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A sexualidade das pessoas com Autismo apresentam as mesmas necessidades de expressar seus sentimentos de modo próprio e único, como qualquer pessoa, por isso neste artigo vamos conversar um pouco sobre os mitos e realidades em torno da sexualidade que as envolve.

Vamos então partir do conceito atual: Transtorno de Espectro Autista – TEA é um conjunto heterogêneo de síndromes clínicas, tendo em comum a tríade de comprometimentos da interação social recíproca, comunicação verbal e não verbal e comportamentos repetitivos e estereotipados, variando num continuum, desde as formas mais severas até  as mais brandas.

Estas pessoas também apresentam reações anormais a sensações diversas como ouvir, ver, tocar, sentir, equilibrar e degustar. A linguagem é atrasada ou não se manifesta. Relacionam-se com pessoas, objetos ou eventos de uma maneira não usual, tudo levando a crer que haja um comprometimento orgânico do Sistema Nervoso Central e Bases Genéticas ainda não esclarecidas.

A repressão da sexualidade é usualmente encontrada e entendida nestes grupos de pessoas com TEA, como consequência de um desequilíbrio interno, dos afetos, dos comportamentos acima descritos, da maneira de se relacionar no mundo, diminuindo assim as possibilidades de se tornarem seres psiquicamente saudáveis.

Observamos nos casos em que a sexualidade é bem encaminhada na vida destas pessoas: melhora o seu desenvolvimento afetivo, transcurso da puberdade/adolescência/vida adulta mais tranquila e feliz, facilita a capacidade de se relacionar, melhora a auto-estima, permite a construção da identidade adulta, melhora a adequação à sociedade, consequentemente adquirem maior independência e autonomia. Por que melhora tudo isso? Porque se vistos e considerados como seres humanos inteiros, que pensam, sentem, desejam, tem sexualidade, identidade, profissão e um projeto de vida.

O tema sexualidade em nossa cultura vem sempre acompanhado de preconceitos e discriminações, e talvez sempre permaneça assim, pois pertence a ordem dos tabus, das questões inerentes a  origem do ser humano.

Notamos que a sobrecarga de valores morais e preconceitos aumentam quando o tema passa a ser sexualidade da pessoa com algum tipo de deficiência; e quando se trata da pessoa autista, gera mais polêmica quanto às diferentes formas de abordá-lo, isto acontece na sociedade, na família, com os pais e na escola.

Destacamos que pouco se tem escrito na literatura sobre sexualidade da pessoa autista, há poucos artigos, livros e referências, visto a complexidade desta discussão, as dificuldades em vê-los como pessoas inteiras com identidade sexual, humana e com desejos; em contrapartida os materiais publicados referente a pessoa com autismo, via de regra encontramos as orientações baseadas nas abordagens comportamentais, de extinção do comportamento sexual, através de métodos e técnicas aversivas. Infelizmente, algum autores consideram uma abordagem humanística sobre o protagonismo juvenil da pessoa com autismo, sobre o que sente uma pessoa com autismo na puberdade, na adolescência e em sua idade adulta.

A palavra Autismo vem do grego “autos”, que significa si mesmo. Refere-se a alguém que está retraído em si mesmo, porém isto se aplica as crianças autistas de pouca idade, mas poderão cronificarem-se, ficarão isolados no ingresso da vida adulta se as intervenções não forem adequadas. À medida que elas crescem, podem tornar-se mais sociáveis ou não. Junto a esse retraimento, estão os problemas e condutas específicas de cada pessoa autista, em seu intento de encontrar ou criar uma ordem no mundo caótico que ela não consegue entender, considerando sempre que cada pessoa autista é única.

Por mais que educadores, profissionais, pais e demais pessoas envolvidas lembrem-se que a sexualidade é uma função natural, existem em todos os indivíduos toda dificuldade em tratar do assunto de maneira prática, porque a teoria sobre sexualidade esta vastamente publicada explicada, nomeada, por diversos autores de maneira pertinente e fundamentada, mas para normotípicos.

