AS DESCOBERTAS DO DESENVOLVIMENTO DO PSIQUISMO PRÉ E PERI NATAL

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Freud por volta do início do século XX – novas concepções sobre os fenômenos humanos:

  • O inconsciente, o estudo dos sonhos, dos atos falhos, das emoções (estudo sobre a histeria) e da sexualidade.
  • Tanto os bebês como as crianças não só sentiam o que acontecia em a sua volta, mas tinham uma sexualidade latente. Demonstrou também que as emoções afetavam a saúde física, o que fez surgir à noção de doenças psicossomáticas.
  • Nos anos 60, com o advento das tecnologias em obstetrícia, foi possível estudar o bebê no útero, e tornou-se incontestável a evidencia fisiológica de que o feto ouve, tem sensações, faz experimentações, reage ao estresse, defende-se, tem medo, sente-se vivo.
  • Portanto o bebê é um ser emocional, intelectual e fisicamente mais capacitado do que imaginávamos.

AS DESCOBERTAS DO DESENVOLVIMENTO DO PSIQUISMO PRÉ E PERI NATAL

Com os estudos sobre Psiquismo Pré e Peri-Natal, e as confirmações dos estudos psicanalíticos de Bion, Melanie Klein e outros autores contemporâneos, verificamos o surpreendente mundo uterino que o bebê está inserido:

No início do 2o. mês há um repertório de ações reflexas. No final desse mês, o feto movimenta a cabeça, os braços e o tronco representando uma forma de linguagem primitiva, demonstrando o que lhe da prazer e o que lhe é desagradável, seus gestos são através de  sacudidelas e pontapés. Se por exemplo beliscarmos a barriga da mãe, o bebê se torce numa atitude de protesto. Aparece o primeiro órgão do sentido, o olfato, consegue perceber aromas e reage a eles, posteriormente ao nascer reconhecerá o “cheirinho” da mãe.

A partir do 4o. mês surgem as expressões faciais, o feto pode franzir sobrancelhas, olhar de lado, fazer careta, passar a mão nos olhos ou na boca e sugar.

Tudo isto alternado com momentos de repouso, sono e movimentos motores.

No 5o. ao 7o. mês ele é sensível ao toque. Se sua cabeça é tocada no exame de ultra-sonografia, ele move rapidamente. Reage também a água fria, visto que a temperatura  no útero é mantida sempre por volta de 36 graus.

Durante esse período desenvolve sua habilidade gustativa, prova sabores diferentes do líquido amniótico, que muda dependendo da ingestão alimentar da mãe. Se injetarmos sacarina ao líquido amniótico, o feto dobra sua cota de ingestão, mas se colocamos óleo lipidol (de gosto desagradável), ele faz caretas e ingere menos.

No 6o. mês, ele ouve o tempo todo, mesmo porque o abdome grávido  e útero são muito barulhentos. Os sons audíveis  que vem de fora do útero materno, como o tom da voz da mãe, pai, são percebidos  mais para graves do que agudos pela proteção das camadas da placenta e pele. Mas o som que predomina o mundo do bebê é dos batimentos cardíacos, o ritmo dos batimentos cardíacos da mãe é regular, a criança conhece e lhe transmite um sentimento de segurança.

Descobriram também preferências musicais, como os gustativos. Há um interesse por musicas de Mozart e Vivaldi, e um desagrado em relação a Brahms, Beethoven ou rock.

A capacidade visual desenvolve lentamente, embora o ventre não seja totalmente escuro, mas não é um lugar para se praticar a visão. Isto não significa que ele não veja, já no 4o. mês o feto é sensível a luz, sendo capaz de distinguir um banho de sol que a mãe esteja exposta e um foco de luz agressivamente dirigido ao ventre materno, reagindo de forma sobressaltada.

Portanto o recém-nascido demora mais para adaptar sua visão no mundo externo, pelo fato de ter passado 9 meses sem ter podido praticar de forma mais intensa.

A evolução das reações do bebê, desde os movimentos globais do corpo até respostas sofisticadas, nos leva a concluir que seu aprendizado é através dos sentidos. A formação da personalidade requer mais, necessita um mínimo de consciência, ou melhor, uma mente, um aparelho psíquico, ainda que rudimentar (em psicanálise chamamos de rudimentos de ego), que o capacite a entender os sentimentos e pensamentos da mãe, e não somente apenas capta-los pelo sensorial.

No 7o. e 8o. mês  quando os circuitos neuronais estariam prontos e o córtex cerebral já amadureceu o suficiente para suportar  uma mente, um psiquismo,  sendo o que é mais característico de um ser humano, o que o distinguirá dos demais animais, a capacidade de pensar, sentir e lembrar.

No 7o. mês, por exemplo, testes de ondas cerebrais captam um determinado ritmo característico do estado de sonho. Ele poderia sonhar com seus pés, suas mãos, com os barulhos, ou quem sabe com o sonho da mãe, de modo que o sonho da mãe fosse o seu sonho.

