LIVRO AUTISMO… O QUE ISSO SIGNIFICA PARA MIM?

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(Tradução Psicóloga Marina S. R. Almeida)

Autora Catherine Faherty, 2014

O livro “Autismo …O que isso significa para mim?” da autora Catherine Faherty, no formato atual desenvolvido pela autora, é literalmente cocriado pela criança (ou adulto) autista, ainda é o único do gênero. Não é porque não há livros de autismo em abundância. As pessoas compram livros como o de Catherine ao lado de livros escritos por PhDs, pesquisadores e acadêmicos; relatos escritos por pais de crianças pequenas; e, cada vez mais, autobiografias escritas por adultos autistas. Cada um desses livros tem algo a ensinar ao seu leitor sobre o autismo. Mas, o livro de Catherine inclui planilhas para a criança (ou adulto) com autismo, bem como páginas de material explicativo e ideias para estudo adicional para educadores, pais ou profissionais de saúde.

Novas páginas foram incluídas direcionadas para leitores mais velhos. Por exemplo, adolescentes explorando sua identidade sexual, entendendo melhor meu diagnóstico, minha identidade primeiro, quais profissões posso me realizar, etc. Páginas sobre a importância e o significado de stimming (estereotipias) são novas, juntamente com páginas sobre comportamento autolesivos, tiques, dor emocional, empatia e muito, muito mais.

No capítulo sobre Amigos, Catherine inclui o que aprendeu com adultos e adolescentes sobre a importância das amizades na internet como uma força vital e sustentadora em muitas vidas isoladas. Ela também adicionou novas informações sobre os perigos que podem estar associados a conhecer pessoas online e dicas práticas sobre como proteger a segurança pessoal na internet.

A nova edição também inclui temas como “Felicidade” associada a realização pessoal. Tópicos sobre: Perdão, Apreciação e Gratidão, Aceitação, Coragem, Bondade. Sua inclusão é um lembrete pungente de quão raramente lemos sobre essas qualidades no currículo padrão da pessoa autista.

Resolvi traduzir resumidamente alguns capítulos do livro que poderão elucidar muitas questões importantes e atuais sobre as pessoas autistas.

Muitas pessoas autistas são treinadas em estratégias de tratamento comportamental, mas muitas vezes a felicidade é considerada um objetivo muito evasivo. Aprendemos a lutar apenas pela eliminação de comportamentos indesejáveis, esquecendo que, como todo mundo, uma pessoa autista deve aprender a ser feliz: primeiro consigo mesma, em com a construção de sua vida.

Pessoas autistas têm muitos talentos e habilidades diferentes, embora muitas vezes, a literatura acabe focando apenas nos aspectos negativos.

Por isso, penso que gostaria de começar por demonstrar que pessoas autistas são altamente imaginativas, que são capazes de canalizarem suas energias em atividades valiosas, como desenho, escrita, música, matemática, pesquisa, tecnologia, além de saberem cozinhar ou fazerem um lindo jardim.

Abaixo estão apenas alguns dos atributos positivos associados ao autismo:

  • Bons pensadores lógicos – alguém pode se sair bem em matemática, ciências e Tecnologia da Informação
  • Criativo – Muitas vezes você ouve pessoas dizendo que indivíduos com autismo não têm ‘imaginação’, no entanto, isso muitas vezes não é o caso, pessoas autistas podem ser muito artísticas e criativas.
  • Confiável e verdadeiro
  • Ter um talento em uma área específica – isso é particularmente útil se isso puder ser canalizado também na carreira.
  • Aguçado senso de certo e errado
  • Capacidade de ver as coisas de uma perspectiva diferente
  • Ter uma boa memória para fatos
  • Resistência – quando se engaja em um interesse preferencial
  • Talento para o esporte como nadar ou correr ou outras modalidades desportivas
  • Entusiasmo
  • Grandes pesquisadores
  • Buscadores da verdade
  • É improvável que sejam valentões ou manipuladores sociais
  • É improvável que discrimine outras pessoas com base em idade, raça, sexo ou outro critério
  • Boa ética de trabalho
  • Determinação
  • Ter integridade
  • Ter pensamento visual (pensamento imagético) e a boa imaginação podem ajudar as pessoas autistas a se tornarem grandes artistas, escritores e poetas

A Dra. Wendy Lawson, psicóloga de renome internacional e pessoa autista prefere o termo ‘Diffability’ (diferentes habilidades) como um conceito alternativo para ‘Deficiência’. Ela afirma que, sem pessoas autistas, o mundo moderno seria um lugar muito diferente, pois muitos dos grandes artistas, inventores e cientistas do nosso tempo foram considerados dentro do Transtorno do Espectro Autista, eles já existiam pouco antes do autismo ser identificado.