A questão então não é mais teorizar, explicar, como uma regrinha de jogo, ou pertinente ao campo científico, da psiquiatria, da psicanálise, da abordagem cognitiva comportamentalista, da psicologia do desenvolvimento, da educação, da moral dos bons costumes, etc.

Pensar e falar sobre o tema sexualidade envolve nossa angústia, reporta-nos a nossas instâncias do que acreditados ser sexo, na nossa vida, na relação com o outro, sobre nossos desejos, fantasias, repressões, mitos e realidades. Nossa relação entre o que é publico e o que é privado.

Propomos estas questões para pensar: Como lidamos com sexo? O que fazemos? Como nos relacionamos afetivamente? Criativamente? Como nos relacionamos sexualmente com as pessoas?  O que representa a masturbação para uma pessoa autista? Como será a primeira experiência sexual para uma pessoa autista?

A partir do momento que pudermos pensar em sexualidade relacionada a afetos, relacionamentos afetivos e não mais puramente da esfera dos genitais, conseguiremos intervir criativamente nas situações, sem tantos sobressaltos, medos, reservas, preconceitos, autoritarismos, castigos.

Nos últimas décadas a melhora dos cuidados de saúde concomitante aos avanços científicos e da medicina, como por exemplo, às intervenções precoces na gravidez, cuidados pré-natais, pós-parto, vacinas e a qualidade de vida social, as pessoas com deficiência ganharam longevidade, sua expectativa de vida melhorou qualitativamente, estão aí os adolescentes, os adultos, e muitos com certeza caminharão para a senilidade.

Falar sobre sexo não é dar uma aula de Biologia da Reprodução Humana. Por isso a importância do trabalho em conjunto, dos profissionais de saúde, professores unirem-se para estudar, discutir seus casos, discutir com os pais e a família, ajudando e orientando-os.

Todos nós possuímos algum nível de compreensão da necessidade de entrar em contato com as questões da sexualidade da pessoa com autismo, mesmo apresentando resistências. As resistência muitas vezes são de cunho religioso, preconceito ou por falta de informações adequadas.

A maioria das pessoas com autismo apresentam um desenvolvimento biológico normal da sexualidade. Entretanto, no desenvolvimento psicológico ocorre uma série de alterações que se manifestam na conduta e podem variar de intensidade e frequência, dependendo do grau de distúrbio e do nível intelectual. Em alguns deles predomina a necessidade de satisfação imediata dos próprios impulsos sexuais. Segundo Haracopos e Pederson (1989), em outros casos, a capacidade de conter os impulsos sexuais e agressivos é rudimentar, havendo pouca ou nenhuma autocrítica. Pode ocorrer também uma distorção da percepção da realidade, bem como capacidade limitada ou ausente de fantasiar ou imaginar, assim como muita ansiedade ligada ao sentimento de excitação sexual, associações bizarras e pensamento concreto.

Não entendemos que pessoas com autismo não tenham limites, talvez não saibam parar seus comportamentos porque não entenderam o que está acontecendo com eles, e não sabem quando podem ou não podem tocar  em seus genitais. A questão da masturbação está no limite do privado e do público, de onde pode, quando, como, a intensidade e frequência. Na realidade  estavam obtendo prazer com seus genitais, talvez até a compulsão a masturbação demonstre a falta de algo melhor na realidade para investir, se ligar, se relacionar, ser criativo. Então esse é nosso gancho, é bom se ligar com gente, este é o nosso papel!

Não encontramos nenhuma pessoa com autismo se masturbando ou se exibindo com cara de coitadinho, aliás, estavam curtindo toda a situação, salvo exceções de alguns casos de autistas que podem se machucar numa tentativa pouco organizada de tentarem prazer de maneira inadequada, compulsiva ou autolesiva.

Poderíamos ouvir no silêncio das falas destas pessoas com autismo como, algo assim:

 “Tudo bem, gosto de vocês, gosto da minha casa, da escola, então vou fazer o que me mandam”.

“Acho que isto que sinto é muito ruim devo me submeter ao que vocês querem. Então vou tomar o remédio e ficarei quietinho. Não aborrecerei mais ninguém com minhas angustias de não saber também o que sinto, o que faço”.

