Assim como a nossa língua materna está entranhada nas nossas células, crianças e adolescentes de hoje tem a língua digital impressa em seus DNAs. Eles são os nativos digitais, nascidos em meados dos anos 90. Para eles toda essa tecnologia é como a eletricidade para os mais velhos: é impossível viver sem ela. Só que a internet permite uma interação proativa, incentivando a criação e a transformação dos conteúdos da rede.
Já nós, adultos, somos imigrantes digitais. Chegamos maduros nesta terra conectada e temos que fazer um esforço enorme para aprender esta nova língua. E nunca deixaremos de ter o sotaque característico de quem aprende um novo idioma na vida adulta. Ou seja, nunca nos livraremos do padrão de pensamento analógico.
O desafio de educar nativos digitais ou geração Z, fez com que os educadores repensassem radicalmente as maneiras como ensinam as gerações que cresceram imersas na tecnologia moderna. Ao longo dos anos, a discussão tem causado certo pânico entre os não nativos, os chamados imigrantes digitais., educadores que temem não possuir as habilidades técnicas para ensinar seus alunos que entendem de tecnologia.
Na revisão da literatura atual identifica-se quatro fases distintas e reveladoras do debate sobre seu significado e importância entre nativos digitais e imigrantes digitais: (a) concepção, (b) reação, (c) adaptação e (d) reconceituação.
Os estudiosos ainda não chegaram a um consenso sobre as questões envolvidas no enigma dos nativos digitais, mas os desafios incluem: (a) multitarefa, (b) problemas associados às mídias sociais, (c) benefícios educacionais associados às mídias sociais e (d) novas estratégias que os educadores estão criando e empregando em suas tentativas de alcançar os chamados nativos digitais.
Porém, nosso esforço para aprender e para lidar com todas as rápidas transformações geradas pela tecnologia tem um impacto direto em nosso cérebro.
Segundo Prensky (2012), este efeito é positivo e se soubermos usar a tecnologia a nosso favor nos tornaremos “Sábios Digitais”.
O nosso cérebro está crescendo e se desenvolvendo externamente através de uma simbiose com a tecnologia. Ou seja, por causa desta nova interação o nosso cérebro está rapidamente ganhando mais poder e novas habilidades.
Nos seus mais recentes livros “From Digital Natives to Digital Wisdom” e “Brain Gain: technology and the quest for wisdom” (2012), Prensky desenvolve esta ideia e descreve o conceito de Sabedoria Digital, referindo-se a dois aspectos: a sabedoria e conhecimento adquiridos através das ferramentas tecnológicas e, principalmente, a sabedoria no uso da tecnologia para melhorar e ampliar as nossas capacidades cognitivas inatas. Precisamos cada vez mais aprender sobre cidadania digital.
Estamos nos tornando Homo Sapiens Digital. Ou seja, o uso sábio da tecnologia permite que nos tornemos humanos cognitivamente mais capazes para tomar decisões adequadas. Apesar da tecnologia sozinha não substituir o senso intuitivo do que é importante e ético, ela permeia todas as nossas decisões e resoluções de problemas.
Sabemos que estamos passando por uma revolução. Mas, desta vez, não é como as outras que já aconteceram.
A Revolução Digital atinge níveis tão profundos e amplos da sociedade global que talvez nunca tenhamos um entendimento real da dimensão destas transformações. Mudamos a maneira de nos relacionar com as outras pessoas, com os objetos, com as máquinas, com a natureza e com nós mesmos.
Vivemos uma era onde a humanidade está atingindo um novo nível de evolução cognitiva. E nas crianças e jovens digitais isso fica mais evidente.
Esta diferenciação entre nativos, imigrantes e sábios digitais tem sido uma maneira muito útil de explicar as profundas diferenças entre as crianças de hoje e os adultos. Elas são diferentes de todas aquelas crianças nascidas anteriormente e não mudaram simplesmente suas gírias, suas roupas ou seus comportamentos, como aconteceu com as gerações anteriores.
A mudança está acontecendo no nível cerebral. O padrão de pensamento delas mudou, pois, suas experiências são muito diferentes das que nós, adultos, tivemos durante as nossas infâncias. Elas pensam e processam as informações de uma forma inteiramente nova.
Bruce Perry da Baylor College of Medicine afirmou: “Diferentes tipos de experiências levam a diferentes estruturas cerebrais “. Uma criança que cresceu na era digital desenvolve uma mente tipo hyperlink em que o raciocínio não é linear, mas paralelo. Ou seja, ele pensa em diferentes coisas ao mesmo tempo paralelamente, sem precisar criar uma sequência entre as ideias. E isso não significa necessariamente falta de concentração.
Estas mudanças não têm mais volta!
É vital que adultos- pais, professores, médicos, executivos- estejam dispostos a aprender de verdade a língua digital e a entender o impacto que ela tem sobre o cérebro e o comportamento das suas crianças e jovens. Existe um abismo entre a visão dos adultos sobre a vida desta geração e a experiência real destes jovens. Não é apenas um conflito de gerações como tantos outros na História. É um desencontro profundo de vivências.
Não estamos conseguindo falar a mesma língua! E isso é muito sério, pois toda a sociedade é afetada por essa falta de comunicação. Famílias, escolas e empresas precisam passar por uma profunda reformulação para lidar com os novos desafios decorrentes da Revolução Digital e das exigências desta geração.
Precisamos ser sábios para abraçar essas mudanças, para usufruir das nossas novas habilidades cognitivas de maneira ética e, acima de tudo, para ensinarmos as nossas crianças a fazer o mesmo.
Fonte:
Chris Evans e Wenqian Robertson, 17/06/2020
https://doi.org/10.1002/hbe2.196
Agendamento para consulta presencial ou consulta de psicoterapia on-line:
WhatsApp (13) 991773793
Marina S. R. Almeida
Consultora Ed. Inclusiva, Psicóloga Clínica e Escolar
Neuropsicóloga, Psicopedagoga e Pedagoga Especialista
Licenciada no E-Psi pelo Conselho Federal de Psicologia para atendimento de Psicoterapia on-line
CRP 06/41029
INSTITUTO INCLUSÃO BRASIL
(13) 34663504
Rua Jacob Emmerich, 365 – sala 13 – Centro – São Vicente-SP
CEP 11310-071