O que é Transtorno do Espectro Autista – TEA?

O termo “autismo” descreve uma coleção de transtornos do desenvolvimento ao longo da vida que afetam a forma como uma pessoa se relaciona e se comunica com os outros ao seu redor.

Vou citar alguns conceitos diagnósticos comuns que você pode ter ouvido falar, mas estes termos atualmente não são mais válidos:

  • Síndrome de Asperger
  • Transtorno Autista
  • Transtorno invasivo do desenvolvimento
  • Transtornos globais do desenvolvimento

Recentemente, descobriu-se que ter muitos tipos diferentes de diagnóstico para autismo pode ser confuso e pode não ser considerado útil, portanto, agora tendemos a usar o termo Transtorno do Espectro do Autismo – TEA ou apenas Autismo.

O Autismo é um diagnóstico amplo que inclui pessoas com Q.I. muito alto, bem como aquelas com dificuldades de aprendizagem. É chamado de “Transtorno do Espectro Autista” porque há muitas maneiras do autismo interferir no desenvolvimento das pessoas, em diferentes áreas, graus e peculiaridades. Algumas pessoas autistas vivem vidas muito independentes, enquanto outras sempre precisarão de suporte especializado intensivo.

As características do autismo variam de pessoa para pessoa, porém existem áreas que as pessoas autistas terão dificuldades:

INTERAÇÃO E COMUNICAÇÃO SOCIAL

Dificuldade com a flexibilidade de pensamento – lidar com mudanças, interesses restritos, prever o que vai acontecer a seguir, entender as ações de outras pessoas e pensamentos.

INTERAÇÃO SOCIAL

Pessoas autistas podem achar difícil formar relacionamentos com os outros, muitos querem ser sociáveis, mas não têm as habilidades sociais para conseguir isso de forma eficaz. Outros indivíduos podem ativamente evitar o contato social completamente.

Envolver-se em interação social pode ser provocante de ansiedade para as pessoas autistas. Estar ciente do que é socialmente apropriado é difícil, pois não há resposta certa ou errada, pois muda em diferentes situações e depende de com quem você está.

O contato visual também pode ser extremamente difícil e causar ansiedade para algumas pessoas autistas. Pode ser difícil iniciar uma conversa ou se envolver em conversa fiada quando você tem necessidades adicionais em torno da comunicação.

COMUNICAÇÃO

Há uma série de dificuldades de comunicação que as pessoas autistas podem experimentar.

Algumas pessoas podem falar fluentemente, enquanto outras não falam nada, são as não verbais. Aqueles que podem falar bem, ainda experimentam dificuldades de comunicação, como dar longos discursos em seus interesses favoritos, não se revezando na conversa, tendo uma compreensão muito literal de linguagem ou ter capacidade limitada para expressar como eles sentem/pensam. Frequentemente, a comunicação será usada para atender às suas próprias necessidades, em vez de engajamento social.

Nem toda comunicação tem a ver com a fala. A comunicação não verbal pode ser difícil para as pessoas autistas entenderem. Reconhecer expressões faciais, linguagem corporal, tons de voz podem ser muito desafiadores e podem levar à confusão e ansiedade.

PENSAMENTO FLEXÍVEL

O pensamento flexível afeta muitas áreas da vida de uma pessoa, nos ajuda a entender e prever comportamento de outras pessoas e imaginar outras situações que normalmente não vivenciamos.

Ter dificuldades com o pensamento flexível pode resultar em pessoas autistas tendo preferência por rotinas ou uma aversão à mudança, pois isso reduz qualquer ansiedade causada por não ser capaz de imaginar o que vai acontecer a seguir. Muitas vezes as pessoas autistas terão interesses especiais sobre os quais eles se tornam muito bem informados.

Pessoas autistas podem achar difícil entender pensamentos, sentimentos e desejos de outras pessoas. Isso pode levar à frustração tanto para a pessoa autistas quanto para a pessoa que não tem autismo.

PERGUNTAS FREQUENTES

1. Qual a causa do autismo?

A causa exata do autismo ainda é desconhecida, mas os pesquisadores acreditam que é provável que fatores genéticos e ambientais desempenham um papel importante. Como a genética pode desempenhar um determinante no ser humano, significa que algumas pessoas autistas podem estar mais inclinadas a ter autismo e isso pode ser herdado e pode ser repetido na família ou em seus filhos.