“Tudo isso está tão chato e desinteressante, meu corpo me dá um sensação boa quando eu mexo nele, é bom ficar assim desligado”.

“Achei que esta vontade louca de me masturbar fosse bom, estava aqui sozinho, estava muito bom”.

“Descobri que não posso ter prazer com meu corpo na escola! Por que será? Vou experimentar em outros lugares? Aonde será que pode?”.

Os mais valentes ou agressivos com a vida respondem com a subversão, não querem tomar a medicação, ficam hostis, conseguem expressar através de seus desmandos, desobediências que não é disto que precisam, não se submetem, podem dizer algo assim:

“Preciso continuar a fazer isso, estou falando do meu jeito, vocês é que não entendem, não consigo saber o que querem e o que sentem sobre isso que faço.”

“Estou crescendo e não sei o que fazer com este meu corpo novo, com estas mudanças, com meu crescimento, com estes desejos, tudo é confuso.”

“Fico muito atrapalhado com as mudanças em meu corpo, desejos, excitações, meu corpo modificou-se, eu não consigo compreender, fico muito desorganizado, com medo, assustado, ao mesmo tempo tudo é muito bom, é uma confusão na minha cabeça.”

“Não entendo direito porque me bate, ameaçam, ficam bravo comigo, tem algo que faço que não é para fazer, por que será?Por que as pessoas ficam tão bravas comigo quando toco no meu corpo?”

Para a família, o isolamento do filho(a) com algum tipo de deficiência é uma forma de proteção para o próprio núcleo familiar que também tenta se poupar e evitando a exposição de comportamentos que fogem do controle. No entanto, isto acaba por dificultar as noções de regras sociais e de bom convívio, fora de seu ambiente escolar e familiar.

Para piorar, a pessoa com autismo raramente tem privacidade, o que dificulta o entendimento do que é privado ou público: o quarto às vezes é mantido as portas abertas ou sendo proibido fechar a porta ou apagar a luz. Muitas vezes os pais, irmãos não batem na porta do quarto, invadem a dentro. Os banhos são supervisionados, impedem que possam ter contato com seu corpo, que possam notar suas modificações físicas, sobra pouco tempo para que eles possam desenvolver sentido de privacidade, de liberdade, de respeito, de contato corpóreo.  E ninguém conversa nada sobre isso.

Além disso, a maioria das pessoas acredita que a pessoas com autismo não tem auto-percepção, precisam ser controladas, repreendidas, ameaçadas, usam de chantagens, mas não utilizam o diálogo afetivo e ou a informação com imagens. Tanto a família como muitos profissionais tendem a impor condutas de comportamento, passando por cima dos seus sentimentos, não consideram que as pessoas com autismo podem ter limitações intelectuais mas não têm limitações de seus sentimentos.

Vejamos as diferenças entre às singularidades das pessoas com  autistas.

A pessoa com autismo vai precisar de apoios para compreender o mundo a sua volta de forma a desenvolverem sua identidade como jovem e futuro adulto libertando-se do modelo infantilizado, de maneira concreta, firme, vivenciando a experiência através de imagens, teatros, escrevendo, desenhando, expressando-se artisticamente.

Para podermos manejar as expressões sexuais inadequadas, precisamos observar alguns aspectos, tais como: quando ocorrem, em que contexto, em que lugar, qual a freqüência, e principalmente tentar descobrir qual o estímulo (interno ou ambiental) desencadeante da conduta em questão. A partir desses dados, estratégias podem ser cridas para tentar compreender, traduzir em linguagem verbal (escrita, gestual, simbólica, imagética, visual)  então construindo um manejo adequado para a expressão e compreensão do comportamento sexual.

