A ansiedade consiste de experiências presentes e passadas que se misturam a reações adequadas e inadequadas. É uma sensação de medo e presságio, que está associada a um acontecimento ocorrido no passado, é o vestígio de uma experiência ou conjuntos de experiências anteriores que estão relacionadas à preocupação atuais e medos há muito soterrados na mente.
Dependendo das circunstancias, qualquer pessoa pode se sentir ansiosa, bem como muitas pessoas que nunca sentiram ansiedade podem passar a se sentirem inquietas e preocupadas sobre diversas coisas quando se tornam pais, por exemplo.
Por que isso acontece? Simplesmente porque todos somos completamente despreparados para ter filhos. Por mais organizado, ajustado e controlado que uma pessoa possa ser, poderá enfrentar instabilidade quando passa a cuidar de seu filho e passará por diversas provas de fogo, conflitos, medos, insegurança.
O único “treinamento” que temos para sermos pais, são as experiências que tivemos com nossos próprios pais e ou cuidadores da nossa infância, que serão reproduzidos, mantidos ou resignificados no cuidado com da nossa prole.
Estas preocupações que você está tendo não são novas, pois a maior parte das ansiedades que vivenciamos quando adultos tem origem na infância. Você pode até ignorar um acesso de raiva de seu filho ou reagir de uma forma muito violenta e autoritária, mas percebeu que perdeu a medida de educá-lo de forma firme e amorosa.
Está atitude é uma forma do inconsciente de se revelar, então acaba tendo problemas de lidar com a raiva, tristeza, frustração e seu comportamento frente às situações se torna inadequada.
Esta lembrança da raiva e outros sentimentos muitas vezes são bloqueadas por muitas defesas e não nos lembramos a origem do nosso registro de dor emocional.
Freud já afirmou que somos escravos do nosso inconsciente. Se não conhecemos nossos impulsos inconscientes, não entraremos em contato com nossas emoções, repressões, por consequência ficamos sem domínio ou compreensão destes afetos. Então, nós reeditamos estes sentimentos em comportamentos, nos nossos vínculos com as pessoas, com nossos filhos e com o mundo. Comportamentos que podem ser sabotadores, agressivos, medo, violento, triste, de desamparo, ansioso, dentre outros.
No processo de desenvolvimento normal da psique, os medos, sentimentos de vazio, abandono, raiva, tristeza que você adquiriu na infância tendem a desaparecer à medida que você ganha maior experiência de vida e se torna mais hábil em lidar com os fantasmas interiores. Contudo, se não são elaborados, todos estes sentimentos continuarão vivos no porão do inconsciente, estarão sempre em ação através de nossos sintomas de impulsividade, medo, ansiedade, depressão, irritabilidade, apenas estão sendo recalcados, distorcidos e negados pela nossa consciência.
É natural que você se deixe envolver por emoções muito fortes quando se deparar com muitos conflitos a respeito de um problema que tem no trabalho, em casa ou com seu filho. Poderá ficar tão envolvido que as várias partes do problema podem começar a fundir e, de repente, você se percebe no meio a uma ansiedade que evolui em espiral, ou seja, uma ansiedade desencadeando outra, paralisando-o de tal forma que não consegue agir.
O maior problema da pessoa ansiosa é que ou ela vive presa no passado, como por exemplo, “sempre foi assim mesmo”, “e se eu tivesse feito diferente”, “acho que isso não vai mudar mesmo porque o meu pai sempre foi deste jeito”, ou vive projetando suas angustias e medos no futuro, como por exemplo, “será que isso vai acontecer de novo”, “e se acontecer um acidente”, “como será o próximo ano”, “não vou me arriscar, pode dar errado”.
O desafio está no presente, à pessoa ansiosa não consegue viver o aqui/agora e examiná-lo com clareza e objetividade.
Portanto, não adianta apenas se medicar com ansiolíticos, ir ao Psiquiatra, o tratamento da ansiedade deverá ser conjunto com psicoterapia. A medicação apenas promove a remissão dos sintomas.
Se você não mudar sua estrutura interna de como sente, vivencia os afetos e como resolve sua vida, isso irá se cronificando, vai levando-o em prejuízo com sua vida. A ansiedade constrói fantasias numa mistura de sentimentos dissonantes, pouco pertinentes.
Todos nós precisamos em alguma medida sentirmos ansiedade, como por exemplo, frente a uma situação nova, ao inesperado, uma notícia, contudo quando este sentimento, pensamento ansioso domina seu comportamento está na hora de procurar ajuda de uma Psicóloga(o).
Ignorando sua ansiedade, você pode estar deixando de considerar um sinal de alerta significativo, pois suas preocupações, controle do mundo, medos, insegurança, culpa, informam-lhe a respeito de seu estilo de ser como pai e ou mãe. Indica também como você está reproduzindo isso na relação com seus filhos, com as pessoas ao seu redor e prejudicando a si próprio.
A única maneira de entrarmos em contato com a ansiedade e compreender nosso sofrimento é nos submetermos ao processo de psicoterapia para tratá-la. Assim através da psicoterapia poderá conseguir aceitar estes sentimentos desconfortáveis e passará a ter a capacidade de lidar com eles.
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Marina S. R. Almeida
Consultora Ed. Inclusiva, Psicóloga Clínica e Escolar
Neuropsicóloga, Psicopedagoga e Pedagoga Especialista
CRP 41029-6
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