2. Existe uma cura para o autismo?

Atualmente não há cura conhecida para o autismo. Nenhum medicamento, alimento ou terapia pode aliviar o autismo. No entanto, alguns tratamentos, estratégias e terapias podem ter sucesso, ajudando a gerenciar algumas áreas do autismo, apoiando os indivíduos a levar uma vida com realizações.

3. Quão comum é o autismo?

Estima-se que 1 em cada 44 pessoas tenha autismo, embora seja difícil ter uma estimativa exata mundial, já que nenhum registro oficial é mantido e muitas pessoas não são diagnosticadas. Nós não sabemos porque o autismo afeta mais homens do que mulheres. Atualmente os subdiagnósticos realizados na infância, adolescência ou vida adulta em mulheres tem instigado os pesquisadores e elevado as estimativas de prevalência, que são de 1 mulher para cada 3 homens com autismo. O autismo no feminino tem marcadores diferentes dos homens, sendo que atualmente se observa o desenvolvimento dos indicadores mais presentes nas mulheres na entrada da puberdade e adolescência, diferente dos homens que se inicia em idade precoce.

Em dezembro de 2021, o relatório do CDC (Center of Diseases Control and Prevention) – Centro de Controle de Doenças e Prevenção, publicou dados recentes a respeito da prevalência de autismo entre crianças de 8 anos (1 a cada 44 crianças), dados estes que foram coletados em 2018, obtiveram um aumento de 22% em relação ao estudo anterior (1 para cada 54 crianças). Segundo Paiva Jr (2021), se estes dados fossem referentes ao Brasil, o país teria cerca de 4,84 milhões de autistas, entretanto, apesar de alguns estudos em determinados estados, não se tem-ainda um número de prevalência no Brasil.

4. Vou piorar ao logo do tempo sendo uma pessoa autista?

O autismo não é uma condição degenerativa, por isso não piora com o tempo. No entanto, a forma como o autismo se expressa em cada indivíduo pode mudar às vezes, devido aos estresses da vida, mecanismos de enfrentamento e estratégias dos indivíduos que estão sendo usados para apoiar a pessoa.

O que compromete a pessoa autista são as comorbidades, que geralmente podem estar presentes. Se não forem tratadas com psicoterapia e acompanhamento neurológico e ou psiquiátrico evoluem, comprometem a saúde emocional e qualidade de vida da pessoa autista, como por exemplo, ansiedade, depressão, TDAH, Epilepsia, Transtorno Obsessivo Compulsivo, Transtorno Afetivo Bipolar, dentre outras.

5. Eu tenho que contar para as pessoas que sou uma pessoa autista?

Cabe a você está decisão, quando elaborar isso ao seu próprio tempo. Pode ser útil por algumas razões: ajudará os outros a entendê-lo melhor; isso pode ser muito importante para seus familiares, namorado(a), esposa(o), amigos e pessoas com quem você trabalha ou estuda. Também para garantias de direitos (existe uma legislação de garantias de direitos das pessoas autistas no Brasil), poderá ajudar também na sua vida acadêmica e profissional, deverão promover as providências necessárias e adequações necessárias para sua vida acadêmica e laboral.

Outro fato importante é o seu empoderamento como pessoa autista.

6. As pessoas saberão que eu tenho autismo?

Nem sempre é possível dizer se alguém tem autismo, por isso que é conhecido como uma “deficiência oculta” ou mascarada. Ninguém tem “cara de autista”.

7. Quão comum é a diversidade de gênero entre pessoas autistas?

Muitos estudos examinaram a prevalência da diversidade de gênero entre pessoas autistas. Um dos estudos mais citados descobriu que cerca de 15% dos adultos autistas na Holanda se identificam como trans ou não binários; o percentual é maior entre as pessoas designadas do sexo feminino ao nascer do que entre as pessoas designadas do sexo masculino, tendência observada em outros estudos. Por outro lado, menos de 5% dos adultos na população geral da Holanda têm uma identidade diferente de cisgênero. E em um estudo de 2018 nos Estados Unidos, 6,5% dos adolescentes autistas e 11,4% dos adultos autistas disseram que desejavam ser do gênero oposto ao que lhes foi atribuído no nascimento, em comparação com apenas 3 a 5% da população geral. Este estudo também descobriu que, em duas medidas de traços de autismo, pontuações mais altas estavam associadas a uma maior probabilidade de diversidade de gênero. Um estudo de 2019 encontrou uma associação semelhante em crianças que não são diagnosticadas com autismo.