A primeira das três categorias principais do TEA é o Distúrbio da Interação Social. É evidente que dentro desta categoria encontramos numerosos sintomas, tais como: dificuldade em aceitar mudanças na rotina diária, muitos apresentam resistência ao contato físico, embora alguns possam tolerar algum contato dependendo do momento, de quem o toca e da intensidade e duração. Em outros casos, a pessoa com autismo quer abraçar ou agarrar uma ou várias pessoas, de maneira invasiva e fora de contexto, geralmente sem percepção do sentimento alheio. A agressividade (chutes, mordidas, socos, tapas, beliscões, puxar os cabelos, cuspir, etc.) também podem ser um distúrbio social importante, que muitas vezes é causada por uma pequena frustração ligada a alguma atividade da vida cotidiana e, outras vezes ocorre sem uma causa aparente. Pode-se dizer que a impossibilidade de estabelecer empatia ou perceber os sentimentos alheios são alguns dos pontos marcantes da personalidade de muitos desses indivíduos. Em outras palavras, eles não conseguem se colocar no lugar de outra pessoa.

A habilidade de imaginar (Teoria da Mente) o que se passa na mente do outro não faz parte do repertório social desses indivíduos (Frith,1989). Esta inabilidade afeta diretamente tanto a capacidade de perceberem os sentimentos, necessidades e desejos alheios, como também os seus próprios afetos. De certa maneira isso afetará significativamente a possibilidade de compreenderem e respeitarem uma série de regras sociais que precisam ser mediadas.

Os distúrbios da comunicação, ecolalias, linguagem pedante, mutismo, dentre outras podem estar presentes na pessoa com autismo. Todos sabemos que se não houvesse comunicação entre as pessoas não haveria possibilidade de organização social. Pois bem, praticamente todos os indivíduos com TEA apresentam distúrbios da comunicação, que podem variar desde um isolamento e mutismo absolutos até um desenvolvimento da comunicação muito próximo do normal. Alguns indivíduos não se comunicam nem verbalmente nem através de gestos, parecem estar completamente indiferentes ao que acontece ao seu redor. Outros, apesar do mutismo, acabam apontando para as coisas que desejam, estabelecendo assim algum tipo de comunicação intencional, por isso a importância da comunicação alternativa, uso de sistema de imagens e comunicadores de vozes.

As estereotipias e rituais podem ser: girar objetos, abanar as mãos, mexer os dedos das mãos ou o corpo de forma rítmica e estranha, andar na ponta dos pés, apego não apropriado a objetos, restrição da variedade de alimentos ingeridos, etc. Também podem estar presentes risos imotivados ou descontextualizados, agressividade, destrutividade e comportamentos autolesivos. De qualquer forma, essas condutas podem ser frequentes ou intermitentes, e deverão ser considerados caso a caso, alguns com intensidade e frequências intensas precisarão ser medicados com supervisão médica, visto o comprometimento da qualidade de vida e prejuízo social.

As pessoas com autismo precisam ser ajudadas na compreensão da interação social, adequando-se melhor as relações sociais, através de vivencias com figuras, pranchas com imagens, de maneira a ajudarem a construir sua identidade como jovem e futuro adulto com identidade sexual. Estas pessoas não são vistas como tal. A interação da comunicação precisa ser encorajada através de comunicação alternativas para que possam expressar seus sentimentos e suas fantasias envolvendo seu corpo, suas experiências sensoriais, perceptivas. O uso da criatividade precisa ser investido, num campo, artístico, musical, plástico, a fim de que possam expressar sua subjetividade concomitante as transformações da sua sexualidade.

Através destes contatos o confronto do ser adolescente encontrou vazão para expressão, e precisam ter o direito de vivenciarem, experimentarem e conhecerem as transformações físicas, afetivas e sociais que são pertinentes deste processo de juventude. E nós temos o dever de ajudá-los a desenvolver estas transformações de maneira adequada.

Ter que enfrentar a sexualidade dos filhos na época da adolescência já é um tabu, gerador de conflitos, impasses, medos para a maioria dos pais. Agora imaginem o quanto é  incrementado de fantasias e preconceitos quando se trata das preocupações de um filho com autismo.

