas. É uma instituição de caridade registrada na Escócia. Como língua internacional, o futebol tem o poder de mudar vidas. A instituição utiliza como uma ferramenta para envolver pessoas sem-abrigo e socialmente excluídas para participarem em programas de desenvolvimento de base local, todos ligados à rede internacional mais ampla da HWCF e ao movimento global de apoio mútuo oferecendo suporte às pessoas sem-teto.
No recente filme “Jogo Bonito” (The Beautiful Game, 2024), lançado na Netflix² em 29 de março, conta a história inspirada da Copa do Mundo dos Sem-Teto, um torneio internacional de futebol para pessoas sem-abrigo.
Uma breve sinopse do filme “Jogo Bonito” (The Beautiful Game, 2024). Na trama, Mal (Bill Nighy) comanda o time de futebol de pessoas em situação de rua na Inglaterra, e leva seus jogadores para Roma com a esperança de que eles conquistem o título de campeões da Copa do Mundo dos Sem-Teto.
Na última hora, ele decide levar o talentoso atacante Vinny (Micheal Ward), que representa uma chance real de vitória para o time, desde que consiga enfrentar os fantasmas do próprio passado e entrar de cabeça nesse desafio.
Estima-se que 100 milhões de pessoas estejam desabrigadas em todo o mundo. Cerca de mil milhões de pessoas não têm habitação adequada. As características e causas dos sem-abrigo em todo o mundo são complexas e variadas. As pessoas sem-abrigo enfrentam exclusão social e estigmatização, dificuldades econômicas, pobreza, problemas de saúde física e mental.
A Copa do Mundo dos Sem-Teto existe para ajudar a acabar com esta crise em todas as suas formas. Todos merecem um lar – é um direito humano fundamental (Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas, 1948).
3.6. INTERSECCIONALIDADE E O PODER
Uma crítica comum é que a interseccionalidade enfatiza excessivamente as identidades desfavorecidas e não leva em conta adequadamente as diferenças de privilégio e poder.
No entanto, um princípio central da interseccionalidade é examinar a complexa dinâmica de poder criada pela intersecção de múltiplas identidades e desigualdades estruturais.
A interseccionalidade não ignora questões de poder e privilégio – na verdade, traz nuances a estas conversas, demonstrando como o poder não é estático ou unidimensional. Um indivíduo pode experimentar opressão relacionada com um aspecto da sua identidade, ao mesmo tempo que retém privilégios associados a outro aspecto.
A interseccionalidade fornece um meio de analisar privilégio, opressão e poder em dimensões que se cruzam.
3.7. INTERSECCIONALIDADE E A EDUCAÇÃO
O ambiente escolar se constitui como um ethos³ no qual as mais diversas formas de ser se encontram.
A convivência entre estudantes, professores/as, pedagogos/as, família e demais que compõe a comunidade escolar nem sempre se dá de maneira harmônica devido a eclosão dessas diferenças. Já sabemos que as diferenças não devem ser vistas como um aspecto negativo do ponto de vista da convivência, porém, saber lidar com essas diferenças do ponto de vista pedagógico nem sempre é uma tarefa fácil, mas que se torna necessária para o bom funcionamento da comunidade escolar como um todo.
O contexto das escolas e universidades não se difere das demais instituições sociais no que diz respeito as hierarquias sociais, logo, as características e comportamentos hegemônicos se reproduziram também neste espaço. O equilíbrio dessa situação só pode vir de mudanças conjuntas e que surtem efeito a longo prazo, apostando tanto em mudanças estruturais e reflexões individuais.
Embora as questões pontuadas acima se apresentem como um desafio frente a realidade das mais diversas comunidades escolares, garantir que cada lugar de fala exista dentro de uma justa medida nesse espaço é uma condição que define ou não a permanência dos indivíduos pertencentes aos grupos minoritários no ambiente escolar.
A interseccionalidade pode afetar a trajetória escolar de várias maneiras, moldando a experiência de um aluno com base em múltiplas identidades sociais. Por exemplo, estudos têm demonstrado que meninos pretos são mais propensos a serem punidos por comportamentos que, em meninos brancos, podem ser ignorados ou tratados de maneira menos punitiva (Fortes, et. al., 2023). Isso implica uma intersecção de raça/cor e gênero, onde meninos pretos são especialmente vulneráveis a preconceitos raciais e expectativas estereotipadas de comportamento masculino. A interseccionalidade desses fatores pode levar a uma maior taxa de suspensões e expulsões para esses estudantes, o que pode, por sua vez, impactar negativamente o desempenho acadêmico e o envolvimento escolar.
