Segundo o Dr. Jerrod Brown, professor associado, diretor de programa e desenvolvedor líder do mestrado em serviços humanos com ênfase em saúde comportamental forense e em estratégias de trauma, resiliência e autocuidado na Concordia University em St. Paul, Minnesota, define a Alexitimia como um fenômeno complexo e subclínico caracterizado por prejuízos no funcionamento cognitivo-afetivo que podem afetar até 10% da população em geral.
Normalmente, os indivíduos com alexitimia lutam para reconhecer, identificar e descrever seus sentimentos. Isso geralmente inclui dificuldade em discernir entre emoções e sensações fisiológicas.
Como a alexitimia é um fator de risco conhecido para uma ampla gama de problemas de saúde física e psicológica, esta construção psicológica tem implicações significativas para os profissionais que trabalham na área da saúde mental.
Na verdade, a falha em identificar com precisão a presença de alexitimia pode impactar significativamente a compreensão, a triagem, o planejamento de metas e os processos terapêuticos. Portanto, os profissionais de saúde mental devem familiarizar-se com a ampla gama de distúrbios, características e experiências frequentemente associadas a taxas elevadas de alexitimia.
Infelizmente, muitos profissionais de saúde mental não possuem a formação e os conhecimentos necessários para identificar com precisão e tratar eficazmente os sintomas únicos e complexos da alexitimia.
SINTOMAS E INDICADORES DE ALERTA DE ALEXITIMIA
Os sintomas da alexitimia podem variar de pessoa para pessoa e são frequentemente influenciados por muitos fatores neurológicos, biológicos e psicossociais.
Os fatores cognitivos associados à alexitimia podem incluir:
- Déficits na regulação de pensamentos, emoções e processos corporais
- Dificuldade com introspecção
- Problemas de inibição e impulsividade
- Imaginação limitada e vida de fantasia
- Padrões restritos de pensamento
- Confiança no pensamento concreto quase excluindo o pensamento simbólico
Os fatores afetivos associados à alexitimia podem incluir:
- Experiência pessoal de emoções embotada ou limitada
- Dificuldade em identificar e descrever emoções
- Desregulação emocional
- Falha em identificar as causas dos sentimentos pessoais
- Incapacidade de procurar e usar sistemas de apoio para ajudar com problemas emocionais
- Uso e compreensão limitados de sinais emocionais verbais e não-verbais
- Má consciência emocional
- Evitação e supressão de movimento
- Dificuldade em distinguir entre emoções (por exemplo, dizer a diferença entre ansiedade e raiva)
- Inteligência Emocional prejudicada
- Teoria da mente prejudicada
- Dificuldades com habilidades eróticas-afetivas
- Dificuldades com habilidades socioemocionais
Os fatores sociais associados à alexitimia podem incluir:
- Comunicação interpessoal caracterizada por frieza, monotonia e falta de emoção
- Aparente falta de empatia
- Solidão
- Não assertividade
- Déficits de tomada de perspectiva
- Conformidade social
- Déficits de comunicação verbal e não verbal
- Ligações sociais fracas
- Dificuldades com habilidade socioemocionais
- Mascaramento das dificuldades sociais
- Hiper adaptação social
Os fatores fisiológicos associados à alexitimia podem incluir:
- Sensibilidade física à experiência de diferentes sensações
- Tendência a confundir respostas afetivas com experiências ou disfunções fisiológicas
- Comorbidade diagnóstica
A alexitimia frequentemente ocorre concomitantemente com uma gama diversificada de transtornos psiquiátricos, baseados em traumas, transtornos neurocognitivos, de neurodesenvolvimento (por exemplo, o Transtorno do Espectro Autista – TEA) e por uso de substâncias, por isso é provável que os profissionais de saúde mental prestem serviços regularmente a clientes afetados pela alexitimia.
Em particular, os indivíduos com alexitimia são bastante propensos, mas não limitados, a apresentar outro transtorno que apresente sintomas afetivos. É importante notar que a alexitimia pode ser vista como um fator de risco para psicopatologia, bem como para outras condições.
Citarei algumas condições de saúde mental frequentemente associadas à alexitimia:
Uso de substâncias e outros transtornos de dependência
As taxas de prevalência de alexitimia são maiores entre indivíduos com uso de substâncias e problemas de dependência do que na população em geral.