Os pais por medo de expor o adolescente a riscos físicos e emocionais optam eventualmente por negar, reprimir ou infantilizar a existência do crescimento do filho ou filha na puberdade, lutam para mantê-los assexuados. É uma luta perdida, pois não há como parar o crescimento de alguém, o que encontramos é que escapa por outra via, aparecendo a regressão de aptidões que a pessoa  havia adquirido, comportamentos auto ou heteroagressivos, isolamento, tristeza, adoecimento psíquico, sofrimento.

Nas instituições escolares encontramos os profissionais, também se defendendo, acabam por criarem estigmas, rótulos como se as pessoas autistas fossem ora hiper-sexualizados ora assexuados.

No entanto, muitas instituições de ensino já começam a aceitar/pensar a importância de tal processo na vida do aluno.

O tema sexualidade vem sendo tratado com uma certa frequência nas escolas, em contraste com a mentalidade do final do século passado, quando havia a visão do sexo como algo sujo e imoral (exceto quando para a procriação).

Os pais e professores da área de saúde e educação precisam lembrar que a vivência sexual das pessoas com deficiência favorece o desenvolvimento afetivo, a capacidade de estabelecer contatos interpessoais, fortalecendo a auto-estima o bem-estar, o amor-próprio, e a adequação à comunidade.

Para que os comportamentos e manifestações sexuais não se tornem problemáticos, existe a necessidade de investimentos na educação sexual; sempre com a participação dos pais e familiares, pois é através destes que há o desenvolvimento psicoemocional e a transmissão de valores para a aquisição de limites.

Os valores, princípios e regras sociais existem porque têm finalidade, nos ajudam a nos proteger e aos outros de situações de abusos e violências, situações constrangedoras e não éticas. Toda sociedade precisa para se organizar e se manter, de algum tipo de ordenação, de regras que possam colocar ordem na desordem. Isto implica em restringir, selecionar, e estabelecer critérios, além de dar valor e hierarquizar. Portanto, sempre encontraremos aquilo que acaba sendo considerado mais ou menos doentio, errado, impuro e anormal, dependendo do período histórico e do grupo social em que se está numa dada sociedade. O importante é pensar, refletir, questionar, conversar, indignar-se, para não incorporarmos passivamente tudo o que nos é apresentado! Isto implica em aprender a impor respeito aos nossos valores, mas saber respeitar os valores dos outros também.

Na escola a educação sexual, deve apresentar-se com disponibilidade do profissional, amor e ciência. Não adianta tratar o assunto como disciplina de conteúdo ou como algo que irá conter a sexualidade.

A orientação sexual para pessoas com deficiência, é um trabalho organizado com diversos objetivos: como por exemplo, à prevenção de gravidez indesejada, abuso sexual, doenças sexualmente transmissíveis, tudo passa primeiro pela proximidade afetiva e informações corretas sobre sexualidade, o aumento da compreensão sobre o próprio corpo, a orientação sobre os códigos do comportamento sexual, a melhora do relacionamento com sua família e os profissionais, favorecendo o desenvolvimento da identidade sexual.

O educador sexual deve guiar-se por atitudes éticas, não esquecendo de estar atento a suas concepções pessoais em face da sexualidade, verificando com precisão aquilo que a pessoa com deficiência intelectual ou autismo quer saber, interpretando aquilo os acontecimentos afetivos sobre sua perspectiva e não a pessoal, lidando com comportamentos inadequados através da colocação de limites claros e objetivos, através de acordos criados pelo profissional, aluno e ou grupo.

A higiene pessoal e os cuidados íntimos devem ser enfatizados, é uma forma de desenvolver a auto-imagem e auto-estima, desenvolvendo a capacidade de adequação social e o sentimento de posse do corpo.

Na adolescência os meninos com autismo precisam ser informados sobre a ejaculação e a polução noturna, orientando sobre os cuidados e limpeza. As meninas necessitam de orientação sobre como lidar com a menstruação e ambos precisam ser informados sobre as mudanças que estão ocorrendo com seus corpos.

Nos casos de impossibilidade funcional devido a problemas motores ou em razão à severidade do comprometimento cognitivo e ou afetivo os pais devem assumir tais cuidados, ou pedir que ao jovem os realize com supervisão constante.