A importância de uma metodologia que dê conta das dinâmicas de poder invisíveis nos dados de larga escala é crucial, e tanto a superinclusão quanto a subinclusão se apresentam como escolhas metodológicas interessantes para elucidar essas complexidades. É urgente destacar a importância de um olhar para as variadas formas que estudantes enfrentam desafios específicos devido a suas identidades, histórias e experiências no dia a dia.
Utilizando-se de uma metodologia sensível às questões de super e subinclusão, é possível evidenciar e quantificar o impacto dessas dinâmicas de poder que operam sob a superfície de dados agregados. Enquanto as meninas tendem a ter desempenho inferior em matemática, as meninas brancas superam os meninos pretos e indígenas. Da mesma forma, apesar dos meninos geralmente terem um desempenho inferior em português, os meninos brancos superam as meninas pretas e indígenas. Isso demonstra que as desigualdades não podem ser totalmente compreendidas sem considerar a interação entre gênero, raça/cor e região (Fortes, et al., 2023).
A adoção dessas abordagens metodológicas é fundamental para desvelar as hierarquias e preconceitos enraizados que podem distorcer nossa compreensão sobre o desempenho educacional e, consequentemente, para o desenvolvimento de políticas públicas que sejam verdadeiramente inclusivas e justas.
3.8. INTERSECCIONALIDADE E A IDENTIDADE
Um desafio fundamental na implementação da interseccionalidade é navegar pelas camadas da identidade humana. Embora conceitos como gênero, raça e orientação sexual forneçam um ponto de partida, os indivíduos dentro de qualquer grupo de identidade têm experiências diferenciadas e são sempre singulares.
É importante destacar que a preocupação com a temática da “identidade” é antiga, podendo ser observada por exemplo nas “comunidades imaginadas” dos nacionalismos modernos. Porém, a ideia de “políticas identitárias” (identity politics) é nova, como destaca Zizek (2016), constituindo uma nova forma de luta política que, embora assim denominadas apenas mais recentemente, têm suas origens nos Estados Unidos nos anos 1960.
O contexto dos anos 1960 mostra-se favorável à difusão da concepção de “identidade”, que ganha relevo não apenas no debate acadêmico, mas na linguagem jornalística e no âmbito dos movimentos sociais, como afirma Butler (2013). A autora destaca o movimento Black Panthers no final dos anos 1960, nos EUA, que serve de modelo para outros movimentos organizados em torno da questão da etnicidade.
Nesse mesmo sentido, ao tratar dos conflitos políticos no final do século XX, Fraser (2017) afirma que a emergência de um novo imaginário político centrado nas noções de ‘identidade’, ‘diferença’, ‘dominação cultural’ e ‘reconhecimento’. O autor Henning (2015) destaca que os movimentos sociais passaram a demandar a consideração da questão do reconhecimento e a defender que os indivíduos ou grupos sociais têm de ser aceitos e respeitados em suas diferenças. Essas demandas de reconhecimento cultural de identidades coletivas se articulam, portanto, como afirma Henning (2015), em torno de “políticas da identidade”.
Nesse contexto, nos anos 1970 e 1980, a “promessa emancipatória” aparece articulada às lutas pelo reconhecimento da diferença, organizadas em torno de categorias como sexualidade, gênero, etnia e “raça” e da aspiração de afirmar identidades até então negadas. Com a virada do século, as questões de reconhecimento e identidade tornam-se ainda mais centrais, de maneira que hoje as reivindicações por reconhecimento da diferença impulsionam muitos dos conflitos sociais do mundo, além de se tornarem predominantes em movimentos sociais como o feminismo, que anteriormente colocava ênfase na redistribuição de recursos (Fraser, 2002).
O reconhecimento é predominantemente visto em termos de reconhecimento da identidade, ou seja, “o que requer reconhecimento é a identidade cultural específica dos grupos” (Fraser, 2002, p. 14). Os problemas de reconhecimento consistem na depreciação de determinadas identidades pela cultura dominante, diante da qual as políticas de reconhecimento buscam contestar a imagem pejorativa do grupo. Essas representações são rejeitadas em nome de outras representações construídas pelos próprios membros do grupo, o que levaria a uma nova identidade coletiva que deve ganhar visibilidade para conquistar respeito e valorização social. Fraser (2017) articula as lutas por reconhecimento ao combate da dominação inscrita na esfera da cultura, em contraposição ao modelo da luta de classes que identificava a exploração econômica como injustiça fundamental, o que caracterizaria nossa era como “pós-socialista”.
Essa transformação é acompanhada, portanto, por relativo declínio nas reivindicações por redistribuição igualitária, de maneira que “a globalização gera uma nova gramática de reivindicação política. Nesta constelação, o centro de gravidade foi transferido da redistribuição para o reconhecimento” (Fraser, 2002).