Da mesma forma, o autismo parece ser mais prevalente entre pessoas de gênero diverso do que na população em geral. Uma pesquisa australiana de 2018, com adolescentes e jovens adultos transgêneros, descobriu que 22,5% foram diagnosticados com autismo, em comparação com 2,5% de todos os australianos. Alguns especialistas estimam que 6 a 25,5 por cento das pessoas com diversidade de gênero são autistas.

HABILIDADES SOCIAIS E AUTISMO

As habilidades sociais são as habilidades que temos que nos ajudam a interagir e nos comunicar com os outros. Elas incluem comportamentos que são verbais e não verbais:

  • Compreender as emoções – compreender a linguagem corporal e as expressões faciais.
  • Habilidades interpessoais – compartilhamento, troca de turnos, espaço pessoal.
  • Habilidades de resolução de problemas – ser capaz de pedir ajuda.
  • Resolução de conflitos – lidar com a perda, bullying e ou cyberbullying, ser deixado de fora, controle da raiva, pedir desculpas.
  • Habilidades de conversação – iniciar uma conversa contínua, contato visual, ouvir, tom correto e volume de voz, sorrindo ao cumprimentar as pessoas.

Para pessoas autistas, essas habilidades sociais podem ser difíceis de entender. Não é capacitismo aprender a desenvolver algumas habilidades sociais necessárias para o cotidiano, dentro das necessidades que a pessoa autista possa se sentir confortável. O que não é aconselhável é treinar pessoas autistas para se tornarem ditas “normais”.

A parte complicada é que as pessoas esperam que você saiba quais são essas regras sociais, mesmo que ninguém possa dizer a você exatamente o que são. Por isso, é importante um acompanhamento com psicólogo especialista em autismo.

O apoio/social de grupos de pessoas autistas oferecem um ambiente descontraído onde as pessoas podem se encontrar para discutir coisas que são

importante para você ou apenas socializar.

RELACIONAMENTOS

Para a maioria das pessoas, os relacionamentos são importantes, pois nos ajudam a aprender o comportamento social apropriado, desenvolver a autoconfiança e fornecer uma rede de apoio acolhedora. Muitas pessoas autistas acham que fazer e manter relacionamentos é algo muito difícil. No entanto, isso não significa que pessoas autistas não sejam capazes de ser bons amigos para os outros ou fazer bons parceiros de vida. Sabemos que é prejudicial à saúde mental ficar isolado e sem contato humano significativo e acolhedor, geralmente leva a cronicidade das comorbidades existentes, como Ansiedade, Depressão e Transtorno Obsessivo Compulsivo, dentre outros quadros.

AMIGOS

Pessoas autistas podem ser amigos muito leais, atenciosos e honestos, mas pode ser difícil fazer amigos quando você tem dificuldades com interação social e comunicação.

Algumas dificuldades que você possa apresentar:

  • Saber fazer amigos
  • Interpretar equivocadamente uma amizade como somente sendo amizade e não é namoro
  • Saber quem são amigos genuínos para que você não seja “usado” por outros
  • Manter amizades sinceras e companheiras
  • Manter contato com seus amigos
  • Sair com seus amigos quando é convidado ou você convidá-lo para sair

As amizades geralmente são construídas com base em interesses compartilhados, então talvez ingressar em um clube, ter hobbies, grupos virtuais de interesses possa ser interessante para iniciar amizades.

É difícil saber quem são amigos genuínos, mas geralmente os amigos nos ajudam sem que nos peçam, complementam-nos e é uma relação mútua (então uma pessoa não está ali para dar tudo), mas para conversar, se interessar por um assunto, para se divertir, sair, fazer um lazer como ir ao cinema ou fazer uma caminhada. Amigos podem ter outros amigos, amizade requer esforço, mas com equilíbrio e respeito mútuo.

Muito jovens autistas, não sabem utilizar a internet com segurança para fazer amigos, pesquisar sobre sexo e sexualidade. Geralmente podem ser alvos de predadores sexuais ou pessoas mal intencionadas. Alguns dos desafios para pessoas autistas:

  • Aprender a utilizar a internet de forma segura
  • Procurar grupos e interesses com jovens e ou adultos autistas
  • Usar imagens, fotos e sexting (nuds)
  • Aprender a escrever textos e mensagens para interação social amigável

Sexting é uma prática que pode ser prejudicial aos jovens de diversas maneiras, tanto físicas quanto emocionais. Os jovens autistas também podem ser abordados por predadores sexuais. Em alguns casos, os adolescentes enviam mensagens de teor sexual para pessoas conhecidas, com as quais já têm alguma relação afetiva. Mas, em outros, esses conteúdos podem ser enviados para pessoas que os jovens conheceram na própria internet. 

