TRANSGÊNEROS CRIANÇAS, ADOLESCENTES E ADULTOS

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Muito se tem falado sobre crianças, adolescentes e adultos transgêneros, na mídia, em vídeos do youtube, facebook, na televisão, em documentários apresentando vários depoimentos de pais e crianças, adolescentes, adultos relatando suas dificuldades, medos, desafios, preconceitos em relação aos conflitos da imagem corporal porque não se identificam com seu corpo.

A palavra trans significa para além do gênero, abarcando um guarda-chuva de condições e expressões de identidades humanas: travestis, crossdress, transexuais, podendo incluir pessoas que não são necessariamente femininas ou masculinas, como bigênero, pangênero, intersexo, andrógeno ou agênero.

Vamos começar a definir o conceito de transgênero: são pessoas que têm uma identidade de gênero, ou expressão de gênero diferente de seu sexo atribuído.

A identidade de gênero não está ligada a condição de orientação sexual binária: sexo masculino ou feminino, mas a identidade sentida e vivida pela pessoa como sendo seu verdadeiro self (si mesmo). Sendo assim, a questão a ser esclarecida diz respeito ao gênero da pessoa que busca a resignação de acordo com sua imagem corporal em coerência com sua subjetividade narcísica. Portanto, sua identidade de gênero independente de sua condição sexual, ou seja, do sexo que lhe foi atribuído ao nascer, ou seja, feminino ou masculino.

Por muito tempo a comunidade científica e a sociedade patologizou estas condições como da ordem das questões psiquiátricas ou doenças mentais e não como uma expressão da diversidade humana, ao qual agora estamos fazendo.

Mesmo assim, atualmente pessoas consideradas transgêneros tem a necessidade de terem um CID diagnóstico médico do sistema público, precisam passar por uma equipe multidisciplinar para obterem um relatório do caso e realizarem psicoterapia por dois anos, só assim estas pessoas poderão obter autorização da cirurgia de redesignação sexual pelo Sistema Único de Saúde – SUS que em média tem uma fila de espera de 2 a 3 anos.

Pessoas transgêneros podem ou não desejarem realizar cirurgia de redesignação sexual, sendo uma opção pessoal. As pessoas que passam por mudança de gênero são atribuídas à condição de homens trans (a mulher que busca a resignação de identidade masculina) e mulheres trans (o homem busca a resignação de identidade feminina).

As crianças, os adolescentes e ou os adultos transgêneros descrevem-se da seguinte maneira descritas abaixo, mas isso não é um padrão diagnóstico para definir se a pessoa poderá ser ou não transgênero, apenas elucido as expressões dos sentimentos, dos seus desejos e sofrimento deste grupo humano.

Estas pessoas expressarem seus conflitos subjetivos, sofrimentos intensos, ideação suicida, raiva, medo, depressão, isolamento social, incompreensão, solidão, tristeza e angustias das mais diversas maneiras:

“Não correspondo a minha alma feminina com este corpo masculino”.

“Sempre tive alma feminina e meu corpo é de homem, é insuportável eu estar com 32 anos e ainda não ter enfrentado a realidade do que eu sou”.

“Meu cérebro pensa de forma masculina e meu corpo é de mulher”.

“Tenho vontade de cortar meu pênis toda vez que me vejo no espelho e não me reconheço como uma mulher”.

“Não gosto de me ver despedia, isso me apavora, tento disfarçar meus seios o tempo todo”.

“Casei cedo, cumpri tudo que meus pais esperavam de mim como um homem respeitável, agora com 40 anos continuo infeliz, estudei, tenho filhos, bom emprego, contudo sempre me acho uma farsa de mim mesmo, não aguento mais tomar tantos antidepressivos e negar a realidade de me sentir uma mulher”.

“Odeio quando minha mãe me veste com lacinhos e vestido, isso me faz sentir uma boneca de plástico, quero arrancar de mim estas roupas que não me pertencem, quero sair correndo só de shorts e brincar de skate com meu irmão”.

“Sempre penso em me matar, porque percebo que há algo errado comigo, com meu corpo, mas tenho muita vergonha e medo de falar para meus pais que eu não gosto de ser menina”.

