A avaliação neuropsicológica fornece uma análise profunda do funcionamento em pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) e em pessoas com TDAH.
Pessoas com espectro autista costumam apresentar alto nível de ansiedade e são frequentemente afetados por comorbidades que influenciam sua qualidade de vida. No entanto, também têm pontos fortes cognitivos, habilidades, sensibilidades que devem ser identificados a fim de desenvolver estratégias de suporte eficazes.
Neste artigo esclareço uma visão geral das seis áreas essenciais para a avaliação neuropsicológica (inteligência, atenção/concentração, funções executivas, habilidades socioemocionais, teoria da mente e práxis) e explora as causas subjacentes dos problemas comportamentais em pessoas com TEA.
A Psicóloga Marina Almeida é especialista em Transtorno do Espectro Autista. Realizo psicoterapia online ou presencial para pessoas adultas com TEA Leve nível 1 de funcionamento.
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Os resultados objetivos dos testes sugerem que pode ser possível promover um senso aprimorado de coerência. Mas, a base principal serão sempre as entrevistas clínicas de rastreio do fenótipo, coleta de dados de anamnese e história de desenvolvimento da pessoa até a vida adulta atual. Em minha clínica sigo o modelo humanístico socioecológico, isso pode ser fundamental para a saúde emocional, o bem-estar humano num contexto da neurodiversidade.
Considerando que a décima versão da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10) ainda usa uma abordagem categórica na qual o autismo é listado como um dos oito transtornos invasivos do desenvolvimento, a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Mental Disorders (DSM-5) oferece uma descrição mais dimensional dessas condições, considerando-as como um continuum. Como resultado, o DSM-5 usa o termo “Transtorno do Espectro do Autismo” (TEA), porém está previsto a próxima CID-11, a partir de 2022, saindo a classificação diagnóstica de síndrome de Asperger e entrará a nova classificação abrangente do TEA.
As pessoas com TEA frequentemente apresentam alto nível de ansiedade e são frequentemente afetadas por comorbidades psiquiátricas (ansiedade e depressão) e neurológicas (epilepsia e TDAH), que influenciam sua qualidade de vida. Portanto, é fundamental analisar seu funcionamento cognitivo, emocional, adaptar seu ambiente social e material às suas necessidades.
O objetivo da avaliação neuropsicológica é identificar os pontos fortes e fracos da pessoa, avaliar suas consequências na vida cotidiana e organizar o suporte adequado. Além disso, uma avaliação completa pode ser útil para refinar o diagnóstico do paciente. Normalmente, a avaliação neuropsicológica é realizada com base na anamnese e nas queixas do paciente, bem como nas observações clínicas. Como certos testes podem ter que ser modificados sem comprometer a validade dos resultados, as pessoas com TEA devem ser examinadas por neuropsicólogos experientes e bem treinados na área do autismo. Acima de tudo, a investigação deve destacar a singularidade de cada pessoa com TEA. A priori, a avaliação neuropsicológica está predestinada para esse fim, investigar as fragilidades e comorbidades, destacar os pontos fortes, realizar as orientações de apoio de suporte e orientação para um plano terapêutico individualizado.
Existem muitas ferramentas de avaliação neuropsicológica que podem ser usadas para explorar várias facetas da atenção. Dependendo do equipamento, são utilizados testes computadorizados online ou papel-lápis quando aplicação presencial. O teste é sempre guiado por observações clínicas, mas deve pelo menos cobrir o estado de alerta do paciente, bem como sua atenção sustentada, dividida e seletiva. A terceira edição da Escala de Conners, por exemplo, recebeu um DSM-5 atualiza e fornece perspectivas de professores, pais e alunos com relação aos principais sintomas de TDAH e problemas associados. Contudo, existem outras escalas diagnósticas para TDAH validadas no Brasil.
Para atender aos padrões de qualidade da neuropsicologia clínica, um diagnóstico confiável de TDAH deve sempre levar em consideração o perfil cognitivo e comportamental do paciente e ser baseado em uma avaliação cuidadosa de todos os processos de atenção central. Na verdade, tal análise detalhada é extremamente importante no que diz respeito à remediação cognitiva e pode ajudar a melhorar funções específicas de atenção de uma maneira direcionada.
A Teoria da mente, segundo Dr. Anthony John Attwood, refere-se à capacidade de refletir sobre o conteúdo da própria mente e da mente dos outros. Se as pessoas com TEA não são capazes de imaginar os pensamentos, crenças, desejos ou intenções de outras pessoas ignorando seu próprio ponto de vista, elas podem interpretar mal muitas interações sociais, levando ao isolamento social a longo prazo.
A Práxis se refere à habilidade de conceituar, planejar e realizar com sucesso ações motoras intencionais. É amplamente reconhecido que o TEA está associado a anormalidades nas habilidades motoras, variando de falta de jeito a dispraxia, que também é chamada de transtorno do desenvolvimento da coordenação (DCD). Os problemas de práxis podem ter consequências de longo alcance, tanto na esfera privada (por exemplo, vestir, lavar, usar utensílios) quanto na esfera pública (por exemplo, fracasso na escola ou no trabalho, devido a dificuldades organizacionais, fadiga e lentidão). Mas também há evidências crescentes de que a práxis influencia as habilidades sociais, o que é ainda mais importante no que diz respeito às características do espectro do autismo (ou seja, deficiências na comunicação social e na interação social).
Níveis de funcionamento do autismo (TEA):
- LEVE – Nível 1 – Requer pouco apoio, há deficiência na comunicação. Dificuldade em iniciar interação social. Por exemplo, alguém que fala frases inteiras e engaja a comunicação, mas as trocas no diálogo (emissor-receptor) são falhas e as tentativas de fazer amigos são frustradas.
- MODERADO – Nível 3 – Requer apoio muito substancial, pois há severo déficit na comunicação verbal e não verbal. Por exemplo, alguém com poucas palavras compreensíveis que raramente iniciam interação e quando o faz, a aproximação é fora do comum.
- SEVERO – Nível 2 – Requer apoio substancial, pois há déficit na comunicação verbal e não-verbal e deficiência social mesmo com apoio. Por exemplo, alguém que fala frases simples, interage de maneira limitada a interesses específicos e tem linguagem não-verbal fora do comum.
A avaliação neuropsicológica permite uma análise profunda do funcionamento das pessoas do espectro autista e das pessoas com TDAH, a compreensibilidade diagnóstica implica que os estímulos internos e externos sejam percebidos como ordenados, consistentes, estruturados e claros, tornando os eventos futuros previsíveis ou pelo menos explicáveis. Gerenciabilidade refere-se à medida em que as pessoas percebem que têm recursos apropriados para dominar demandas e requisitos complexos. Significância significa que os desafios são considerados valiosos, especialmente no sentido emocional. Portanto, a avaliação neuropsicológica deve enfatizar esses pontos fortes de maneira ponderada e humanística.
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2 respostas
Minha psiquiatra e psicóloga me indicaram fazer uma avaliação neuropsicológica online por terem suspeita de Tea. Mas estou pesquisando, pq pra mim teria que ser online e tbm estou vendo questão de valores. Poderia me passar essas informações por favor.
Obrigado
Bom dia! Andréa
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Um abraço carinhoso e inclusivo.
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Marina S. R. Almeida
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