A educação sexual deve ser incluída na educação geral, integradas à estimulação sensório-motora, intelectual e das capacidades adaptativas ao meio social, de modo natural. Os recursos pedagógicos poderão ser lúdicos, criativos e desportivos como, por exemplo, os jogos, a música, o esporte, a pintura, modelagem, de modo adequado à idade e ao nível de compreensão, são elementos integradores e interativos para trabalhar o corpo, crescimento, diferenças sexuais, rivalidades, atrações, etc…

É essencial enfatizar a importância do relacionamento afetivo dos pais e familiares, para um adequado desenvolvimento da sexualidade. A família nuclear representa o protótipo de todos os relacionamentos que a pessoa terá com os outros no decorrer de toda a vida, mas ainda para a pessoa com autismo que precisa ser aceito pelo seu núcleo familiar; mas na impossibilidade desta fazê-lo cabe a escola resgatar este papel oferecendo suporte dos valores integrativos, de auto-estima, confiança e esperança.

Tanto a pessoa com autismo necessita de respostas coerentes às suas solicitações afetivo-sexuais, que favoreçam sua autoconfiança, sua auto-estima e seu senso de valor.

A ambiguidade no comportamento dos pais e profissionais frente à sexualidade da pessoa com autismo levam aos conflitos e atitudes incoerentes de ambas as partes, gerando frustração, dor e muita angústia. O que sabemos é que tanto as pessoas com deficiência intelectual e ou autismo sentem, desejam, sonham, sofrem, amam, como qualquer ser humano, portanto cabe a cada um libertar-nos dos nossos preconceitos frente à sexualidade humana e proporcionarmos uma vida com qualidade e respeito as singularidades individuais das pessoas que tenham expressões de sua sexualidade diferente do que os normotípicos.

E-book- Desenvolvimento da Sexualidade nas Pessoas Autistas – Adolescente e Adultas.

Sexualidade no Transtorno do Espectro Autista:

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Este e-book Sexualidade no Transtorno do Espectro Autista: Fase Adolescência – volume 4, faz parte da Coleção Neurodiversidade, aborda várias questões iniciando com o conceito atual do autismo, bases diagnósticas, etiologia, incidência global, modelo socioecológico, direitos humanos, fenótipo protetor feminino, autismo no feminino, tabus sobre sexualidade, educação sexual, abuso sexual, vulnerabilidades das pessoas autistas, identidade de gênero, LGBTQIAP+, desenvolvimento sexual na puberdade e adolescência, sugestões de livros e materiais didáticos.
Também será abordado o namoro, bem como os desafios, desejos, níveis de estresse e manejos do cotidiano.

Páginas: 212

Sexualidade no Transtorno do Espectro Autista:

FASE ADULTA

Este e-book Sexualidade no Transtorno do Espectro Autista: Fase Adulta – volume 5, faz parte da Coleção Neurodiversidade, aborda várias questões iniciando com o conceito atual do autismo, bases diagnósticas, etiologia, incidência global, modelo socioecológico, direitos humanos, fenótipo protetor feminino, autismo no feminino, tabus sobre sexualidade, educação sexual, abuso sexual, vulnerabilidades das pessoas autistas, identidade de gênero, LGBTQIA+, desenvolvimento sexual na vida adulta, pessoas mais velhas autistas e sugestões de livros e materiais didáticos.
Também será abordado namoro, relacionamentos e a vida conjugal, maternidade/paternidade, bem como os desafios, desejos, níveis de estresse e manejos do cotidiano.

Páginas: 278

Para comprar acesse no site:

Coleção Neurodiversidade

Bibliografia:

American Psychiatric Association – Manual Diagnóstico E Estatístico De Transtornos Mentais (Dsm – V). Porto Alegre, Artes Médicas, 2015.

Frith, U. Autism And Asperger Syndrome. Cambridge, Cambrige University Press, 1992.

Defence D.A , Fernades F.D.M Perfil Funcional De Comunicação E Desempenho Sócio-Cognitivo De Adolescentes Autistas Institucionalizados. Rev. Cefac, São Paulo 2010.

