SUGESTÕES DE PROFISSÕES PARA PESSOAS AUTISTAS – TEA

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É preciso considerar que um autista adulto pode acabar tendo uma dificuldade muito maior em sociedade, já que se finda a responsabilidade social dos pais e já não é mais possível se proteger pela pouca idade.

Elenquei algumas profissões abaixo que poderão ter habilidades que se adequam ao estilo de vida e às peculiaridades das pessoas autistas jovens e adultas.

É importante observar, também, que o grau do autismo, presença de comorbidades e deficiência intelectual torna parte das pessoas com TEA precisando de suportes de apoio. Assim, várias opções que serão mencionadas a seguir vão depender do tipo apoio de suporte que cada pessoa autista possa precisar.

Tipos de Profissões

Profissões que envolvam animais

Profissionais da saúde recomendam, desde cedo, a convivência de autistas com animais de estimação. Principalmente os de pequeno e médio porte, como cães e gatos. Os benefícios já foram comprovados por diversos estudos.

Os pets podem ajudar na socialização de uma criança autista, desde o grau leve até o grau severo, promovendo mais autoconfiança e um dia a dia menos ansioso. Os animais domésticos também podem criar vínculos com a criança autista a ponto de essa criança se interessar e buscar todo tipo de informação sobre o bicho.

Para crianças com alta sensibilidade a barulhos, o latido de um cachorro pode mais atrapalhar do que ajudar. Por isso, animais como passarinhos ou coelhos podem virar uma opção interessante.

E não são apenas os animais pequenos e possíveis de ter em casa que trazem benefícios. Os cavalos, por exemplo, tem sido grande aliados de terapeutas, que recomendam muitas vezes a equoterapia. Esse tipo de terapia auxilia na aquisição e desenvolvimento da linguagem, nas percepções físicas e psíquicas do próprio corpo e na melhora do equilíbrio.

As carreiras que os autistas podem desenvolver são as mesmas que qualquer outra pessoa. Abaixo, uma lista de cursos universitários – principalmente para autistas de grau leve, sem deficiência intelectual – para quem deseja trabalhar com animais:

  • Medicina veterinária
  • Zootecnia
  • Biologia
  • Oceanografia

E, se não for possível estudar ou trabalhar numa dessas áreas, ainda há opções mais acessíveis como banho e tosa e passeador de cães.

Ciências da computação e outras tecnologias

No artigo anterior sobre o mercado de trabalho para autistas, destacamos o crescente número de contratações de autistas no setor de tecnologia da informação, ou seja, aquelas profissões que envolvem programação, análises de informações, criação de aplicativos e softwares, infraestrutura de redes, entre outros.

Isso tem sido possível, de fato, graças à visão de grandes indústrias de que as habilidades lógicas e matemáticas, comuns e bem desenvolvidas em muitos autistas, podem acrescentar inovações aos negócios.

Outro fator que vem ajudando o ingresso de autistas nessas carreiras é a capacidade de concentração, ou seja, de ter atenção aos detalhes e de executar tarefas repetitivas.

O movimento do mercado nesse sentido está tão destacado que há mais de 14 anos a ONG Specialisterne – que nasceu na Dinamarca e há alguns anos também está no Brasil – recruta e prepara profissionais autistas para atuar em empresas do ramo da tecnologia. E eles garantem: mais de 94% dos jovens que procuram a ONG conseguiram uma vaga.

Artes visuais

Ao ler esse título, algumas pessoas talvez façam ligações um tanto óbvias e previsíveis ao associar os termos “autista”, “arte” e “gênio”. No entanto, esqueça esses pressupostos, afinal, há um motivo clínico para que profissões que abrangem as artes visuais estejam de forma íntima ligadas ao autismo.

Por causa dos prejuízos com questões sociais como a dificuldade de reconhecer as emoções da face humana, muitos autistas preferem formas e objetos em vez de pessoas.

Por isso, a criança cresce habituada a uma existência em grande parte visual. A partir daí, é comum que essa pessoa desenvolva um talento para o desenho – já que lápis, canetas, tintas e giz de cera já fazem parte do universo infantil. E conforme vai conhecendo outros objetos como a câmera fotográfica ou o celular, as emoções desse autista ganham um leque maior de possibilidades de expressão.

Além disso, é importante observar que as artes visuais permitem uma subjetividade inerente à condição da comunicação autista. Elas permitem um universo de experimentação que atende as necessidades de pessoas que têm muita dificuldade de se adequar aos modos padronizados da sociedade neurotípica.

No mercado de trabalho, há diversas opções de carreira para autistas que demonstram interesse e talento pelos meios visuais. Se o dom está nos desenhos e no uso de materiais, por exemplo, é possível ser ilustrador, designer, pintor, escultor estilista ou até grafiteiro – e que não se confunda com pichador.

Se há preferência em retratar as coisas como são, de forma mais palpável, o cinema, a fotografia, o teatro e a arquitetura podem ser caminhos de grandes experiências profissionais.

