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Os comportamentos sem limites ou condutas de perda de limites podem assumir variadas formas, segundo a idade e o desenvolvimento adquirido.

A perda de limites no comportamento aparece desde muito cedo, quando a possibilidade de engatinhar permite a aproximação aos objetos e, por conseguinte, induz à desobediência. O bebê já aprendeu que tal coisa não se toca e não se pega e, contudo, volta a fazê-lo. A emergência de perda de limites torna-se mais frequente com a maior aquisição de funções e seu expoente máximo surge na adolescência.

A diversidade de manifestações da perda de limites no comportamento pode agrupar-se nos seguintes itens abaixo desde as mais brandas e ocasionais até as mais, frequentes e intensas:

Comportamentos impulsivos, violentos como uma resposta a reação a frustração: berreiros, birras, explosões de cólera: chorar, gritar, espernear, desobedecer, atirar objetos, quebrar coisas, ofender, denegrir.

Retração autista: chupar dedos, sucção dos lábios ou de um objeto, movimentos de balanceio (rocking) ou movimentos de braços (flapping), atitudes masturbatórias, mutismo, imobilidade, isolamento social.

Hiperatividade ou hipercinesia: atividade motora irrefreável, correr, pular, deambular sem objetivo fixo.

Condutas cobradoras: exigir atenção, presentes, mimos, de forma compulsiva, por exemplo, a criança que pede o tempo todo para comprar guloseimas e brinquedos durante um passeio ou que interrompe sempre a mãe quando está conversando com outra pessoa.

Condutas destrutivas: primeiras travessuras, que é o estrago de bens do lar ou pertences de outras pessoas ou depredação de patrimônio público, escolar.

Escapadas de casa: sair sem permissão ou regressar muito mais tarde do que o determinado.

Exposição a perigos: ações cuja consequência é conhecida, mas mesmo assim se expõe de forma imprudente, às vezes com resultados graves. Brincar com facas, uso de drogas e álcool, correr com o carro em alta velocidade, colocar a vida em risco.

Condutas agressivas: negativismo, oposicionismo, discutir, teimar, brigar, bater, chutar, xingar, obstinar-se.

Descontrole esfincteriano: enurese noturna ou diurna, diarreias, após ter adquirido o controle das fezes e urina.

Condutas da sexualidade perversa polimorfa: beijocar, abraçar repetidamente, acariciar e tocar as pessoas repetidamente, condutas sexuais de risco.

Consideramos a perda de limites de conduta ou do comportamento como uma defesa frente a irrupção de uma vivencia confusional, de um forte sentimento de angustia e cujo objetivo quer seja da criança, do adolescente ou do adulto é um pedido de ajuda. Indica que alguma coisa não está bem psiquicamente, que as relações e o ambiente estão falhando em alguma medida, levando a um sofrimento psíquico e desorganização do comportamento com a transgressão dos limites.

Quando estes comportamentos estão sem limites, freqüente e com intensidade considerável, há uma falha na nos aspectos do ego relacionados com a incapacidade de auto observar-se e o juízo da realidade são identificados projetivamente. Há sentimentos de terror interno e a vivencia externa é sentida como persecutória, enquanto o ego identifica-se com o perseguidor reproduzindo e repetindo o sofrimento o que chamamos de identificação com o agressor. Por exemplo, se a criança é castigada ou gritam com ela violentamente, toda vez que ela for contrariada ela fará o mesmo; se o adolescente percebe que os pais são sedutores para conseguirem algo ou aplacarem seus erros, suas ausências dando presentes e dinheiro, o adolescente fará o mesmo sendo sedutor e manipulador com os pais e ou pessoas para conseguir o que deseja.

Portanto, estes aspectos psíquicos que estão funcionando na mente da criança, do adolescente ou do adulto, sentimentos de impotência, angústias, comportamentos regredidos como a falta de limites constantes e mecanismos de identificação com o perseguidor, repetindo a cena da violência, abandono, sedução, indiferença ou permissividade.

Nestes casos a indicação é psicoterapia para as crianças e adolescentes e os pais deverão receber orientação psicológica também, para que mudem a maneira de lidarem com os filhos e conscientizem-se de como estabelecem seus vínculos afetivos para torná-los saudáveis.

Se for um adulto a indicação é psicoterapia, para trabalhar com as marcas traumáticas de sofrimento psíquico da infância e adolescência, as quais estão sendo reeditadas na vida atual, comprometendo sua vida psíquica, vida profissional e relações com as pessoas.

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Marina S. R. Almeida

Consultora Ed. Inclusiva, Psicóloga Clínica e Escolar

Neuropsicóloga, Psicopedagoga e Pedagoga Especialista

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