LIDANDO COM OS DESAFIOS DE PESSOAS AUTISTAS NO CASAMENTO OU NAMORO

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Lidar com os desafios do autismo no casamento requer compreensão, paciência e comunicação aberta. Lembre-se, cada casamento é diferente, e o que funciona para um casal pode não funcionar para outro. É crucial encontrar quais estratégias e mecanismos de enfrentamento melhor se adaptam às suas circunstâncias e necessidades individuais.

Traços de personalidade desempenham um papel significativo na determinação da satisfação no relacionamento em populações autistas e não autistas. Na população em geral, traços como afabilidade, conscienciosidade, extroversão, abertura à experiência e estabilidade emocional estão positivamente associados à satisfação no relacionamento.

No entanto, indivíduos autistas tendem a pontuar mais baixo nessas dimensões em comparação a indivíduos não autistas.

Entender e reconhecer essas diferenças em traços de personalidade pode ajudar os parceiros nos desafios potenciais e encontrar maneiras de apoiar um ao outro. Por exemplo, comunicação aberta, respeito pela opinião de cada um, negociação, empatia e paciência podem contribuir para um relacionamento mais satisfatório para parceiros autistas e neurotípicos.

DESEJO POR CONEXÕES ROMÂNTICAS

Pessoas autistas compartilham o mesmo desejo fundamental por companheirismo, conexão emocional e amor que seus pares neurotípicos. No entanto, a maneira como esses sentimentos são expressos e vivenciados pode diferir para indivíduos autistas.

O autismo não impede inerentemente relacionamentos românticos. Empatia e conexão são possíveis em indivíduos autistas. Parcerias de apoio aumentam a compreensão das necessidades.

Apesar de enfrentarem desafios únicos, como níveis mais altos de solidão em comparação aos seus pares.

Fatores que influenciam o desejo por conexões românticas. O desejo por companheirismo está presente entre indivíduos autistas. As conexões emocionais se desenvolvem, embora de forma diferente. A autoconsciência das necessidades de relacionamento pode se desenvolver mais tarde com apoio de psicoterapia individual como Terapia Cognitiva Comportamental.

Sensibilidades sensoriais, outra marca registrada do autismo, também podem afetar relacionamentos românticos. Indivíduos autistas podem ter sensibilidade aumentada a certos sons, texturas ou ambientes, o que pode impactar seus níveis de conforto e capacidade de se envolver em várias atividades ou momentos íntimos. Com apoio de Terapia Ocupacional os transtornos sensoriais podem ter modelação e intervenção.

Gerenciar rotina e estrutura é crucial para muitos indivíduos no espectro do autismo. Mudanças ou eventos inesperados podem causar estresse e ansiedade, que podem precisar ser abordados e navegados dentro do contexto de um relacionamento romântico. Por isso é importante construir um planejamento semanal em conjunto com o parceiro. Existem vários aplicativos que podem ajudar no planejamento semanal, como o Google Agenda, o Planner Semanal, o Tweek, o Todoist, o Any.do e o Sunsama. 

COMO MELHORAR O COTIDIANO COM UMA PESSOA AUTISTA

A comunicação social e emocional apresenta desafios significativos para indivíduos no espectro do autismo. Indivíduos autistas podem ter dificuldade em interpretar sinais sociais que indivíduos neurotípicos geralmente tomam como garantidos. Isso inclui reconhecer expressões faciais, tom de voz e linguagem corporal. Como resultado, eles podem interpretar mal as emoções de seus parceiros, levando a mal-entendidos e relacionamentos tensos.

Além disso, pesquisas indicam que homens com traços autistas mais pronunciados frequentemente relatam menor satisfação com relacionamentos.

Esses traços podem dificultar comportamentos essenciais de relacionamento, como confiança, intimidade e responsividade emocional em relação aos cônjuges. As mulheres, por outro lado, não mostram a mesma correlação entre traços autistas e satisfação com relacionamentos, o que sugere dinâmicas diferentes em como esses traços afetam os relacionamentos com base no gênero. Há muitas pesquisas sendo realizadas, portanto nada é definitivo e cada caso é sempre único.

DURAÇÃO E SATISFAÇÃO DO RELACIONAMENTO

Estudos têm mostrado que indivíduos autistas são menos propensos a se envolver em relacionamentos românticos quando comparados a seus pares não autistas. Eles frequentemente vivenciam durações de relacionamento mais curtas e relatam níveis mais baixos de satisfação com o relacionamento. Essa disparidade nos níveis de satisfação pode estar associada a vários fatores, incluindo mal-entendidos sociais, barreiras de comunicação e problemas sensoriais.

