ADIÇÃO EM JOGOS ELETRÔNICOS E INTERNET EM PESSOAS AUTISTAS E PESSOAS TDAH

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Segundo os psicólogos Tony Attwood e Michelle Garnett, em sua experiência clínica mostra que o envolvimento em jogos eletrônicos e Internet proporciona grande entusiasmo e prazer para alguém que pode estar deprimido e ter pouco o que aproveitar e ansiar, conforme descrito por um adolescente autista que disse que a vida é chata e vazia sem a internet. Quando questionados sobre as suas experiências mais agradáveis, os adolescentes e adultos autistas podem responder com “acesso à tecnologia e aos jogos” (Clarke & Adams, 2020). 

O prazer é maior do que experiências interpessoais com familiares e amigos. Os jogos eletrônicos na Internet podem funcionar como um bloqueador de pensamentos, um meio de escapar de pensamentos ansiosos ou deprimidos e um meio de aliviar a solidão e a falta de envolvimento social, conectando-se com outros jogadores.

Dois estudos confirmaram que o vício em jogos eletrônicos tem um efeito mediador na regulação emocional e na conexão escolar. 

Nestes estudos, os traços autistas foram relacionados à diminuição da regulação emocional, que estava relacionada com menor conexão escolar, notas escolares mais baixas e aumento do vício em jogos eletrônicos pela Internet (Hirota et al., 2021; Liu et al., 2017). 

A pesquisa atual indica que entre 40-70% dos indivíduos autistas têm TDAH (Rong et al., 2021). O TDAH está associado a um desejo quase constante de estimulação imediata, como a busca por novidades e a assunção de riscos. A gratificação instantânea oferecida nos jogos pode ser reforçadora para uma pessoa com TDAH a um nível que vai além do que sua vida diária, quando fora da tela, pode oferecer. Um estudo com mais de 4.000 jogadores confirmou que o autismo e o TDAH previram a gravidade dos jogos na Internet (Concerto et al., 2021). Outra pesquisa mostrou que os medicamentos para TDAH podem reduzir os sintomas do transtorno de jogos eletrônicos na Internet (Weinstein & Weizman, 2012), um resultado que observamos clinicamente. 

RECOMENDAÇÕES PARA USO DE JOGOS NA INTERNET 

A Academia Americana de Psiquiatria Infantil e Adolescente (2015) tem as seguintes recomendações para o uso de jogos eletrônicos na Internet. 

  • Evitando videogames em crianças em idade pré-escolar:
  • Verificar as classificações do Electronic Software Ratings Board para selecionar jogos apropriados – em termos de conteúdo e nível de desenvolvimento.
  • Jogar videogame com crianças para compartilhar experiências e discutir o conteúdo do jogo.
  • Definir regras claras sobre o conteúdo do jogo e o tempo de jogo, dentro e fora de casa.
  • Monitorar interações on-line e alertar as crianças sobre os perigos potenciais do contato pela Internet durante jogos on-line.
  • Permitir jogar videogame apenas em áreas públicas da casa, e não no quarto da criança.
  • Lembrando que você é um modelo para seus filhos, incluindo quais videogames você joga e por quanto tempo você os joga.

Aplicação de limites de tempo total de tela:

De acordo com recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso de telas na infância deve ser restrito.

  • Os menores de 2 anos de idade, por exemplo, não devem ter acesso algum. Entre 2 e 5 anos, permanência máxima de uma hora por dia.
  • Entre 6 e 10 anos e tempo deve ser de até duas horas.

Segundo uma pesquisa da Common Sense Media, 30% das crianças dos Estados Unidos foram expostas a uma tela pela primeira vez antes dos dois anos de idade. No caso dos bebês, o uso de tecnologia é ainda mais sensível e pode desencadear problemas no desenvolvimento infantil, em habilidades como a fala. Além disso, os olhinhos também são mais sensíveis à luz azul que os aparelhos emitem. Portanto, a indicação geral de pediatras e de organizações de saúde é que bebês menores de 2 anos não tenham nenhum acesso.

Desde 2016, a Associação Americana de Pediatria (AAP), um dos principais órgãos de saúde infantil do mundo, mudou suas diretrizes para o seguinte:

  • Abaixo de 18 meses: não devem usar telas.
  • 18 meses a 2 anos: pais devem assistir junto para ajudar o filho a entender o conteúdo. Ainda assim, não é recomendável.
  • 2 a 5 anos: tempo de tela máximo de 1 hora por dia. Os pais devem assistir junto.
  • 6 a 10 anos: 2 horas por dia.

Quanto mais jovem o seu filho, menor deve ser o seu tempo de tela, segundo a AAP e outros órgãos, como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Para os pediatras brasileiros, até o uso passivo das telas deve ser limitado.

  • Menores de 2 anos: sem tempo de tela, mesmo que passivamente.
  • 2 a 5 anos: máximo de 1 hora por dia, sempre com supervisão.
  • 6 a 10 anos: no máximo 2 horas por dia, sempre com supervisão.
  • 11 a 18 anos: no máximo 3 horas por dia. 

O ideal é definir o tempo de tela por idade: três horas se for uma criança de 11 anos ou mais, duas horas se tiver menos de 10. Incluindo uso do celular, videogame etc. 

Com as crianças, cuidado também com o conteúdo que elas acessam, por isso supervisione sempre. Já com os adolescentes, dê privacidade. Mas se certifique de que ele não está virando a noite no computador, já que o uso das telas nesses horários prejudica muito o sono.

