ESTRATÉGIAS PARA ALUNOS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

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A Síndrome de Asperger faz parte do Transtorno de Espectro Autístico – TEA é caracterizada por um conjunto de sintomas que provocam sofrimento, porque condicionam ou impedem a interação social.

Os alunos com TEA podem desejar relacionar-se com os outros, mas não sabem como, pelo que podem abordar os outros de maneira peculiar.

Falta-lhes frequentemente a compreensão das regras sociais pelo que podem ser socialmente inábeis, ter dificuldade em desenvolver empatia, e interpretar mal situações de interação social diária.

Indivíduos com TEA não aprendem empiricamente as regras da interação social; essas competências têm de lhes ser ensinadas explicitamente.

Embora as crianças com TEA falem geralmente fluentemente pelos cinco anos de idade, têm frequentemente problemas com pragmática (o uso da língua em contextos sociais), semântica (podendo não reconhecer significados múltiplos de uma palavra) e prosódicos (o tom, a intensidade, e o ritmo do discurso) (Attwood, 1998).

Estudantes com TEA podem ter um vocabulário sofisticado e frequentemente falar incessantemente sobre o seu assunto favorito. O tópico pode ser muito restrito e o indivíduo TEA ter dificuldade em mudar para um outro assunto de conversa.

Podem ser excessivamente retraídos e calados e terem dificuldades com as regras da conversação. Os estudantes com TEA podem interromper ou falar sobre o discurso do outro, podem fazer comentários irrelevantes e têm muita dificuldade em iniciar e terminar as conversas.

O discurso de pessoas com TEA pode ser caracterizado por uma falta da variação no tom, na intensidade e no ritmo, e à medida que o estudante vai atingindo a adolescência, o discurso pode tornar-se pedante (excessivamente formal).

Os problemas de comunicação social podem incluir a postura numa posição demasiado próxima do outro, olhar fixamente, posturas anormais do corpo e, frequentemente, incapacidade em compreender gestos e expressões faciais do outro.

O aluno com TEA é de inteligência média ou acima da média e pode parecer completamente capaz. Muitos são relativamente proficientes no conhecimento dos fatos, e podem ter a informação factual extensiva sobre um assunto em que estão absorvidos. Entretanto, demonstram fraquezas relativas na compreensão e no pensamento abstrato, assim como na cognição social. Consequentemente, experimentam alguns problemas acadêmicos, particularmente na compreensão da leitura, resolução de problemas, capacidades organizacionais, desenvolvimento de conceitos, deduções e julgamentos. Além disso, têm frequentemente pouca flexibilidade cognitiva.

Quer dizer, o seu pensamento tende a ser rígido. Têm frequentemente dificuldade em adaptar-se à mudança ou à falha pessoal e não aprendem de boa vontade a partir dos seus erros. (Attwood, 1998).

Estima-se que 50% a 90% das pessoas com TEA têm problemas com coordenação motora (Attwood,1998).

As áreas afetadas podem incluir a locomoção, habilidades com bola, equilíbrio, destreza manual, escrita manual, movimentos rápidos, ritmo e imitação dos movimentos.

Alunos com Transtorno do Espectro Autista – TEA podem ser hipersensíveis a alguns estímulos e podem engrenar em comportamentos inabituais para obter um estímulo sensitivo específico.

Os alunos com TEA estão frequentemente desatentos e distraem-se facilmente. A ansiedade/depressão é também uma característica associada ao autismo. Pode ser muito difícil e penoso para o estudante compreender e adaptar-se às solicitações sociais da escola. A instrução e apoio apropriados podem ajudar aliviar algum do stress.

Estratégias para Sala de Aula para alunos com TEA:

Dificuldades com linguagem

  • tendência fazer comentários irrelevantes.
  • tendência a interromper.
  • tendência para falar em sobreposição ao discurso de outro
  • dificuldade em compreender linguagem complexa, seguir direções, e compreender a intenção das expressões/palavras com significados múltiplos.
  • ensine comentários apropriados no início das conversas.
  • ensine o estudante a procurar o auxílio quando confuso.
  • forneça instruções como conversar em pequeno grupo.
  • ensine regras sobre quando participar na conversação, quando responder, interromper, ou mudar o tópico.
  • use conversações gravadas em áudio e vídeo.
  • explique metáforas e palavras com significado duplo.
  • incentive o estudante a pedir que repitam uma instrução, simplificada ou escrita se não a compreender faça pausa entre instruções e verifique que o aluno compreendeu.
  • limite às perguntas orais a um número que o estudante possa controlar.
  • mostre vídeos para identificar expressões não verbais e seus significados.
  • sempre que possível prepare o estudante para qualquer mudança.
  • use desenhos e histórias sociais para ajudar às mudanças

Pobreza na interação social

  • dificuldade em compreender as regras da interação social
  • pode ser ingênuo
  • interpreta literalmente o que é dito
  • dificuldade em ler as emoções dos outros
  • falta de tato
  • problemas com distância social
  • dificuldade em compreender as regras sociais que não estão escritas e, quando as aprendem, pode aplicá-las demasiado rigidamente.
  • apresente expectativas claras e regras para o comportamento.
  • ensine explicitamente regras da conduta social.
  • ensine ao estudante como interagir usando as histórias sociais, e “role-playing” com os amigos.
  • eduque os pares sobre como responder à inabilidade do
  • estudante na interação social
  • use outras crianças como sugestão/modelo para lhe indicar o que deve fazer
  • incentive jogos de equipe
  • pode necessitar de apoio ao estudante quando este falha
  • use o sistema de «duplas de amigos» para ajudar o estudante nas atividades não – estruturadas
  • ensine ao estudante como começar, manter e terminar um jogo.
  • ensine flexibilidade, a cooperação e a partilhar.
  • ensine aos estudantes como monitorizar seu próprio comportamento.
  • pode sugerir técnicas de relaxamento e ter um lugar sossegado para o estudante descansar.