“Sonho sempre com uma fada que vem me transformar em menina, mas no outro dia está tudo igual tenho que ir para a escola, jogar futebol com os meus amigos, eu detesto tudo isso, queria mesmo brincar de Barbie com as meninas aqui do condomínio”.

“Há muito tempo descobri que não era uma garota, achei que era homossexual, mas não é isso, eu quero ser um garoto mesmo. Eu prendo meus seios com uma camiseta elástica que comprei escondido na internet”.

“Já fiz muitas loucuras com meu corpo e ainda não sei se sou homossexual, hetero ou bi sei lá o que! Mas nada disto importa, eu odeio ser garota, comecei a comprar hormônios de um cara, comprei várias coisas sexuais na internet, meus pais vão me matar quando descobrir tudo isso”.

“Apertei o botão do f… acho que preciso gritar, porque não aguento mais chorar todos os dias, de me esconder dos outros e o pior de tudo é esconder-se de mim mesma. Hoje fiz uma tatuagem, me cortei novamente de ódio, quem sabe agora eu tenha coragem de me vestir de boy.”

“Vou fazer 15 anos, será a festa dos sonhos dos meus pais e meu maior pesadelo, quero rasgar tudo aquilo, será que eles não percebem que não sou a princesinha o que eles desejam, eu sou um cara!”.

A transição de gênero acontece na adolescência com a parada induzida dos hormônios através do uso de medicações inibindo o funcionamento dos hormônios femininos e a administração de hormônios masculinos (testosterona) para a masculinização do gênero e vice versa, a inibição dos hormônios masculinos para administração de hormônios femininos (estrógenos) para feminilização do gênero feminino.

Infelizmente, vivemos numa sociedade que resiste a uma cultura machista, binária, preconceituosa, violenta ao ser diferente, tais funcionamentos sociais levam a maioria das vezes o impeditivo destas pessoas procurarem ajuda psicológica para enfrentarem seus conflitos, fortalecerem-se e ou conseguiram falar com seus pais e família, visto que a organização familiar compactua com os estereótipos sociais.

O primeiro passo para uma pessoa transgênero construir sua identidade de gênero de maneira mais saudável é buscar ajuda de especialistas, começando pela ajuda psicoterápica. Os pais também devem receber ajuda psicológica se tiverem um filho ou filha transgênero ou adolescente transgênero. Depois o acompanhamento por um médico endocrinologista qualificado para prescrever os hormônios e ir acompanhando todo o processo de crescimento, desenvolvimento e de transição hormonal.

A ajuda psicológica para este grupo de pessoas transgêneros, não é para intervir se a pessoa deverá ser heterossexual, homossexual, bissexual, dentre outras possibilidades, mas para ajudá-las em seus dilemas, assumirem sua própria identidade, buscarem seu verdadeiro eu, conseguirem expressarem sua angustias, fortalecerem e muitas vezes reconstruírem sua autoestima e amor próprio, abrirem-se ao diálogo com seus pais, familiares, amigos e para isso têm um longo caminho a percorrer. Muitas vezes, as pessoas transgêneros acabam comprando hormônios no cambio negro, pela internet ou é prescrito por pessoas inescrupulosas que aproveitam da fragilidade humana, acarretando futuramente malefícios perigosos, como disfunções hepáticas, câncer, dentre outras patologias.

Tanto os pais como as pessoas que estejam envolvidas com a questão transgênero precisam de acompanhamento psicológico para aprender a lidar e enfrentarem as angústias, as situações conflitivas da sua subjetividade, a culpa, o medo, a vergonha, os preconceitos externos da sociedade. Terão que enfrentar muitos desafios, impasses escolares desde o uso do banheiro ao cotidiano escolar ao vestir-se do gênero que sente-se identificado, a atribuição da nova identidade de gênero e a conquista opcional e legalizada de sua identidade social, são apenas algumas das situações dentre tantas.

Estas questões citadas são apenas a ponta de um grande iceberg, pois sua profundidade e complexidade tem uma dimensão subjetiva, psíquica do sofrimento destas pessoas transgêneros, bem como dos pais, familiares e os desafios do enfrentamento da sociedade.

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Marina S. R. Almeida

Consultora Ed. Inclusiva, Psicóloga Clínica e Escolar

Neuropsicóloga, Psicopedagoga e Pedagoga Especialista

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