Quando isso acontece, o adolescente não tem controle nenhum sobre o que pode acontecer com as imagens após o envio, além de a conversa poder estar acontecendo com alguém que não é exatamente quem diz ser. A confiança construída em uma relação virtual pode fazer com que o jovem aceite se encontrar pessoalmente com o amigo virtual e, com isso, surge o risco de abuso sexual e de estupro. Os jovens também podem ser pressionados ou chantageados para que iniciem a prática do sexting. Pessoas conhecidas podem fazer ameaças de, por exemplo, expor segredos do adolescente na escola e, em troca do silêncio, exigir o envio de mensagens com teor sexual. Depois do primeiro envio, as vítimas podem ser chantageadas a continuar, sob ameaça de exposição das fotos já enviadas.

Os adolescentes autistas são vulneráveis pela própria condição do autismo, além da pressão feita por colegas ou por pessoas mais velhas. Com medo do julgamento ou de não serem aceitos socialmente, acabam enviando mensagens indevidas e sofrendo as consequências desse ato.

As imagens enviadas pelos jovens durante a prática de sexting podem ter diversos destinos — ser compartilhadas em grupos de aplicativos de mensagens, ser enviadas para amigos do receptor ou aparecer em sites pornográficos. Quando isso acontece, a vítima pode sofrer impactos emocionais traumáticos, já que esse tipo de episódio leva ao bullying, à depressão e até à ideação suicida.

A depender da idade do jovem, o conteúdo compartilhado pode ser considerado pornografia infantil. Por isso, é importante que a criança ou o adolescente autista conheça as consequências desse ato, tanto para si quanto para quem recebe as imagens. Além das questões legais, estar envolvido nesse tipo de situação pode trazer prejuízos para a saúde emocional da vítima, tanto em curto quanto em longo prazo. 

Como os pais podem aconselhar os filhos nesse cenário?

É importante que os pais mantenham uma relação de confiança e de diálogo com os filhos e deixem claros quais são os perigos que o sexting oferece. O ideal é que essa conversa aconteça antes dos primeiros sinais de trocas de mensagens indevidas, como uma forma de prevenção. Caso isso não seja mais possível, os pais, além de falarem sobre os perigos dessas ações, devem ainda mostrar-se compreensivos e dizerem que estão disponíveis para ajudar caso o jovem esteja passando por esse tipo de situação.

Muitas vezes, por medo se serem castigados ou por vergonha, os adolescentes escondem os fatos dos pais. 

Algumas orientações para ter uma boa conversa sobre sexting com o seu filho:

  • Não espere que aconteça um incidente desagradável para começar a dialogar sobre o assunto;
  • Escolha um momento em que o jovem esteja calmo para começar a conversa e garanta que ele não tenha distrações nesse período;
  • Defina regras para o uso de aparelhos eletrônicos;
  • Deixe claros os perigos e as consequências do envio de conteúdos sexuais;
  • Coloque-se à disposição para tirar dúvidas e mostre-se aberto a novas conversas;
  • Oriente o jovem a excluir imagens sexuais caso receba esse conteúdo de terceiros. 

Se o seu filho foi forçado a enviar conteúdo sexual, ou se as imagens foram enviadas para um adulto, procure a polícia. Se ele fez sexting por vontade própria, converse sobre os perigos dessa prática. Em ambos os casos, o apoio de uma equipe profissional especializada em saúde mental é muito importante.

SEXUALIDADE E IDENTIDADE DE GÊNERO

O campo está começando a obter uma imagem clara da extensão em que os dois espectros se sobrepõem: a identidade de gênero e a sexualidade são mais variadas entre as pessoas autistas do que na população em geral, e o autismo é mais comum entre as pessoas que não se identificam como seu sexo atribuído. do que na população em geral de 3 a 6 vezes mais comum, de acordo com um estudo de agosto. Os pesquisadores também estão obtendo ganhos sobre a melhor forma de apoiar pessoas autistas que se identificam fora dos gêneros convencionais.

