A Pesquisadora Eileen Crehan Ph.D., professora assistente da Tufts University estuda sexualidade, identidade de gênero e experiências de educação sexual em adultos com autismo. Ela pergunta: “Como preparamos os jovens, particularmente aqueles com autismo, para os relacionamentos sexuais e em sua própria identidade?” Ela discute orientação sexual, identidade de gênero e autismo em um webinar gravado para o SPARK, o maior estudo sobre autismo.
Em uma entrevista, Crehan diz que o acesso à educação sexual apropriada é “uma área de necessidade” em toda a comunidade autista, especialmente para aqueles com habilidades verbais mínimas. As escolas americanas geralmente ensinam educação sexual de forma diferente de estado para estado, e muitas dessas aulas não abordam questões LGBTQIA+, diz ela.
Crehan se pergunta sobre o momento da educação sexual para alguns jovens que têm autismo. Os alunos costumam ter aulas de educação sexual na puberdade e na adolescência, geralmente informações de aspectos de desenvolvimento biológico e reprodução e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. Mas aqueles no espectro podem precisar de muito mais informações do que apenas de conteúdos acadêmicos, também se desenvolvem socialmente em uma linha do tempo diferente, diz Crehan. Eles se interessam em namorar, se conscientizam da orientação sexual e identidade de gênero não na mesma idade que seus colegas de classe com desenvolvimento típico, ela afirma que “A linha do tempo de desenvolvimento, interesses sexuais, identidade de gênero é diferente no autismo.”
Autismo e autoconsciência na adolescência
Riley Smith, 26, se pergunta se estar no espectro do autismo atrasou o reconhecimento de sua identidade de gênero quando era mais jovem. “Esse diagnóstico [de autismo] pode ter tornado mais difícil descobrir que eu era transgênero, principalmente porque tive problemas em não estar totalmente em contato com meus próprios sentimentos e desejos”, explica Smith, participante do estudo SPARK sobre autismo.
Smith foi diagnosticado com um transtorno do espectro do autismo na infância e recebeu ajuda terapêutica para desenvolver suas habilidades sociais. “Uma parte comparativamente grande do meu tempo naquela idade foi gasto apenas aprendendo a interagir socialmente com as pessoas. Então acho que não estava fazendo tanta introspecção ativa. Eu estava muito focado no aspecto performativo das situações sociais de treinamento comportamental, não houve nenhuma preocupação com o que eu sentia e minha emoções.”
Justin, que não queria que seu sobrenome fosse usado, descobriu no ensino médio que ele era autista e gay. “Eu sabia o que era ser gay, mas pessoalmente me faltou a autoconsciência emocional por um tempo até perceber que era isso que eu sentia em relação aos outros caras”, explica ele. Ele só contou a algumas pessoas de confiança. “Eu não era abertamente gay no ensino médio porque suspeitava muito que seria atacado”, diz ele.
O bullying é um risco particular para estudantes como Smith e Justin. De acordo com a pesquisa, os alunos com autismo correm maior risco de sofrer bullying. O mesmo vale para os jovens LGBTQIA+. Uma pesquisa de 2017 com estudantes do ensino médio dos EUA descobriu que aqueles que são gays, lésbicas e bissexuais são quase duas vezes mais propensos a sofrer bullying na escola e online do que os estudantes heterossexuais.
Justin, que está com 20 anos, não escapou do bullying no ensino médio. “Eu sofri bullying por ser autista. É só que ninguém envolvido sabia que era isso que eu era. Eles só me viam como um nerd desajeitado. Minhas diferenças os ofendiam, então eles queriam ser maus.”
Smith diz que foi “levemente intimidado” no ensino médio. “Não foi devido a nada relacionado a LGBTQIA+. Eu não acho que eles sabiam que eu tenho autismo, mas eles sabiam que eu era incomum.”
Pouco depois do ensino médio, Smith se assumiu gay para sua família. Então, aos 20 anos, depois que percebeu que era transgênero, ela começou o processo de transição para o sexo feminino. Ela sabia que estava no caminho certo, diz ela, quando se fez uma pergunta: “Se houvesse um botão que você pudesse apertar que muda automaticamente seu gênero, você o apertaria?” E ela sabia que o faria. A estrada que ela está percorrendo é longa, ela diz. “A transição não é apenas difícil e envolve muitas mudanças emocionais e físicas, mas também é um processo muito longo que envolve muitos pequenos passos.”
Encontrando apoio, informações para questões de gênero e sexualidade no autismo
Smith começou a frequentar um grupo de apoio online para pessoas em transição.
Sua mãe, Lisa St. John, iniciou um grupo para pais de adultos transgêneros no espectro. Além das questões de identidade de gênero, a transição para a vida adulta por si só pode ser difícil para qualquer pessoa no espectro, diz St. John. Acrescentar uma transição de gênero “complica a dificuldade”, diz ela. Os membros de seu grupo querem ajudar a apoiar seus filhos em suas transições.
Quando sua filha estava crescendo, ela diz, ninguém lhe disse que as pessoas no espectro são mais propensas a serem LGBTQIA+. Ela ficou surpresa quando Smith se assumiu e lutou para encontrar profissionais especialistas que tivessem conhecimento sobre autismo e preocupações com transgêneros.
Crehan diz que muitos adultos, com e sem autismo, dizem que gostariam de ter recebido mais educação sobre sexualidade quando eram mais jovens. “Nós ouvimos isso mais fortemente do grupo autista”, diz ela. Isso porque suas diferenças sociais e de comunicação podem representar desafios para namoro e relacionamentos. E se eles são LGBTQIA+, essas diferenças podem causar desafios no processo de se assumir para familiares e amigos. Ela diz que a Organization for Autism Research tem recursos de educação sexual online para heterossexuais e LGBTQIA+ com 15 anos ou mais.
Justin diz que entender e aceitar o autismo tornou mais fácil entender e aceitar sua sexualidade e vice-versa. Pessoas autistas e pessoas LGBTQIA+ geralmente enfrentam estereótipos negativos, discriminação e pressão para se conformar ou “passar por ‘normal’”, diz ele. “A interseção entre ser queer e ser autista é que não queremos ser alterados. Não queremos ser curados de quem somos. Nosso valor não deriva de parecer ‘normal’”.
Referências:
“Sexual Orientation, Gender Identity and Autism Spectrum Disorder,” spark webinar by Eileen Crehan.
The Organization for Autism Research publishes Sex Ed for Self-Advocates for over 15s.
“Talking about birds and bees in ASD,” spark webinar by Eileen Crehan.
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