A EXISTÊNCIA DE UM ESTADO PRIMITIVO DE CONSCIÊNCIA DE MUNDO

Admitimos as sensações e a existência de um estado primitivo de consciência, um psiquismo rudimentar já esteja presente, a discussão surge quando:

  • Como um bebê no útero, poderia sentir ou perceber os pensamentos e sentimentos maternos?
  • Quais os mecanismos envolvidos?
  • Como o bebê conseguiria decodificar as mensagens maternas de “amor”, “ódio”, “conforto”, “desconforto”, quando ele ainda não saberia o significado desses sentimentos?
  • 1925 – medo e a ansiedade poderiam ser induzidos numa pessoa através da injeção de catecolaminas, substancias que estimulam o sistema nervoso autônomo, levando o organismo da pessoa a um estado de alarme.
  • Feto, essas mesmas substâncias são produzidas naturalmente pelo organismo materno, quando ela está perturbada ou está em alguma situação de tensão.
  • Reação puramente fisiológica, os efeitos dos hormônios maternos sobre o feto e não sobre a mente. Concepção sustentada numa base neuro-fisiológica, que evoluiria para fisiológico ao emocional.
  • Intensidade e freqüência de estresse que a mãe gestante estaria exposta e suas conseqüências no feto.
  • Há evidências de fatores físicos e emocionais entrelaçados. Contudo, não impedirá o seu crescimento e desenvolvimento, mas poderão ocorrer dificuldades causadas biologicamente por essas experiências pré-natais.
  • Há possibilidades de alterações fisiológicas produzirem dificuldades psicológicas, sendo assim processos fisiológicos afetando a estruturação da personalidade.
  • A mãe e filho, cada um possui seu cérebro e sistema nervoso autônomos, mas possuem inter-relações neuro-hormonais que é provavelmente o meio de comunicação emocional entre mãe e bebê.

A relação de amor da mãe com seu bebê, a freqüência, a intensidade e  qualidade de impactos causados por perturbações de estresse, poderão ser minimizados com o escudo afetivo da relação materno-filial. O relacionamento do casal e os conflitos decorrentes durante a gravidez precisam ser considerados. A gravidez é um momento para ser vivido a três: pai, mãe e bebê.

O ventre materno é o primeiro mundo humano, e como  irá  experimenta-lo se amistoso ou hostil, poderá contribuir para as determinações do caráter e da personalidade futura da criança.

O NASCIMENTO

A experiência do nascimento é considerada de grande importância, não só para os pais, mas incrivelmente para o bebê, pois influenciará sua personalidade.

A maneira como o bebê nasce: com suavidade, sofrimento, suave, fácil, violento, etc…têm implicações de como será e verá o mundo.

O nascimento é momento de separação, de mudança de estado, ele sai do mundo aquático para o aéreo, é o primeiro choque físico e emocional que a criança é submetida. Durante o parto, o bebê experimenta momentos de grande prazer sensual, seu corpo é massageado pelos músculos e líquidos maternos, alternados com muita dor e medo. Há alternância entre prazer e dor, é uma espécie de precursor da sexualidade adulta.

  • Curiosamente não nos lembramos do próprio nascimento, há uma amnésia posterior em relação ao fato.
  • A ocitocina (principal hormônio feminino que induz as contrações uterinas e a lactação) produz amnésia em animais de laboratório. Talvez possamos atribuir este mesmo efeito nos seres humanos. Freud atribui o esquecimento das pessoas em relação a sexualidade infantil e aos primeiros anos de vida, a repressão dos impulsos sexuais.
  • O “trauma do nascimento”, Winnicott, nos adverte para a “extrema variabilidade de graus em que o episódio do nascimento será traumático para o bebê” como também  para  “sua capacidade ou incapacidade de lidar com as grandes mudanças que ocorrem naquele momento”.
  • Variáveis que possam estar no interjogo do nascimento, condições da gravidez, tipo de parto, atendimento médico, aspectos psicológicos da mãe,  etc… para não cairmos em  conclusões inadequadas ou idealismos morais.
  • Destacamos a importância de um parto normal, porém são inegáveis as vantagens da tecnologia em obstetrícia.
  • O estado emocional da gestante ao longo da gravidez é muito determinante no momento do parto tanto quanto a sua saúde física: as emoções que foram sendo despertadas durante os meses da gravidez, as expectativas em relação ao bebê, expectativa em relação ao sexo do bebê, condições de saúde, relacionamento da própria mãe e avó da criança, seus conflitos, ansiedades, medos, preocupações habituais, etc…

O MOMENTO DO PARTO E OS CUIDADOS POSTERIORES

Uma prática inadequada que ainda persiste nos meios médicos ao realizarem um parto, apesar de toda gama de informação, é o momento da separação mãe-bebê após o nascimento.

  • A maneira como muitos bebês são introduzidos ao mundo: luzes desagradáveis, excesso de barulho, pessoas estranhas em torno, frieza e uso desnecessário de intervenções tecnológicas, separação abrupta da mãe e bebê, sendo levados para o berçário em meio muitas vezes de outras crianças chorando e gritando que também estão assustadas.
  • Sabemos com propriedade que mãe e bebê precisam estar juntos neste momento tão delicado e emocionante de suas vidas, necessitam serem acariciados, aconchegados, confortados, olhar e ouvir um ao outro e ir se conhecendo.

A ausência de contato humano significativo nessa hora crítica poderá prejudicar o bebê, afetando seus sentimentos em relação a mãe, ao pai, e a outros futuros relacionamentos sociais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A história do sujeito criança tem início  muito antes de seu nascimento.

Ela está inserida num mito familiar determinante que o constituirá como sujeito. Este discurso é dirigido não para ele, mas para o personagem que ele viverá na cena familiar. A criança tem um lugar no inconsciente materno, enquanto objeto de desejo, muito antes dela própria existir.

A mãe adequada, é aquela que tem a capacidade de exercer uma função materna, gerando um bebê independente, em condição de realizar seus próprios desejos, vai possibilitar a essa criança um lugar de ser. Começa a se relacionar não com o feto, mas com um ser. Para essa mãe, o bebê passa a ter nome, projeto, lugar, presença na vida mental dos familiares.

Este ser humano estará completamente inserido na cultura: é um ser antes de nascer!

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Marina S. R. Almeida

Consultora Ed. Inclusiva, Psicóloga Clínica e Escolar

Neuropsicóloga, Psicopedagoga e Pedagoga Especialista

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