BULLYING E CYBERBULLYING PROGRAMA KiVa DA FINLÂNDIA

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A Finlândia parece ter encontrado a resposta em duas sílabas: KiVa, um programa implementado em 90% das escolas do país e que, segundo estudos, levou a uma diminuição sensível do número de casos de agressão nos colégios que o adotaram.

O nome do programa vem de Kiusaamista Vastaan, que significa “contra o abuso escolar”. Trata-se de um método que busca criar respeito e empatia entre crianças em idade escolar. A grande diferença em relação a outras iniciativas é que, para evitar que o bullying aconteça, o KiVa tem como foco os espectadores, ou seja, os potenciais observadores das agressões.

O método KiVa tem demonstrado amplamente sua eficácia, a tal ponto que o programa já foi exportado para outros países como França, Reino Unido, Itália, Suécia, Bélgica ou Estados Unidos, onde em seu primeiro ano de operação conseguiu reduzir o bullying entre 30% e 50%.

Na Finlândia, o método KiVa já está implementado em 90% das escolas e se tornou um dos critérios usados por alunos e professores na escolha da escola onde desejam estudar ou trabalhar. E não é surpreendente se levarmos em conta que este programa não só reduz drasticamente os casos de bullying, mas também melhora a convivência entre os alunos e seu bem estar emocional – reduzindo transtornos depressivos, ansiedade e comportamentos suicidas – e aumenta a motivação do estudante para estudar, visto que sente-se numa comunidade protetora.

De acordo com Johanna Alanen, gerente do projeto na Universidade de Turku e parte do time que trabalha desenvolvendo e aprimorando o programa na Finlândia, o bullying é um fenômeno de grupo e só acontece porque o bullie (aquele que ataca o colega) quer visibilidade e poder. “Por isso, o foco é agir sobre os espectadores das agressões para que eles influenciem a turma toda de modo que esse tipo de comportamento não seja aceito. Se não houver uma plateia, o bullying não terá sentido e não acontecerá”, explica. Mas, o praticante de bullie tmbém precisa de ajuda, visto que ele também em algum momento já foi objeto de agressões, humilhações em seu sistema familiar, ou tem algum indicador de sofrimento psíquico adjacente, precisa ser acompanhado por psicólogo, tanto quanto o estudante que foi o alvo do bullying.

Como é desenvolvido o Programa KiVa

O programa é estruturado para ser aplicado em turmas de crianças dos 6 aos 12 anos e busca ensinar que maltratar colegas não é aceitável. Para isso, o KiVa atua em três frentes: prevenção, intervenção e monitoramento.

O programa, especificamente, é composto por 20 turmas, que são ministradas para alunos de 7, 10 e 13 anos, e nas quais eles são ensinados a reconhecer as diferentes formas de bullying e como melhorar a convivência. Ao longo do ano letivo, os alunos desenvolvem trabalhos de empatia, solidariedade e respeito pelo próximo, a que se agregam manuais para professores, videogames e conversas com pais. Além disso, há uma caixa de correio virtual na qual as vítimas ou possíveis testemunhas podem relatar o assédio de forma anônima, e uma equipe de vigilância composta por três adultos é criada para investigar cada caso possível; incluindo cyberbullying. Determinam se é algo específico ou sistemático e, se necessário, apoiam a vítima e conversam com o assediador para mudar seu comportamento.

A prevenção é feita de maneira simples. Todas as escolas que aplicam o KiVa recebem um treinamento para que toda a equipe saiba o que é bullying e como identificá-lo. Depois disso, são escolhidos três funcionários para serem agentes KiVa: adultos que serão referência quando um problema acontecer e precisar ser discutido.

A abordagem parte da ideia de que os próprios envolvidos no bullying devem sugerir como podem melhorar seus comportamentos, após discussões com os membros da equipe KiVa.

No dia a dia, o objetivo é aumentar a empatia entre os alunos, para fazer com que eles saibam se colocar no lugar dos outros e possam se perguntar “o que posso fazer para ajudar quem está sofrendo?”.

Em um mundo onde a tecnologia digital está se tornando cada vez mais predominante, os pais e os guardiões legais têm o dever adicional de prestar atenção nos perigos desse mundo. Isso significa que eles devem ser mais proativos e limitar o acesso aos dispositivos tecnológicos, assim como impor um sistema de controle de pais rígido em todo aparelho tecnológico que possuírem, dependendo da idade e da personalidade do filho ou do aluno em questão. O acesso pode e deve ser limitado, com horas agendadas para o seu uso, e monitorando as coisas que são vistas pelos filhos. Não é uma boa justificativa se sentar e deixar que as crianças ou que os alunos vivam a vida soltos em um mundo cibernético só porque a tecnologia está se tornando cada vez mais massiva.

Entretanto, a melhor solução permanece como a de sempre. Uma colaboração participativa entre os pais do agressor e da vítima, tendo a escola atuando como um mediador. Os laços sociais fortes das crianças também são de extrema importância em qualquer comunidade para o bem da saúde mental e emocional dos indivíduos de tais comunidades.

Indicações:

Guia Cyberbullying para Pais e Educadores

https://www.platanoeditora.pt/?q=C/BOOKSSHOW/cyberbullying-um-guia-para-pais-e-educadores

UNICEF Como parar com o Cyberbullying

https://www.unicef.org/brazil/cyberbullying-o-que-eh-e-como-para-lo

Marina S. R. Almeida

Consultora Ed. Inclusiva, Psicóloga Clínica e Escolar

Neuropsicóloga, Psicopedagoga e Pedagoga Especialista

Licenciada no E-Psi pelo Conselho Federal de Psicologia para atendimento de Psicoterapia on-line

CRP 06/41029

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