Campelo,L.D;Lucema,J.A; Lima, C.N ;Araujo, H.M.M; Viana L.G.O,Veloso M.M.L, Correia P.I.F.B ,Muniz L. F,  Autismo: Um Estudo De  Habilidades Comunicativas Em Crianças. Rev. Cefac. 2009.

Santos, A.M.T. Autismo: Desafio Da Alfabetização E No Convívio Escolar, Crda, São Paulo, 2008.

Tamanaha, A.C; Chiari, B.M; Perissinoto, J; Pedromônico, M.R. A Atividade Lúdica No Autismo Infantil, Distúrbios Da Comunicação, São Paulo, 2006.

Baron–Cohen S. Understanding Other Minds. New York Oxford University Press. Cap. 18, 1993.

Camargos Jr., Walter Et Al. Transtornos Invasivos Do Desenvolvimento: 3o Milênio. Brasília: Corde, 2005.

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Respostas de 10

  1. Sou pedagoga, psicopedagoga, e especialista em educação especial, infantil, educação de jovens e adultos e mestre em ciência da educação. todas as minhas tese foi investida na profissionalização do educador. Quanto mais aprendo sobre a “pessoa” portadora de uma deficiência e como “não só ver um bosque mas entrar nele para explorar e deslumbrar com suas particularidades”.
    Iraceli Rosa.

    1. Bom dia, Iraceli!
      Muito Obrigada, pelos seus cometários e elogios.
      Fico muito contente que apreciou meu site!!!
      Volte sempre!!!
      Att.
      Marina S. R. Almeida
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        1. Boa tarde, Mariana
          O comportamento masturbatório em si não é um problema.
          A questão a ser avaliadada é depende da idade quando este comportamento ainda permanece, a frequencia e intensidade masturbatória. Somente com uma avaliação de consulta poderemos avaliar o quadro geral que se apresenta.
          Fico a disposição.
          Att.
          Marina S. R. Almeida
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  2. Foi muito enriquecedora a publicação.
    Tenho um aluno autista com deficiência auditiva que esta se descobrindo sexualmente, não sabendo ainda respeitar os locais para o seu ato de masturbasse. Estou tendo dificuldades de como trabalhar este tema como ele.

    .

    1. Boa tarde! Veronica
      Utilize informações sobre o que é privado x público com imagens e libras.
      Muito obrigada pelo seu comentário.
      Att.
      Marina S. R. Almeida
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  3. Excelente matéria, vamos (eu e a mãe) melhorar ainda mais com nosso filho autista de 17 anos, que aliás está numa fase de masturbação exagerada, se esfregando no colchão da cama dele e da nossa, as vezes 6 vezes (ou mais) por dia, chegando a ficar molhado de suor. É isso o dia todo! Quando estou em casa converso pra ele ter calma e diminuir ou distrai-lo, mas infelizmente a mãe não tem tanta habilidade nessa fase.

    1. Bom Dia! Tadeu
      Fico feliz em tê-lo ajudado.
      Desejo muito sucesso para você!!
      Muito obrigada pelos seus gentis comentários.
      Um abraço carinhoso e inclusivo.
      Att.
      Marina S. R. Almeida
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  4. Eu como mãe de autista e agora professora da Educação Básica, sou extremamente grata por essa matéria, havia feito diversos cursos sobre o tema , mas nenhum apresentou dessa forma sobre a sexualidade, tentarei melhorar com meu filho e contribuir com outras famílias também, Gratidão!

    1. Boa tarde! Meyre
      Veja nossa Coleção Neurodiversidade temos e-books sobre sexualidade em adolescentes e adultos autistas.
      O link é esse: https://loja.institutoinclusaobrasil.com.br/

      Agradecemos muito seus elogios!!!
      Um abraço carinhoso e inclusivo.

      Att.
      Marina S. R. Almeida
      Consultora Ed. Inclusiva, Psicóloga Clínica e Escolar
      Neuropsicóloga, Psicopedagoga e Pedagoga Especialista
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