Problemas sensoriais podem causar desconforto em situações sexuais e não sexuais. Como sensibilidade tátil e olfativa, não gostar de toques e abraços, beijos, odores de perfumes etc. Comportamentos de mexer os pés ou sensibilidade a certos volumes vocais, podem levar à frustração e constrangimento nos relacionamentos. Esses fatores combinados podem levar a relacionamentos que vivenciam mais conflitos e menos realização emocional. Algumas pessoas autistas podem não ter muito interesse sexual e preferem outras atividades com o parceiro como viajar, assistir filmes e caminhar, são alguns exemplos.

As complexidades da comunicação social e emocional, bem como as variabilidades na duração e satisfação do relacionamento, destaca os desafios únicos enfrentados por indivíduos autistas em seus relacionamentos românticos. Entender essas dinâmicas é essencial para promover maior empatia e apoio dentro da comunidade.

FATORES QUE AFETAM OS RELACIONAMENTOS AUTISTAS

Explorar a dinâmica de relacionamentos envolvendo indivíduos autistas revela vários fatores que podem influenciar suas experiências e desafios.

Dificuldades em interpretar a comunicação não verbal e as dicas sociais podem criar obstáculos na compreensão das emoções e intenções de um parceiro. Além disso, desafios em expressar emoções podem levar a mal-entendidos e frustração de ambos os lados.

Pesquisas indicam que pessoas autistas frequentemente têm um nível mais alto de solidão social em relacionamentos de longo prazo em comparação com indivíduos neurotípicos.

Estudos indicam que, apesar desses desafios, pessoas autistas frequentemente buscam conexões românticas. No entanto, a falta de pesquisas examinando esse aspecto dos transtornos do espectro autista significa que muitos podem não ter acesso a estratégias eficazes para formar e manter relacionamentos bem-sucedidos; como por exemplo, estarem fazendo os suportes terapêuticos adequados e ou ter o diagnóstico oficial de autismo e saber as comorbidades presentes para buscar os suportes terapêuticos.

SOLIDÃO SOCIAL E MAL-ENTENDIDOS

A solidão social é um problema prevalente para muitos pessoas autistas, particularmente em parcerias românticas de longo prazo. Pesquisas mostraram que eles relatam se sentir mais solitários em comparação com suas contrapartes neurotípicas.

Pessoas autistas também são menos propensos a se envolver em relacionamentos românticos e experimentam menor satisfação com o relacionamento. Eles tendem a relatar relacionamentos românticos mais curtos e pontuam mais baixo em traços de personalidade como afabilidade e abertura, conforme medido pelo modelo Big Five.

Entender esses fatores pode ajudar a quebrar estereótipos em torno das tendências de casamento e relacionamento de indivíduos autistas.

Lidar com essas lacunas de comunicação pode promover relacionamentos mais saudáveis ​​e apoio dentro da comunidade autista.

Procure ajuda de psicoterapia online ou presencial Terapia Cognitiva Comportamental se você for pessoa autista com diagnóstico oficializado ou se for uma pessoa neurotípica. Se não tem diagnóstico oficial de autismo procure uma avaliação neuropsicológica online ou presencial e ou realize uma avaliação com psiquiatra especialista em autismo em adultos para iniciar suas terapias de suporte.

Fontes:

https://jamanetwork.com/journals/jamapsychiatry/fullarticle/2737582?guestAccessKey=d82b0145-f179-48bd-91bb-f77865732c3c&utm_source=For_The_Media&utm_medium=referral&utm_campaign=ftm_links&utm_content=tfl&utm_term=071719

https://www.mastermindbehavior.com/post/do-autistic-people-get-married

https://www.ncbi.nlm.nih.gov

https://www.focusonthefamily.com

https://www.kennedykrieger.org

 ​​https://autismspectrumnews.org

https://www.iidc.indiana.edu

https://www.thetreetop.com

Marina da Silveira Rodrigues Almeida – CRP 06/41029

Psicóloga Clínica, Escolar e Neuropsicóloga, Especialista em pessoas adultas Autistas (TEA), TDAH, Neurotípicos e Neurodiversos.

Psicanalista Psicodinâmica e Terapeuta Cognitiva Comportamental

Agendamentos por mensagem no WhatsApp +55 (13) 991773793

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