A autora destaca uma contraposição entre lutas pela identidade e diferença, em que a reivindicação de reconhecimento aparece como força impulsionadora, e o modelo da política de classe, que colocava no centro da contestação política as reivindicações de igualdade econômica e que hoje se encontra em declínio:
(…) “os movimentos sociais que não há muito tempo exigiam com audácia uma partilha equitativa dos recursos e da riqueza já não são exemplificativos do espírito da época. É certo que não desapareceram totalmente, mas o seu impacto tem sido grandemente reduzido”. (Fraser, 2002, p. 9)
Por isso, destacamos aqui alguns pontos importantes nessas reflexões: lugar de fala não se refere a identificar o atravessamento de múltiplos marcadores sociais apenas como marcas de opressão; lugar de fala não é um aspecto exclusivo de alguns grupos sociais e não existe hierarquia de opressão, portanto, nenhuma experiência localizada leva alguém a sofrer mais do que o outro.
Em alguma medida, alguns incômodos em relação ao conceito de lugar de fala são gerados em função da disputa pelos campos discursivos, pois existem grupos interessados que aqueles/as que não podiam falar permaneçam calados/as e não é esse o caso que queremos evidenciar aqui. Pelo contrário, entendemos que quanto mais pluralidade de vozes tivermos entre os grupos historicamente marginalizados, mais avançamos nas estratégias de luta contra as múltiplas opressões. Segundo o autor Ribeiro (2019):
“Assim entendemos que todas as pessoas possuem lugares de fala, pois estamos falando de localização social. E, partir disso, é possível debater e refletir criticamente sobre os vários temas presentes na sociedade. O fundamental é que os grupos pertencentes ao grupo social privilegiado em termos de locus social, consigam enxergar as hierarquias produzidas a partir desse lugar e como esse lugar impacta diretamente na constituição dos lugares de grupos subalternos”. (Ribeiro, 2018, p. 19)
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A interseccionalidade fornece um quadro crítico para a criação de organizações e sociedades mais justas e inclusivas.
À medida que os esforços de diversidade, equidade e inclusão continuam a evoluir, as abordagens interseccionais serão vitais.
A interseccionalidade enfatiza a interconectividade, examina as estruturas de poder, centra as vozes marginalizadas e traz nuances a questões complexas de identidade e desigualdade. Terminamos nosso artigo com o poema de Ruth Rocha (2020), alusivo a riqueza da diferença:
Pessoas são diferentes, Ruth Rocha (2020)
São duas crianças lindas
Mas são muito diferentes!
Uma é toda desdentada,
A outra é cheia de dentes…
Uma anda descabelada,
A outra é cheia de pentes!
Uma delas usa óculos,
E a outra só usa lentes.
Uma gosta de gelados,
A outra gosta de quentes.
Uma tem cabelos longos,
A outra corta eles rentes.
Não queira que sejam iguais,
Aliás, nem mesmo tentes!
São duas crianças lindas,
Mas são muito diferentes!
REFERÊNCIAS
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[1]Psicóloga Clínica e Escolar (UNISANTOS), Pós-Graduada em Psicopedagogia (UNISANTOS), Psicanalista Psicodinâmica e análise do Contemporâneo (PUCRS), Terapeuta Cognitiva Comportamental e proprietária do consultório particular Instituto Inclusão Brasil, São Vicente-SP. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/4036950234432661 E-mail: marinaalmeida@institutoinclusaobrasil.com.br
²Netflix Brasil: https://www.youtube.com/watch?v=uX17xEqloN4. O filme foi inspirado em histórias reais e com apoio da verdadeira Copa do Mundo dos Sem-Teto. O filme “Jogo Bonito” discorre sobre segundas chances, em que times de pessoas em situação de sem-teto do mundo vão descobrir que “todos os caminhos levam à Roma”, demonstrando que o esporte promove a competição, mas também a solidariedade, sentimento de pertencimento, trabalho em equipe, compaixão e esperança.
³Dicionário Oxford português: ethos, conjunto dos costumes e hábitos fundamentais, no âmbito do comportamento (instituições, afazeres etc.) e da cultura (valores, ideias ou crenças), característicos de uma determinada coletividade, época ou região.
Marina da Silveira Rodrigues Almeida – CRP 06/41029
Psicóloga Clínica, Escolar e Neuropsicóloga, Especialista em pessoas adultas Autistas (TEA), TDAH, Neurotípicos e Neurodiversos.
Psicanalista Psicodinâmica e Terapeuta Cognitiva Comportamental
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