Além disso, os indivíduos com alexitimia parecem estar em risco de problemas mais graves relacionados com o álcool do que aqueles sem alexitimia. Isso levou alguns pesquisadores a postularem que a alexitimia poderia colocar uma pessoa em risco de problemas por uso de álcool. A não consideração do papel da alexitimia no uso de álcool pode prejudicar a eficácia de quaisquer intervenções.
Transtornos relacionados ao estresse
A pesquisa tem vinculado consistentemente a alexitimia a marcadores de estresse fisiológico, bem como a distúrbios relacionados ao estresse.
Por exemplo, indivíduos com alexitimia frequentemente apresentam níveis elevados de estresse crônico nas medidas de resposta ao cortisol e na secreção de cortisol durante o teste de supressão com dexametasona.
Outras evidências incluem aumento da inflamação e respostas imunes atípicas, que podem ser consequências da exposição prolongada ao estresse.
Transtorno de estresse pós-traumático
O transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) é uma condição caracterizada por reações intensas, ansiedade, memórias intrusivas e pesadelos e outros sintomas relacionados.
O início do TEPT é precipitado pela exposição a um evento traumático (por exemplo, violência, acidentes, desastres naturais).
Algumas das mesmas experiências traumáticas que levam ao TEPT também podem contribuir para o desenvolvimento da alexitimia. Como resultado, os profissionais de saúde mental são incentivados a rastrear alexitimia em clientes que apresentam TEPT.
Apego inseguro
A pesquisa encontrou taxas mais altas de alexitimia entre pessoas com padrões de apego inseguros em comparação com pessoas com padrões de apego seguros.
Padrões de apego inseguros também podem fazer com que o indivíduo afetado experimente problemas de confiança, medo de abandono, desconforto geral e diminuição da capacidade de enfrentamento. E tanto os padrões de apego inseguros como a alexitimia têm sido associados ao aumento de problemas emocionais e comportamentais.
Traumatismo craniano
Lesão cerebral traumática é um dano cerebral temporário ou permanente causado por um golpe ou algum outro ferimento na cabeça.
Os sintomas comuns de lesões cerebrais traumáticas incluem impulsividade, agressão, desregulação emocional e más habilidades de enfrentamento quando sob coação. A pesquisa mostra que muitas pessoas que sofrem de lesão cerebral traumática também apresentam alexitimia.
Transtornos do neurodesenvolvimento
Descobriu-se também que a alexitimia é elevada entre pessoas diagnosticadas com distúrbios do neurodesenvolvimento, incluindo transtorno de déficit de atenção/hiperatividade – TDAH, transtorno do espectro do autismo – TEA, transtorno do espectro alcoólico fetal, deficiência intelectual e de desenvolvimento.
O tratamento terapêutico no desenvolvimento de habilidade sociais e emocionais para alexitimia entre pessoas diagnosticadas com transtorno do neurodesenvolvimento pode levar a melhores resultados do tratamento e na qualidade vida das pessoas neurodiversas.
Disfunção do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal
O eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA) pode desempenhar um papel na alexitimia. Este sistema é responsável por regular as respostas ao estresse e garantir que o corpo se ajuste à evolução das condições ambientais.
A exposição a situações estressantes pode provocar hiperatividade crônica do eixo HPA. Nesses casos, uma pessoa corre o risco de ter problemas de saúde física e mental relacionados ao estresse. Devido à conexão potencial, recomendo que os conselheiros também se informem sobre o eixo HPA ao aprenderem sobre alexitimia.
Sintomas somáticos
Indivíduos com alexitimia tendem a pontuar mais alto em medidas de sofrimento físico do que a população em geral.
Estas diferenças fisiológicas poderiam ajudar a explicar a maior prevalência de sintomas de ansiedade e depressão entre aqueles com alexitimia. Durante momentos de angústia, as pessoas com alexitimia podem sentir e reclamar mais de sintomas de base psicossomática.
Tendências dissociativas
A dissociação ocorre quando há uma desconexão entre as cognições, emoções e ações de uma pessoa. A presença de dissociação pode desempenhar um papel no surgimento da alexitimia ou vice-versa. Isto é particularmente evidente em pessoas que sofreram traumas, como negligência e abuso.
Nesses casos, o desenvolvimento de dissociação e alexitimia pode servir como uma resposta adaptativa que evita que a pessoa fique sobrecarregada.
