RAZÕES PARA UMA MULHER AUTISTA BUSCAR DIAGNÓSTICO OFICIAL

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Muitas mulheres autistas deliberaram sobre se devem ou não buscar um diagnóstico formal, pesando os custos e os benefícios potenciais.

De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), a prevalência de autismo em 2022, foi estimada: 1 em cada 44 crianças de 8 anos.

No entanto, trata-se de uma estimativa conservadora, já que muitos adultos autistas camuflam e suprimem suas características autistas em situações sociais ou escolhem uma carreira que minimize os efeitos do autismo, uma forma de compensação. Camuflagem e compensação podem atrasar o reconhecimento profissional do autismo até a idade adulta.

Existem muitos caminhos para que uma pessoa autista busque apoio psicológico, psiquiátrico ou da equipe de saúde mental ou aconselhamento para questões de carreira e relacionamento.

Reconhecemos que 79% dos adultos autistas atendem a critérios para um transtorno psiquiátrico pelo menos uma vez na vida (Lever e Geurts 2016). As preocupações mais comuns são para altos níveis de ansiedade e depressão episódica. Podem procurar ajuda por outros motivos, que não o autismo, necessidade de avaliação neuropsicológica para TDAH, buscar por psicoterapia por conta de um trauma, depressão, ansiedade, transtorno alimentar, transtorno de personalidade borderline ou limítrofe, transtorno de déficit de atenção, disforia de gênero, adição em drogas e esquizofrenia. Também pode haver questões sobre ter e manter amizades, emprego ou um relacionamento de longo prazo.

Uma vez que tomar essa decisão de pocuurar o diagnóstico oficial, às vezes pode ser uma decisão difícil e dolorosa, porque há um longo e demorado caminho pela frente, antes de encontrar um profissional especializado em autismo em mulheres, com o conhecimento, experiência suficiente para fazer um diagnóstico preciso e realizar as devidas recomendações de terapias de apoio.

O diagnóstico inicial em mulheres autistas, geralmente se apresenta numa condição diferente, particularmente a presnça de ansiedade social, TDAH, mutismo situacional, depressão, transtorno afetivo bipolar, transtorno de personalidade borderline ou limítrofe, disforia de gênero, transtorno obsessivo-compulsivo, transtornos alimentares (anorexia e bulimia) e por vezes quadros polissintomáticos instalados cronicamente (por exemplo, enxaquecas, fibromialgia, gastrite).

Um caminho comum para as mulheres é o diagnóstico recente de seus filhos autistas ou de outro membro da família. Outro caminho comum para as mulheres é a Internet, redes sociais, testes online na internet, descobrindo descrições de mulheres autistas. Começam a fazer listas e anotações das características encontradas em comum. Então uma dúvida paira em sua cabeça, começam a procurar por profissionais que possam ser especializados em mulheres autistas adultas. As vezes este momento pode ser vivenciado como crítico e ambivalente. Podem ficar com medo, negar, sentir vergonha, racionalizar e acharem que poderão resolver tudo sozinhas, porque já sabem que são autistas. Não é uma boa escolha, pelas consequências que veremos a seguir no artigo.

Ao considerar se deve ou não buscar um diagnóstico, entender as vantagens de um diagnóstico pode ser útil:

Antes de receber um diagnóstico, muitas pessoas autistas projetam a confusão de quem são uma variedade de rótulos que são autocríticos e críticos, incluindo “estranho”, “defeituoso”, “frios”, “arrogantes”, “grosseiros” e “psicopata”. Cada um denotando em tons altos e conflitantes, “algo está errado comigo.”

Começam a procurar por profissionais da área da saúde especializados em autismo em adultos (psiquiatras, neurologistas, psicólogos e neuropsicólogos) que possam realizar um diagnóstico oficial, para buscarem as devidas ajudas terapêuticas necessárias.

Após o diagnóstico oficial de autismo, entender as comorbidades/coocorrentes presentes (quadros psiquiátricos, neurológicos), e as devidas recomendações terapêuticas, as pessoas autistas podem sentir um enorme alívio ao descobrir que não há nada “errado”, mas que sua desconfiança sempre fez sentido.

Também podem sentir sentimentos ambíguos de raiva, como por exemplo “Demorei anos para saber que era uma mulher autista, e sofri muito uma parte enorme da minha via”. Infelizmente é uma constatação correta, pois há pouco mais de 10 anos o autismo em mulheres foi considerado sua evolução de marcadores de parada de neurodesenvolvimento diferentes que encontrados em homens.

A parada do neurodesenvolvimento em mulheres na primeira infância costuma ser mais sutil, e ao entrar na puberdade e adolescência os marcadores tornam-se mais evidentes. Contudo, há sempre coocorrentes presentes, como ansiedade, transtornos sensoriais, transtornos alimentares, transtorno afetivo bipolar, TDAH, dentre outros. Geralmente os quadros psiquiátricos e neurológicos são diagnosticados em primeiro plano, o que chamamos de subdiagnóstico das mulheres autistas.

As mulheres autistas muitas vezes descreveram um diagnóstico oficial de autimo, como sendo “a peça que falta no quebra-cabeça”. O diagnóstico pode acabar com a busca e a confusão com a questão de “Quem sou eu?”.

Graças ao nosso crescente conhecimento da função cerebral, estamos no início da era de abraçar a neurodiversidade. Abraçar a neurodiversidade proporciona aceitação e compreensão, especialmente aqueles que conhecem intimamente a realidade de conviver com diferenças neurológicas.

Uma vez que uma pessoa se identifica como sendo autista, ela pode aprender com outras pessoas de sua tribo sobre como lidar com a ignorância de outras pessoas, questões sensoriais, desregulação emocional e alexitimia, entre outras coisas.

Obter o diagnóstico oficial pode auxiliar toda a família, atividades acadêmicas, profissionais para que a verdadeira compreensão, aceitação, acomodações e sintonia empática possam ocorrer.

Para concluir, minha recomendação sobre se você deve ou não buscar um diagnóstico, afirmo:

O quanto mais cedo, melhor!

Quanto mais demorar para procurar ajuda e realizar diagnóstico correto, as comorbidades presentes no autismo evoluem e crônificam sua saúde mental, levando a muitos prejuízos nas diversas áreas:  habilidades sociais, eróticas-afetivas, adaptativas, acadêmicas e laborais.

Minha experiência é que as jovens autistas precisam saber sobre sua diferença o mais cedo possível de uma maneira autêntica e empática para permitir que elas cresçam e apreciem quem são, em vez de viver por seus próprios julgamentos ou dos outros. Isso também minimiza os riscos de ideação suicida, estresse pós-traumático, burnout autista, bullying, relacionamos abusivos, violência psicológica, violência física, assédio moral e sexual.

Quanto antes se realizar o diagnóstico oficial mais possibilidade de buscar ajuda terapêutica com profissionais especialistas em autismo, garantias de direitos e aceitação.

A Psicóloga Marina Almeida é especialista em Transtorno do Espectro Autista. Realizo psicoterapia online ou presencial para pessoas neurotípicas e neurodiversas.

Realizo avaliação neuropsicológica online e presencial para diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista em Adultos e TDAH.

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Marina S. R. Almeida – CRP 06/41029

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