A sexualidade também parece ser mais variada entre pessoas autistas do que entre aquelas que não têm a condição. Apenas 30% das pessoas autistas em um estudo de 2018 identificadas como heterossexuais, em comparação com 70% dos participantes neurotípicos. E embora metade das 247 mulheres autistas em um estudo de 2020, tenham sido identificadas como cisgênero, apenas 8% relataram ser exclusivamente heterossexuais.

As experiências sociais são provavelmente um componente principal, dizem os especialistas. Em comparação com pessoas neurotípicas, as pessoas autistas podem ser menos influenciadas pelas normas sociais e, portanto, podem apresentar seus “eus” internos de forma mais autêntica. “Você poderia então entender a coocorrências como talvez uma expressão mais honesta de experiências subjacentes”, diz John Strang, diretor do Programa de Gênero e Autismo do Hospital Nacional Infantil em Washington, DC.

É possível que pessoas autistas possam chegar a conclusões sobre sua identidade sexual de forma diferente das pessoas neurotípicas, diz Jeroen Dewinter, pesquisador sênior da Universidade de Tilburg, na Holanda. Algumas pessoas autistas disseram a ele que provavelmente se identificariam como bissexuais após uma experiência sexual do mesmo sexo, mas as pessoas neurotípicas podem ter menos probabilidade de adotar essa terminologia com base em um único encontro do mesmo sexo.

Algumas pessoas autistas podem lutar para expressar seus sentimentos em relação ao gênero. Mesmo quando expressam esses sentimentos, muitas vezes enfrentam dúvidas dos médicos por causa de estereótipos sobre pessoas autistas, o que pode bloquear seu acesso a cuidados médicos.

Identificar crianças autistas que podem precisar de apoio para afirmar sua identidade é particularmente importante porque algumas podem procurar intervenções médicas, como bloqueadores da puberdade, que são sensíveis ao tempo.

Os médicos devem estar cientes de que as pessoas autistas podem apresentar sua identidade de gênero de forma diferente das pessoas neurotípicas. Algumas pessoas autistas que fazem a transição de um gênero para outro não estão cientes de como também precisam mudar suas dicas sociais, como se vestem, se quiserem comunicar claramente sua identidade de gênero aos outros. Os médicos e psicólogos especialistas em autismo podem ajudar as pessoas autistas a navegar nessas transições e garantir que tenham o mesmo acesso a cuidados médicos de afirmação de gênero que as pessoas neurotípicas têm, segundo Aron Janssen, professor associado de psiquiatria e ciências comportamentais da Northwestern University em Chicago, Illinois.

PARCEIROS

Algumas pessoas autistas desejam um parceiro amoroso ou sexual, enquanto outras não têm o mesmo desejo ou necessidade.

Pontos positivos que pessoas autistas podem oferecer em um relacionamento:

  • Ser confiável, honrar os compromissos assumidos
  • Ser extremamente leal
  • Ser honesto, raramente mentindo

Algumas dificuldades experimentadas em relacionamentos íntimos com pessoas autistas podem incluir:

  • Empatia – lutando para ver o ponto de vista das outras pessoas
  • Isolamento – passar muito tempo seguindo interesses únicos
  • Sensibilidades sensoriais – não gostar de toque ou contato íntimo, sair para lugares barulhentos
  • Necessidades sexuais podem ser diferentes e a forma também do contato sexual podem variar caso a caso

EMPREGO

Para algumas pessoas autistas, encontrar emprego pode ser uma parte importante da vida adulta, pois pode proporcionar oportunidades para realização profissional, melhorar a autoestima, ter autonomia e independência, desenvolver habilidades sociais e fazer amigos.

No Brasil temos a ONG Specialisterne Brasil e a ONG Benfeitoria , especializada em pessoas neurodiversas, empregabilidade para pessoas autistas. Os contatos das ONGs são estes:

https://specialisternebrasil.com/ e https://benfeitoria.com/

Pessoas autistas podem ter qualidades específicas que os empregadores podem achar desejáveis em funcionários, como:

  • Confiável
  • Honesto
  • Bem informado
  • Determinado
  • Ético
  • Responsável
  • Pesquisador
  • Questionador
  • Criativo e imaginativo

Pode ser difícil para todos encontrar um emprego adequado e há uma série de

organizações que talvez possam oferecer suporte.

Para algumas pessoas autistas com dificuldades de interação social e comunicação pode ser uma barreira ao acesso ao emprego. Existem alguns cursos de treinamento projetados para pessoas autistas com o objetivo de abordar essas questões, bem como apoiar indivíduos para desenvolver novas habilidades.