Distúrbios do sono
Indivíduos com alexitimia frequentemente relatam problemas de sono comórbidos. Isso pode incluir dificuldades em permanecer acordado ou em adormecer. Problemas emocionais semelhantes à alexitimia também foram observados entre indivíduos que sofrem de privação de sono.
Problemas de linguagem
Indivíduos com alexitimia muitas vezes têm dificuldade em expressar verbalmente suas próprias emoções. Além disso, os indivíduos com alexitimia têm dificuldade em compreender as comunicações verbais de outras pessoas.
Portanto, problemas com o processamento da linguagem podem ser uma influência causal importante no desenvolvimento da alexitimia.
Disfunção executiva
Indivíduos com alexitimia comumente apresentam déficits nas funções executivas, que são um conjunto de habilidades cognitivas, afetivas e comportamentais que permitem a uma pessoa planejar e executar tarefas específicas.
Em particular, a flexibilidade cognitiva, a inibição e a memória de trabalho são frequentemente descritas como os aspectos primários da função executiva. É importante notar, no entanto, que muitos outros construtos se enquadram na função executiva.
Os sintomas de alexitimia e déficits na função executiva podem ser exacerbados por diversas formas de estresse e trauma extremos. Quando isso ocorre, pode impedir significativamente o cumprimento das metas e o funcionamento adaptativo.
Desregulação da função imunológica.
Um número crescente de estudos relatou uma associação entre alexitimia e desregulação do sistema imunológico. Os mesmos estressores que causam alexitimia também podem alterar o funcionamento do sistema imunológico.
Uma grave consequência da desregulação do sistema imunológico inclui a propensão a uma ampla gama de doenças psicossomáticas.
Déficits de regulação emocional
Indivíduos com alexitimia frequentemente apresentam problemas de desregulação emocional. Por exemplo, os indivíduos com alexitimia geralmente lutam para expressar ou compreender os seus sentimentos e os sentimentos dos outros. Como resultado, muitos confundem os sintomas da alexitimia com falta de empatia.
As consequências da desregulação emocional incluem dificuldades em estabelecer e manter relacionamentos ao longo da vida. Em alguns casos, isto pode levar a uma ruptura na aliança terapêutica.
Preocupação e ruminação
Indivíduos com alexitimia normalmente apresentam altos níveis de preocupação e ruminação. A preocupação é geralmente caracterizada pelo medo do perigo, enquanto a ruminação é caracterizada por pensamentos sobre perda e fracasso.
Esses processos cognitivos repetitivos são comuns em transtornos internalizantes (por exemplo, ansiedade, depressão).
Automutilação deliberada
Pesquisas com base empírica encontraram uma associação entre alexitimia e um histórico de abuso de substâncias e automutilação deliberada. Tais comportamentos autolesivos podem ser uma tentativa de lidar com a desregulação emocional, que é frequentemente exacerbada pela alexitimia.
Risco de suicídio
Alexitimia pode servir como fator de risco para comportamentos suicidas. Indivíduos com alexitimia são propensos à depressão, ansiedade e outros problemas afetivos, todos preditores de comportamentos suicidas.
Existem três testes que costumam ser utilizados como instrumentos no diagnóstico da alexitimia. Não temos testes e escalas com padronização brasileira:
- TAS-20 (Toronto Alexithymia Scale)
- PIEN (Programa Integrado de Exploração Neuropsicológica -Teste de Barcelona)
- A Escala de Cegueira Emocional foi desenvolvida por Taylor e colegas,1986.
Faça o teste em:
A Escala de Cegueira Emocional foi desenvolvida por Taylor e colegas, 1986.
https://www.hiwellapp.com/pt-BR/testes/teste-de-alexitimia-cegueira-emocional
A Psicóloga Marina da Silveira Rodrigues Almeida é especialista em Transtorno do Espectro Autista e TDAH em homens e mulheres. Realizo psicoterapia online ou presencial para pessoas neurotípicas e neurodiversas.
Realizo avaliação neuropsicológica online para diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista em Adultos e TDAH.
Agende uma consulta no WhatsApp (13) 991773793.
Marina da Silveira Rodrigues Almeida – CRP 06/41029
Consultora Ed. Inclusiva, Psicóloga Clínica e Escolar
Neuropsicóloga, Psicopedagoga e Pedagoga Especialista
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