Interesses restritos

  • limite discussões e perguntas obsessivas.
  • trace expectativas firmes para a sala de aula, mas forneça também oportunidades para o estudante perseguir seus próprios interesses.
  • incorpore e expanda os interesses do aluno nas atividades e nas tarefas.

Concentração pobre

  • frequentemente fora da tarefa
  • distraído
  • pode ser desorganizado
  • dificuldade em manter a atenção
  • frequente feedback e direção da atenção pelo professor
  • reduzir tarefas
  • sessões de trabalho com tempo marcado
  • reduzir trabalho de casa
  • sentar na parte da frente da sala
  • use deixas não-verbais para chamar e centrar a atenção

Habilidades organizacionais pobres

  • use programações e calendários
  • mantenha listas das atribuições
  • ajude o estudante a usar listas “ o que devo fazer” e listas de “verificação”.

Coordenação motora pobre

  • envolva-o em atividades de manutenção física
  • pode preferir atividades da aptidão aos desportos de competição.
  • tenha em consideração uma velocidade mais lenta da escrita ao atribuir-lhe tarefas (a extensão tem frequentemente de ser reduzida).
  • forneça tempo extra para testes.
  • considere o uso de um computador para tarefas escritas, pois alguns estudantes podem ser mais hábeis em usar um teclado do que a escrita manual.

Dificuldades acadêmicas

  • inteligência média e frequentemente acima da média
  • boa evocação da informação factual
  • as áreas de dificuldade incluem resolução e compreensão de problemas, e dificuldade com conceitos abstratos
  • frequentemente fortes no reconhecimento de palavras podem aprender a ler muito cedo.
  • mas com dificuldade na compreensão
  • podem ter bom desempenho em computações matemáticas, mas têm dificuldade em resolver problemas
  • excelente memória visual
  • não suponha que o estudante compreendeu simplesmente porque ele/ela pode repetir a informação
  • seja tão concreto quanto possível ao apresentar conceitos novos e o material abstrato
  • use aprendizagens baseadas na prática, sempre que possível
  • use ajudas visuais como mapas semânticos
  • divida as tarefas em etapas menores ou apresente formas alternativas
  • forneça instruções diretas acompanhadas de exemplos
  • mostre exemplos de o que é requerido
  • ensine técnicas para ajudar o estudante a tirar notas e organizar e categorizar a informação.
  • evite a sobrecarga verbal.
  • capitalize os pontos fortes, por exemplo, a memória.
  • não suponha que compreenderam o que leram, verifique para ver se há a compreensão, reforce instruções e use apoios visuais.

Vulnerabilidade emocional

  • pode ter dificuldade em lidar com as exigências sociais e emocionais da escola.
  • facilmente ansioso devido à sua inflexibilidade.
  • baixa autoestima.
  • dificuldade em tolerar os próprios erros.
  • pode ser propenso à depressão.
  • pode ter reações da raiva e rompantes temperamentais.
  • elogie sempre que faz algo bom.
  • ensine o estudante a pedir ajuda.
  • ensine técnicas para lidar com as situações difíceis e para lidar com o stress.
  • ensaie as situações.
  • crie experiências em que a pessoa pode fazer escolhas.
  • ajude o estudante a compreender os comportamentos e as reações dos outros.
  • eduque outros estudantes.
  • use apoio de pares e suporte de grupo.

Hipersensibilidades Sensoriais

  • a maioria das hipersensibilidades envolve a audição e o tato, mas podem incluir também o gosto, a intensidade da luz, as cores e os aromas.
  • os tipos de ruídos que podem ser percebidos como extremamente intensos são:

Ruídos repentinos, inesperados tais como um telefone que soa, alarme de incêndio, fogos de artifício.

Ruído contínuo de alta frequência.

Sons confusos, complexos ou múltiplos como em centros comerciais, shopping.

Esteja consciente que níveis normais de percepção visual e auditiva podem ser apreendidos pelo estudante como demasiado baixos ou altos.

  • Mantenha o nível de estimulação dentro da capacidade do estudante.
  • Pode ser necessário evitar alguns sons.
  • A audição de música pode abafar sons desagradáveis.
  • Minimize ao máximo o ruído de fundo.
  • Nos casos extremos use auscultadores.
  • Ensine e exemplifique estratégias de relaxamento e jogos para reduzir a ansiedade.

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Marina S. R. Almeida

Consultora Ed. Inclusiva, Psicóloga Clínica e Escolar

Neuropsicóloga, Psicopedagoga e Pedagoga Especialista

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