Muitas pessoas autistas podem viver vidas relativamente independentes, exigindo pouco apoio, enquanto outros podem exigir uma vida inteira de suporte.

Ter um diagnóstico de Autismo é garantia de ter direitos garantidos pela lei, ter apoio de serviços públicos de saúde, educação dentre outros direitos, permite que você tenha suas necessidades atendidas.

BENEFÍCIOS (no Brasil)

  • Você pode ter direito a alguns desses benefícios:
  • Subsídio de Invalidez
  • Benefício Fiscal de Habitação/ e aquisição de Automóvel
  • Subsídio de Emprego e Apoio
  • Subsídio de Desemprego
  • A Consulta de Benefícios no INSS (Previdência Social) pode lhe dar suporte e aconselhamento sobre como reivindicar os benefícios certos, como o LOAS

MITOS COMUNS SOBRE O AUTISMO

Todas as pessoas autistas são iguais.

Verdade: O autismo é um transtorno do espectro que inclui uma série de sintomas. Não há duas pessoas autistas com os mesmos sintomas. Cada pessoa autista é exclusiva.

Pessoas com autismo não têm sentimentos.

Verdade: Pessoas autistas são extremamente capazes de experimentar emoções e sentimentos como qualquer pessoa, elas apenas não sabem reconhecer seus sentimentos e nomeá-los. Algumas pessoas autistas podem ter maneiras únicas ou individuais de demonstrar seus sentimentos.

Pessoas autistas são incapazes de desenvolver relacionamentos.

Verdade: É provável que as pessoas autistas desenvolvam a maior parte de seus fortes relacionamentos com membros próximos da família. Outros constroem novos relacionamentos com amigos que decorrem de interesses compartilhados. Há muitas pessoas autistas casadas ou têm relacionamentos comprometidos.

Vacinas infantis podem causar condições do espectro do autismo.

Verdade: Esta era uma crença popular no final da década de 1990, depois que um relatório fraudulento foi divulgado na Lanceta. Este relatório já foi refutado em 2011, um relatório do Institute of Medicine concluiu que não há ligação entre autismo e vacinas infantis.

Autismo é causado por pais frios e distantes.

Verdade: Atualmente não há causa conhecida para o Autismo, porém sabe-se que a paternidade não pode causar isso.

Todas as pessoas autistas têm um talento extraordinário.

Verdade: Isso é comumente conhecido como “Síndrome de Savant” e foi retratado no filme “Rain Man”, em 1988. Embora afete mais pessoas autistas do que aquelas sem ele, ainda é uma síndrome extremamente rara.

ANSIEDADE E DEPRESSÃO

Por si só, o autismo não é uma deficiência de aprendizagem ou problema de saúde mental, mas as pessoas autistas podem ser mais vulneráveis a problemas de saúde mental, em particular apresentando Ansiedade, Depressão, TDAH, Epilepsia, Transtorno da Integração Sensorial, e ou outros quadros.

DEPRESSÃO

Geralmente os sintomas de depressão incluem:

  • Sentindo-se triste, irritado e as vezes hostil
  • Mudança no apetite (comer demais ou sem apetite
  • Alterações no padrão de sono
  • Tendo pouco interesse em atividades que você gostava
  • Retraimento social
  • Sentindo-se ansioso ou preocupado
  • Ter baixa autoestima
  • Dificuldades com a memória
  • Pessimismo sobre a vida
  • Pensamentos negativos frequentes
  • Desejar morrer
  • Mudanças no humor aparentemente sem motivo evidente: chorar, se irritar, gritar, ficar triste

Para pessoas autistas, reconhecer a depressão pode ser difícil por vários motivos. Isso é não é fácil para as pessoas autistas identificar e explicar como estão se sentindo aos profissionais e aqueles ao seu redor. As pessoas da família podem seguir suas rotinas normais, levá-los a comer, dormir ou até mesmo participar de atividades de lazer, e não perceberem o sofrimento da depressão na pessoa autista. Por isso, é importante para a pessoa autista reconhecer seus sentimentos, reconhecer seu sofrimento e mudanças no comportamento. O primeiro passo, é procurar ajuda com especialistas em autismo: psiquiatra e psicólogo.

