Cada vez mais as questões da homossexualidade e a presença das crianças transgêneros no ambiente escolar precisam ser acolhidas. Os professores apresentam ainda muitas dificuldades em lidarem com a sexualidade infantil na sala de aula. Precisamos urgentemente pensar formas e manejos adequados, bem como trabalharmos a dissolução dos preconceitos na escola nas questões voltadas a sexualidade.
As crianças, em sua maioria já sabem que o nenê “sai da barriga da mãe”. Mas esta é a resposta mais simples que os pais sabem responder e os professores também. Entretanto há muitas outras perguntas realizadas pelas crianças, que são perguntas complementares que ainda suscitam dúvidas e ansiedade no momento de serem respondidas, principalmente quando questionam:
Como o bebê entrou na barriga da mamãe?
Por que minha amiguinha está vestindo roupas de menino se ela é menina?
Por que meu amiguinho tem jeito de menina?
Além disso, comportamentos infantis que demonstram a sexualidade da criança são muitas vezes difíceis de serem trabalhados, tanto em casa como na escola.
Brincadeiras de descoberta sexual, masturbação, atitudes que aparentam homossexualidade ou crianças transgêneros.Estes fatos observados no cotidiano infantil e seguidamente são mal compreendidos ou mal conduzidos pelos adultos que lidam com as crianças. Portanto, faz-se necessário um maior entendimento teórico e afetivo sobre sexualidade infantil para que haja menos inadequações, preconceitos e esteriótipos no manejo destes comportamentos.
A sexualidade da criança começa no imaginário dos pais, antes mesmo do nascimento. Todos os pais têm expectativas em relação a seus filhos, conscientes ou inconscientes, e uma destas diz respeito à sexualidade da criança. Esta ao nascer pode corresponder à expectativa ou não e se desenvolverá conforme for a aceitação do sexo da criança pelos pais.
A partir do nascimento podemos classificar a curiosidade sexual de forma genérica em:
- 1ª curiosidade sexual – auto-descobrimento do corpo
- 2ª curiosidade sexual – eliminação de excreções
- 3ª curiosidade sexual – diferenciação dos sexos
- 4ª curiosidade sexual – nascimento
- 5ª curiosidade sexual – puberdade
- 6ª curiosidade sexual – adolescência
Para responder aos questionamentos de ordem sexual das crianças deve-se ter claro que “a criança que tem idade para perguntar, tem idade para ouvir a resposta”.
DEVEMOS LEVAR EM CONTA:
- O tom de voz, o olhar, a postura de quem responde devem ser valorizados para que não sejam artificiais nem repressores.
- Para satisfazer a curiosidade infantil o adulto deve seguir os seguintes princípios:
- Saber porque e de onde vem a pergunta;
- Honestidade;
- Restringir-se à pergunta feita, sem se estender;
- Progredir com base no que a criança já conhece;
- Fornecer explicações em linguagem simples e familiar;
- Sempre que possível corresponder ao momento em que a criança solicita;
- Repetir se necessário a mesma resposta.
Em relação aos comportamentos sexuais observados em sala-de-aula como beijos, exploração do corpo do colega, jogos sexuais. O professor pode pautar-se sobre os mesmos princípios que usa para outros comportamentos inadequados em aula, ou seja, demonstrar que entende a curiosidade, contudo que a escola é um lugar onde deve-se respeitar a vontade dos outros e que estão lá para aprender, brincar, respeitar.
O professor não deve se omitir, ao contrário, deve orientar para brincadeiras e comportamentos adequados sem passar valores morais ou religiosos reprovadores como se a curiosidade fosse algo negativo, “feio” ou pecaminoso.
Alguns profissionais, na tentativa de serem “modernos” estimulam uma sexualidade precoce incentivando danças de músicas erotizadas, namoros entre os alunos, identificação com modelos da mídia de mini adultos.
As crianças e adolescentes procuram corresponder às expectativas dos adultos e acabam se expondo inadequadamente para sua faixa etária e assumindo rótulos distorcidos de seu gênero sexual, tais como: mulher se exibe, usa vermelho, usa batom, gosta da cor de rosa, brinca de casinha e bonecas; homem é machão, não chora, usa calça comprida, usa azul, brinca de carrinho. São apenas esteriótipos sociais e culturais.
Estas questões deverão ser debatidas e esclarecidas na escola, mostrando que há uma diferença entre o real e o imaginário social, cultural, midiático, familiar, escolar. Cabe o professor promover desta maneira uma consciência humanizadora, afetiva, respeitosa, aceitando as expressões humanas de diferentes maneiras dentro de um código de ética.
A sexualidade infantil é inerente a qualquer criança e sua demonstração será particular a cada uma, sendo que aos educadores cabe conhecê-la, respeitá-la, conduzi-la de forma adequada, sem estimulação nem repressão e tendo sempre em mente uma auto-reflexão de sua própria sexualidade.
A questão de convocar os pais para conversar sobre a sexualidade do aluno transgênero e ou homossexual deverá ser investigada caso a caso:
Qual o propósito desta convocação?
O que vou contribuir?
O que espero dos pais?
Por que isto me incomoda?
Há sincera preocupação ou pré-conceito disfarçado?
Por que acredito que ser heterossexual é o correto, aceitável?
Por que a homossexualidade e transgênero me incomoda?
Na dúvida procure um profissional psicólogo para discutirem o assunto, antes de convocar os pais.
Lembre-se de que qualquer forma de discriminação é crime previsto na Constituição Federal.
No Instituto Inclusão Brasil – Consultório de Psicologia, Psicopedagogia e Psicanálise, atendemos crianças, adolescentes e adultos homossexuais, transgêneros ou em qualquer escolha da sua identidade ou orientação sexual.
Continua no próximo artigo: Homossexualidade e Transgênero na Escola 2
Nesta clínica particular Instituto Inclusão Brasil atendemos apenas adultos maiores de 18 anos.
Marina S. R. Almeida
Consultora Ed. Inclusiva, Psicóloga Clínica e Escolar
Neuropsicóloga, Psicopedagoga e Pedagoga Especialista
CRP 41029-6
INSTITUTO INCLUSÃO BRASIL
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