Estoque e logística

Outras funções que demandam alto senso de organização e padronização são os trabalhos ligados ao dia a dia da indústria. Grandes redes varejistas precisam, por exemplo, de profissionais focados nos estoque, almoxarifado, expedição, entre outros. Em todos esses casos, estamos falando de serviços de rotinas muito bem delimitadas.

Muitas empresas já estão contratando pessoas com TEA para ocuparem cargos como estes. Funções mecânicas, que poderiam, de fato, causar estresse em uma pessoa neurotípica, podem ser de alta satisfação para um profissional autista.

Trabalhos investigativos e que exigem boa memória

Saindo das profissões mais comuns, entramos naquelas que mais parecem coisa da ficção. Se você pensou em Sherlock Holmes, está no caminho certo.

Enquanto muitas pessoas podem interpretar que o silêncio de um autista é relacionado com um “mundinho particular”, o autista pode estar exercitando uma série de observações.  Aliadas com uma frequente memória acima da média, podem ser trunfos em profissões nada usuais.

É o caso, por exemplo, das profissões de pesquisador, jornalista investigativo e até – quem sabe? – detetive. A maior qualidade de um autista no desempenho dessas funções está na capacidade de separar a pessoalidade da apuração dos fatos. Tradutores, redatores, revisores estatísticos também podem se sair muito bem, caso sejam autistas.

Importante lembrar que, embora os autistas sejam detalhistas e tenham boa memória, a investigação pede fazer associações com fatos e fazer inferências. Em muitas situações, inferir o estado mental de pessoas, habilidades de cognição social que estão prejudicadas nos TEA.

Trabalhos industriais

A lógica que explica como autistas se dão bem com números e podem desvendar códigos com alta funcionalidade, também explica, assim, como trabalhos industriais fazem uma carreira estável para autistas.

Há indivíduos autistas que se saem muito bem lidando com objetos – fixação que vem da infância, com o apego a um artefato específico. Por isso, essa questão pode se tornar uma desenvoltura para montagens de peças, criação de formas mecânicas, entre outros.

Por isso, muitas pessoas com TEA conseguem se estabilizar, por exemplo, em indústrias de automóveis, robótica, construção de maquetes, artesanato e outros serviços de manufatura.

Carreiras para autistas: profissões não recomendadas

O Instituto de Deficiência e Comunidade da Indiana University Bloomington publicou, recentemente, um artigo que lista uma série de trabalhos não recomendados para pessoas autistas. E a principal motivação para isso é que as seguintes profissões exigem, de fato, o uso da memória de curto prazo. Além disso, algumas delas provocarem estresse.

  • Caixa de loja
  • Cozinheiro de restaurantes de alta produtividade
  • Garçom/garçonete
  • Vendedor
  • Trabalho em companhias aéreas
  • Controlador de tráfego
  • Recepcionista ou operador de telemarketing

Posteriormente, o mesmo artigo ajuda a expandir as possibilidades de emprego e trabalho para autistas. Eles separam, assim, as profissões por categorias que atendem os autistas por suas características mais marcantes:

  • Autistas que pensam melhor de forma visual (fotógrafos, mecânicos, treinador de animais, entre outros)
  • Os que pensam melhor através de dados (jornalistas, estatísticos, taxistas, entre outros)
  • Os não-verbais ou com habilidades verbais precárias (restauradores de livros, copiadores, jardineiros, entre outros).

Carreiras para autistas

As coisas a considerar na hora de buscar um emprego, certamente, a primeira delas é ser honesto quanto às suas habilidades e áreas de interesse. Mesmo que a pessoa autista queira muito entrar – ou seja levado a acreditar – numa carreira de alta complexidade, é importante entender algumas coisas. Por exemplo, se aquilo está de acordo com o que foi ditado pelos movimentos neurológicos e entender que todos os trabalhos vão apresentar algum tipo de desafio.

Também é preciso verificar se aquela função tem uma meta bem definida, para que a pessoa possa se concentrar e cumprir a atividade sem confusão ou estresse.

Contudo, apesar de um autista ser um candidato um tanto diferente dos demais, quando for se candidatar a uma vaga, deve mostrar as habilidades acima da personalidade derivada do autismo. Para isso, é necessário ter um portfólio atualizado.

Enfim, ao conseguir a vaga, verifique se a empresa, as lideranças e as equipes conhecem a sua situação. Só assim, o ambiente fornecerá as adaptações necessárias e, principalmente, o respeito dos demais.

FONTES:

Artigo científico: Transtorno do Espectro Autista (TEA) e as artes: o ensino da arte no universo autista

Indiana University Bloomington

Psycology Today

A Psicóloga Marina da Silveira Rodrigues Almeida é especialista em Transtorno do Espectro Autista em homens e mulheres. Realizo psicoterapia online ou presencial para pessoas neurotípicas e neurodiversas.

Realizo avaliação neuropsicológica online e presencial para diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista em Adultos e TDAH.

Agende uma consulta no WhatsApp (13) 991773793.

Marina da Silveira Rodrigues Almeida – CRP 06/41029

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Neuropsicóloga, Psicopedagoga e Pedagoga Especialista

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