Razões para Depressão em adolescentes e adultos autistas podem incluir:

  • Isolamento social – não ter redes de suportes terapêuticos adequados, não sair para lazer, ou alguma atividade social/laboral/escolar ou não ter amigos
  • Assédio moral, sexual, bullying ou cyberbullying no trabalho, escola ou internet
  • Dificuldades com relacionamentos – no trabalho, em casa, com parceiros ou amigos
  • Dificuldades em como iniciar a vida sexual
  • Dificuldades com identidade de gênero
  • Baixa autoestima e sentimento não ser aceito pelos outros
  • Dificuldades acadêmicas por não ser compreendido na escola ou universidade
  • Dificuldades para procurar emprego

ANSIEDADE

A ansiedade é comum entre pessoas autistas e pode afetá-las tanto fisicamente como em sua saúde emocional. Os sintomas mais comuns incluem:

  • Tontura
  • Boca seca
  • Sudorese nas mãos
  • Coração acelerado
  • Diarreia
  • Dificuldades em dormir
  • Dificuldade de concentração
  • Inquietação
  • Uma sensação de pavor, medo
  • Impaciência
  • Altas expectativas
  • Só pensar no futuro com dificuldades de viver o cotidiano (presente)
  • Sobrecarga de atividades diárias
  • Insegurança
  • Gagueira ou mudez
  • Paralisação frente a situações de exposição social

Há muitas maneiras pelas quais você pode se ajudar a gerenciar sua ansiedade.

  • O primeiro passo, procurar ajuda com psicólogo especialista em autismo e psiquiatra.
  • Faça algo que você goste – ouça música, dê um passeio com um amigo, assista TV ou tome um banho.
  • Use técnicas de relaxamento – estas incluem exercícios de respiração profunda, músculos progressivos relaxamento ou ouvir música calmante.
  • Mantenha um diário da ansiedade quando ela ocorrer para que você possa reconhecê-la, aprender mais sobre ela e desenvolver suas próprias estratégias para lidar e levar o relato para o seu psicólogo especializado em autismo.

TRATAMENTO PARA DEPRESSÃO E ANSIEDADE

O tratamento para Depressão e Ansiedade pode incluir avaliação com especialistas em autismo, psiquiatra, alguns casos uso de medicação e acompanhamento psicológico. Somente o uso de medicação não irá resolver seu problema.

PROBLEMAS SENSORIAIS

Recebemos informações sensoriais dos 5 sentidos (olfato, tato, visão, audição, paladar), o sentido de movimento (o sistema vestibular) e o sentido de posição (propriocepção –consciência da posição do seu corpo).

Muitas pessoas autistas experimentam dificuldades com o processamento de informações sensoriais que pode resultar em sensibilidades sensoriais, como hipersensibilidade (hipersensibilidade) ou subsensível (hipossensibilidade) à informação sensorial.

HIPERSENSIBILIDADE

Indivíduos que experimentam hipersensibilidades podem ficar sobrecarregados de tantas informações sensoriais. Coisas como roupas esfregando contra a pele, sendo tocadas por outras pessoas e barulhos altos talvez insuportáveis para algumas pessoas. As pessoas com hipersensibilidade muitas vezes descrevê-lo como sendo “constantemente bombardeado” com informações sensoriais e isso pode causar altos níveis de estresse e ansiedade para eles, o que pode resultar em comportamento que desafia outros.

HIPOSENSIBILIDADE

Pessoas com hipossensibilidade mostram uma tolerância extraordinariamente alta a alguns em formação. Seu limiar de dor pode ser maior ou eles gostam de sabor forte ou perfumado Itens. Se eles têm hipossensibilidade de propriocepção, então eles podem ter dificuldades com movimentos descoordenados ou ser “desajeitado”. As pessoas com hipossensibilidade muitas vezes procuram coisas para estimular o sentido afetado, como se balançar ou correr, geralmente acontece em pessoas autistas com problemas vestibulares.

Você poderá adquirir o livro na Amazon:

Autism, Explaining, Awareness, Functioning, Aspergers”, Catherine Faherty, 2014.

A Psicóloga Marina Almeida é especialista em Transtorno do Espectro Autista. Realizo psicoterapia online ou presencial para pessoas típicas e neurodiversas.

Realizo avaliação neuropsicológica online e presencial para diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista em Adultos e TDAH.

Agende uma consulta no WhatsApp (13) 991773793.

Marina S. R. Almeida – CRP 06/41029

Consultora Ed. Inclusiva, Psicóloga Clínica e Escolar

Neuropsicóloga, Psicopedagoga e Pedagoga Especialista

Licenciada no E-Psi pelo Conselho Federal de Psicologia para atendimento de Psicoterapia on-line

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