Oriente também a fazer pausas de 10 minutos a cada 50 minutos de uso de tela, para descansar os olhos. E lembre-se de que não devemos ficar com a cabeça grudada na tela, deve-se manter uma boa distância da tela para não prejudicar a visão.

O resultado prático desse comportamento são vários tipos de problemas. Em geral, eles podem ser:

  • Problemas físicos: relacionados com sobrepeso, sedentarismo ou postura errada. 
  • Problemas psicológicos: ansiedade, tristeza, irritabilidade e dificuldade para dormir.
  • Problemas nos olhos: fadiga visual ou olho seco.

E estes são apenas alguns exemplos que podem ser vistos em crianças, adolescentes e adultos, por isso é importante estar atento ao tempo de tela por idade.

Lidar com o tempo de tela nem sempre é simples. Adolescentes são um bom exemplo: teoricamente podem usar computador, celular, televisão ou tablet por no máximo 3 horas por dia. Mas eles realizam muitas atividades no computador. como: jogar, fazer as deveres do colégio, assistir vídeos no Youtube, conversar com os amigos etc. Como explicar que ela tem 3 horas para fazer tudo isso? Este foi o dilema de muitos pais, especialmente durante a pandemia.

A solução é analisar de que modo a criança ou adolescente usa o computador. Por exemplo:

  • Ele usa o computador para aprender mais? Estudar, consumir conteúdos educativos, conhecer outras culturas?
  • Começou a usar antes da idade recomendada?
  • Usa em locais inadequados ou consome conteúdos inadequados para a idade?
  • Substitui atividades essenciais, como comer, tomar banho, interagir com a família, ajudar com tarefas domésticas, brincar com outras crianças, sair e interagir com amigos no cotidiano, fazer algum esporte, ter algum hobby, ou apenas interage no computador?

Tudo isso deve ser levado em consideração para definir o tempo de tela. Por isso, além da regra básica de tempo, os pais devem analisar a situação dentro de casa para definir. 

Se o seu filho tem uma relação saudável com a tecnologia, talvez possa passar um tempinho a mais. Se dá sinais de uso excessivo, você pode limitar a menos de 3 horas por dia.

A hora de estudar também conta no tempo de tela. Ou seja, se o seu filho faz muitos cursos online ou usa muito o tablet para estudar, precisa reduzir o tempo de tela durante o lazer.

Estas são algumas boas dicas para diminuir o impacto das telas na saúde do seu filho durante os estudos:

  • Colocar as aulas na televisão sempre que possível. Assim não cansará tanto os olhos.
  • A criança deve fazer intervalos entre as atividades. Ela pode dar uma volta pela casa, ir ao quintal e até olhar pela janela por 1 minutinho já ajuda.
  • Fazer as atividades enquanto há luz do dia, de preferência em local bem iluminado. 
  • Não se alimentar em frente às telas (TV, computador, celular, tablet, outros).
  • Nem pensar em usar computador ou celular antes de dormir ou para dormir.
  • E quando ela não estiver em aula, desconexão total. Isso vale para você também, para os pais não usarem celular, tablet e computador, mas interagir com seus filhos, conjugue e tarefas da casa.

Se você sente que você ou seu filho passa tempo demais usando eletrônicos, tente estas dicas:

  • Defina momentos na rotina para usar os eletrônicos. 
  • Defina quanto tempo pode usar por dia e comunique a ele.
  • Avise quando o tempo estiver terminando – assim não dá tempo de lançar a clássica “só mais uma partida, mãe!”. Afinal, alguns jogos têm partidas de 50 minutos!
  • Se o seu filho for criança, acompanhe o uso e demonstre interesse pelo que ele está fazendo no computador, ou assistindo na TV.
  • Se for adolescente, dê privacidade, mas converse quando terminar de usar. 
  • Brinque com a criança depois de usar a tela. Pode ser qualquer coisa, o importante é mostrar que existe diversão na vida offline.
  • E lembre-se: você é o maior exemplo dos seus filhos. Interaja diretamente com eles – brinque, jogue futebol, desenhe, cante, dance, cozinhe, enfim, invente o que precisar para manter seu filho entretido sem as telas.
  • Garantir que os videogames só sejam jogados após a conclusão dos deveres de casa e das tarefas domésticas.
  • Incentive a participação em outras atividades, especialmente atividades físicas (caminhar, andar de bicicleta, natação, etc).

A experiência clínica mostra que algumas dessas recomendações serão um desafio para os pais de uma criança ou adolescente autista, como a prática de jogos em áreas públicas da casa. Ter pessoas por perto pode distrair ou interromper o foco e a concentração de uma pessoa autista durante o jogo. 

Ser um modelo pode ser difícil para alguns pais autistas que têm seus próprios problemas para reduzir o tempo de jogo. 

As recomendações também exigem que os pais sejam assertivos e consistentes e que resistam à capacidade da criança autista de frustrar as recomendações. No entanto, as recomendações são sábias e baseadas na sabedoria coletiva de psiquiatras de crianças e adolescentes e psicólogos clínicos. 

A Psicóloga Marina Almeida é especialista em Transtorno do Espectro Autista e TDAH em adultos. Realizo psicoterapia online ou presencial para pessoas neurotípicas e neurodiversas.

Realizo avaliação neuropsicológica online para diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista em Adultos e TDAH.

Agende uma consulta no WhatsApp (13) 991773793.

Marina S. R. Almeida – CRP 06/41029

Consultora Ed. Inclusiva, Psicóloga Clínica e Escolar

Neuropsicóloga, Psicopedagoga e Pedagoga Especialista

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